Um avião contorna o pé de jatobá e a nuvem de agrotóxico pousa ...
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A revolução ver<strong>de</strong> consistiu no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cereais<br />
<strong>de</strong> porte baixo, <strong>de</strong> alta produtivida<strong>de</strong> e com baixa relação entre palha e grãos.<br />
Inicialmente varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trigo e milho, <strong>de</strong>senvolvidas em um programa internacional<br />
conduzido no México, foram introduzidas e cultivadas no Paquistão<br />
e na Índia, em meados da década <strong>de</strong> 60, resultando em notável aumento da<br />
produção <strong>de</strong> cereais, principalmente trigo. Posteriormente, varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arroz,<br />
<strong>de</strong>senvolvidas nas mesmas condições nas Filipinas, incluíram esse importante<br />
cereal na revolução ver<strong>de</strong>. As varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arroz, trigo e outros cereais cultivados<br />
na época, <strong>de</strong> porte alto, acamavam sob doses mais elevadas <strong>de</strong> nitrogênio, o<br />
que era um importante fator limitante do aumento da produtivida<strong>de</strong>. As plantas<br />
<strong>de</strong> porte baixo não acamavam e permitiram a obtenção <strong>de</strong> alta produtivida<strong>de</strong>,<br />
principalmente com doses elevadas <strong>de</strong> nitrogênio na adubação.<br />
Críticas ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> agricultura da revolução ver<strong>de</strong><br />
Passados os anos, a agricultura da revolução ver<strong>de</strong> passou a sofrer críticas,<br />
que continuam nos dias <strong>de</strong> hoje. Tem sido questionada a sustentabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> uma tecnologia baseada em monoculturas, altamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> fertilizantes<br />
e pesticidas, insumos <strong>de</strong> alto custo e com potencial <strong>de</strong> poluição ambiental.<br />
Na realida<strong>de</strong>, essa crítica tem sido estendida à agricultura <strong>de</strong> altos insumos<br />
praticada em todo o mundo, colocada por alguns, em termos genéricos, sob<br />
o “paradigma da revolução ver<strong>de</strong>”. Assim, a discussão que apresentamos não<br />
se refere apenas à concepção mais restrita da revolução ver<strong>de</strong>, a rigor limitada<br />
aos cereais <strong>de</strong> porte baixo, cabendo os mesmos argumentos ao que se chama<br />
<strong>de</strong> agricultura convencional ou mo<strong>de</strong>rna.<br />
Monocultura<br />
A monocultura, em geral sem rotação com outras culturas, realmente é<br />
menos <strong>de</strong>sejável do ponto <strong>de</strong> vista fitossanitário, pela maior vulnerabilida<strong>de</strong> ao<br />
ataque <strong>de</strong> pragas e doenças, aumentando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> pesticidas.<br />
Isso é fato há muito conhecido na agronomia, tanto é assim que um dos pontos<br />
fortes nos trabalhos <strong>de</strong> melhoramento <strong>de</strong> trigo e arroz sempre foi a incorporação<br />
<strong>de</strong> resistência a doenças nas varieda<strong>de</strong>s. Mas o importante é ressaltar que<br />
raramente há alternativas para a monocultura, não só para cereais, mas também<br />
no caso <strong>de</strong> outras culturas. Em diversos lugares na Ásia, é feito o plantio<br />
<strong>de</strong> arroz inundado no verão e <strong>de</strong> trigo no inverno, uma rotação bem menos<br />
apropriada que a nossa <strong>de</strong> trigo e soja, mas que lá é a melhor opção disponível.<br />
O problema é que a maior necessida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> cereais, <strong>de</strong> forma que<br />
as rotações, quando ocorrem, são em pequena escala. Situação similar ocorre<br />
no Meio Oeste dos Estados Unidos, em que as extensas áreas cultivadas com