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Um avião contorna o pé de jatobá e a nuvem de agrotóxico pousa ...

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70<br />

Minhas matérias, às vezes, partiam <strong>de</strong> duzentas, trezentas páginas <strong>de</strong><br />

pesquisa 21 , e o resultado é que reunia informação <strong>de</strong>mais sobre um único assunto.<br />

Depois era selecionar, priorizar e cortar as informações para levar <strong>de</strong> forma<br />

concisa ao cidadão só o imprescindível.<br />

A Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Pauta tinha julgado que o fato ocorrido era suficientemente<br />

relevante para ser abordado no espaço público multimídia 312 da empresa,<br />

composto das três rádios: Nacional AM <strong>de</strong> Brasília; Nacional FM; Nacional<br />

Ondas Curtas da Amazônia; das duas TVs: TV Nacional <strong>de</strong> Brasília e NBr, pela<br />

Radioagência Nacional, pela Agência Brasil e pela Voz do Brasil.<br />

Naquela tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> março, o diretor <strong>de</strong> jornalismo, José Roberto<br />

Garcez, conversou comigo sobre a pauta. Deu algumas dicas e recomendou<br />

que eu pesquisasse a origem dos imigrantes que colonizaram Lucas do Rio<br />

Ver<strong>de</strong>. Ele, como bom gaúcho, conhecia a diáspora <strong>de</strong> seu povo. Disse que famílias<br />

<strong>de</strong> colonos haviam saído do acampamento <strong>de</strong> Encruzilhada Natalino no<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, pelas mãos do Coronel Curió, ainda na época da ditadura<br />

militar, antes <strong>de</strong> se formar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra<br />

(MST). Ressaltou que ao <strong>de</strong>cidir autorizar minha ida a Lucas, a Coor<strong>de</strong>nação<br />

<strong>de</strong> Pauta levou em consi<strong>de</strong>ração dois aspectos: o fato <strong>de</strong> eu produzir a matéria<br />

para todos os veículos da empresa e o enfoque colocado na pauta, que <strong>de</strong>stacava<br />

a importância e a utilida<strong>de</strong> pública do assunto.<br />

Antes <strong>de</strong> começar a trabalhar na matéria que iria ao ar naquele dia, pro-<br />

2 É através da pesquisa que chegamos à raiz dos fatos, que <strong>de</strong>scobrimos os processos a que eles estão ligados.<br />

Temos que nos aprofundar no assunto para enten<strong>de</strong>r toda a sua dimensão no tempo, no espaço e na conjuntura.<br />

Curiosida<strong>de</strong> e jornalismo sempre andam juntos. Além <strong>de</strong> ser curioso, o repórter tem que dominar o assunto para<br />

po<strong>de</strong>r falar <strong>de</strong>le com proprieda<strong>de</strong>. Isso requer certo grau <strong>de</strong> aprofundamento na realida<strong>de</strong> que vamos reportar. Esse<br />

aprofundamento necessariamente leva a um acúmulo <strong>de</strong> informação, matérias extensas e briga com os editores que<br />

têm a função <strong>de</strong> administrar as limitações do espaço disponível a<strong>de</strong>quando o conteúdo à linguagem do veículo.<br />

[Nota do Autor]<br />

3 Fazer jornalismo multimídia, ou seja, para rádio, TV e agência <strong>de</strong> notícias, tem sido outro gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio, não<br />

só para os jornalistas da Radiobrás, mas para o jornalismo em geral. A maioria dos repórteres <strong>de</strong> nossa empresa,<br />

formados pelas escolas <strong>de</strong> jornalismo, têm certa dificulda<strong>de</strong> em trabalhar para os três tipos <strong>de</strong> veículos ao mesmo<br />

tempo. Eles preferem a especialização em um só veículo. Geralmente, a própria estrutura da empresa <strong>de</strong> comunicação,<br />

com suas redações <strong>de</strong>partamentalizadas por veículo, propicia essa especialização. A atual administração ainda<br />

não conseguiu implantar a redação única, com uma pauta única, em parte porque a cultura do repórter resiste a<br />

ela, em parte porque as próprias estruturas <strong>de</strong> captação e processamento da informação não estão adaptadas para<br />

que isso ocorra. Eu particularmente sou favorável à produção multimídia por não consi<strong>de</strong>rar isso uma questão <strong>de</strong><br />

escolha pessoal. A <strong>de</strong>mocratização do acesso à informação passa necessariamente pelo direito do cidadão <strong>de</strong> escolher<br />

a mídia que lhe for mais acessível. Além disso, a crescente digitalização dos meios <strong>de</strong> comunicação está levando<br />

a uma convergência das mídias, na qual um mesmo conteúdo po<strong>de</strong> mais facilmente ser disponibilizado em áudio,<br />

imagem e texto. <strong>Um</strong>a reportagem multimídia requer do repórter percepção <strong>de</strong> imagem e <strong>de</strong> áudio, além, é claro,<br />

da percepção sobre o conteúdo do trabalho. Precisamos saber captar a informação <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa perspectiva visual<br />

e sonora para po<strong>de</strong>rmos dar-lhe sentido na hora da veiculação. Isso feito <strong>de</strong> maneira a<strong>de</strong>quada, ou seja, tendo em<br />

vista as especificida<strong>de</strong>s do conteúdo que queremos transmitir, facilita o trabalho dos editores, que encontrarão imagens<br />

e áudios suficientes para editar as matérias, passando o conteúdo informativo que se <strong>de</strong>seja levar ao público,<br />

conforme estabelecido na pauta. [Nota do Autor]

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