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Futuro, bem-estar, interdependência: palavras-chave para o design contemporâneo<br />
possíveis, mas não apontam rotas definidas dentro da complexidade estabelecida<br />
no âmbito projetual.<br />
O ensino do design ainda se ressente da queda do método racional-funcionalista<br />
como modelo exato e preciso como one best way. E, na atualidade, buscam-se novas<br />
respostas para as perguntas que os jovens estudantes fazem hoje nas faculdades<br />
de design. Claro que essas perguntas e respostas não são mais objetivas e racionais<br />
como previamente praticadas. Suas repostas extrapolam, muitas vezes, o âmbito do<br />
design: podem estar nas disciplinas antropológicas, sociológicas, psicológicas e de<br />
igual forma àquelas relacionadas à estética, neurociências, semiótica, sociologia,<br />
história, psicologia do conhecimento e da percepção, além de tantas outras das<br />
áreas humanistas e sociais que têm mais ou menos aproximação com o design.<br />
Recentemente, fui surpreendido por interessante palestra de um colega em<br />
um congresso internacional de design, realizado na Universidade Degli Studi di<br />
Napoli - Federico II, denominada Science Inspired Design, por meio da qual foram<br />
apresentadas suas experiências em design de superfície aplicadas em animais de<br />
estimação: o cliente poderia escolher um coelho com o desenho do pelo igual ao<br />
de um leopardo, ou um cachorro com pelo de zebra, numa grande demonstração<br />
da amplitude de horizontes da profissão e sua interface com outras áreas do<br />
conhecimento até então inimagináveis.<br />
Muitas das escolas de design pelo mundo afora ainda apresentam dificuldades<br />
em aceitar as mudanças ocorridas nessa disciplina, por ser mais fácil repetir o que<br />
é facilmente repetível e gerir o que for de mais fácil gestão. Os novos estudantes<br />
de design tendem, portanto, a completar suas aprendizagens longe dos bancos<br />
escolares, como em museus de arte contemporânea, nos filmes cult, nas músicas<br />
experimentais, nas viagens para destinos exóticos, e isso não apresenta nenhum<br />
demérito à academia, que deve justamente contar com essa nova realidade<br />
que se prefigura como modelo de autogestão do conhecimento em cenário de<br />
complexidade estabelecido. Não será tarefa fácil, hoje, para nenhuma escola de<br />
design, querer preencher todos os requisitos que se fazem necessários para essa<br />
formação. A nova escola de design deve ser aberta, fluida, dinâmica e indutora,<br />
deixando para trás a pretensão de um único modelo formativo em design, ou seja:<br />
insistir no velho modelo one best way.<br />
Cadernos de Estudos Avançados em Design - design e humanismo - 2013 - p. 35-60<br />
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