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Um avião contorna o pé de jatobá e a nuvem de agrotóxico pousa ...

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da<strong>de</strong> em diferenciar os sintomas que po<strong>de</strong>m ser muito parecidos com os da<br />

intoxicação aguda por <strong>agrotóxico</strong>s.<br />

Segundo o Pólo Regional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sinop, entre janeiro e março, foram<br />

diagnosticados 41 casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue em Lucas do Rio Ver<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sses, apenas<br />

seis foram confirmados. Os outros 35 casos diagnosticados como <strong>de</strong>ngue e não<br />

confirmados não seriam intoxicações agudas por <strong>agrotóxico</strong>s? Quem levanta<br />

a dúvida é o doutor Wan<strong>de</strong>rlei Antônio Pignati, do Departamento <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

Coletiva da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Mato Grosso (UFMT), ao analisar as estatísticas<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do município.<br />

O médico adverte: “A população respirando isso em baixas doses ao<br />

longo do tempo, um ano após outro. Isso <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>de</strong>z, 20 anos vai gerando<br />

uma intoxicação crônica. Essa intoxicação vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o que a gente chama <strong>de</strong><br />

lesões teratogênicas, como anencefalia [fetos sem cérebro], lábio leporino [má<br />

formação dos lábios], até cânceres, que são as neoplasias. Por <strong>de</strong>scuido da medicina,<br />

esses casos <strong>de</strong> cânceres não são relacionados com o uso intensivo <strong>de</strong><br />

<strong>agrotóxico</strong>s.<br />

O doutor Pignati fez uma análise comparativa dos dados sobre casos <strong>de</strong><br />

intoxicação notificados pela saú<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> Lucas <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong> e dos municípios<br />

vizinhos. Segundo ele, municípios que têm uma produção <strong>de</strong> grãos muito<br />

menor do que Lucas, município que é o segundo maior produtor <strong>de</strong> grãos<br />

do Brasil, chegam a apresentar estatísticas 40 a 50 vezes superiores. Pelo raciocínio<br />

do médico da UFMT, quanto maior a produção <strong>de</strong> grãos do município,<br />

maior é o consumo <strong>de</strong> <strong>agrotóxico</strong>s e, pela lógica, maior <strong>de</strong>ve ser a incidência<br />

dos casos <strong>de</strong> intoxicação.<br />

Segundo o especialista, a Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ra que<br />

para cada caso <strong>de</strong> intoxicação aguda notificado, 50 casos <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser informados.<br />

Ele explica: “A gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> que nós, médicos, temos em trabalhar<br />

com pesquisas sobre os efeitos dos <strong>agrotóxico</strong>s é que temos que pesquisar<br />

as causas <strong>de</strong> maneira indireta – ninguém po<strong>de</strong> ministrar doses <strong>de</strong> <strong>agrotóxico</strong>s<br />

na veia das pessoas para ver o que acontece. Por isso, temos que trabalhar com<br />

pesquisas indiretas e para isso é muito importante que haja uma notificação<br />

correta dos casos <strong>de</strong> intoxicação. Se essa notificação não for feita, ou for feita<br />

<strong>de</strong> maneira incorreta, a ciência nunca saberá ao certo por que ocorrem <strong>de</strong>terminados<br />

tipos <strong>de</strong> câncer em uma região e praticamente não ocorrem em outra.<br />

A notificação aqui no estado do Mato Grosso é muito baixa”

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