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Maria Cecília Loschiavo dos Santos<br />

que obedece [...] O outro jamais é reconhecido como<br />

sujeito, nem como sujeito de direitos, jamais é reconhecido<br />

como subjetividade nem como alteridade. [...] Enfim,<br />

quando a desigualdade é muito marcada, a relação social<br />

assume a forma nua da opressão física e/ou psíquica<br />

(CHAUÍ, 2000, p. 89).<br />

Entre os traços marcantes dessa sociedade autoritária vale ressaltar:<br />

[...] somos uma formação social que desenvolve ações e<br />

imagens com força suficiente para bloquear o trabalho dos<br />

conflitos e das contradições sociais, econômicas e políticas,<br />

uma vez que conflitos e contradições negam a imagem da<br />

boa sociedade indivisa, pacífica e ordeira. Isso não significa<br />

que conflitos e contradições sejam ignorados, e sim que<br />

recebem uma significação precisa: são sinônimo de perigo,<br />

crise, desordem e a eles se oferece como resposta única a<br />

repressão policial e militar, para as camadas populares, e<br />

o desprezo condescendente para os opositores em geral<br />

(CHAUÍ, 2000, p. 89-90).<br />

Refletindo sobre esses elementos estruturantes de nossa sociedade, o designer<br />

Aloísio Magalhães referiu-se aos conflitos culturais, sociais e econômicos em nosso<br />

país em termos das distâncias existentes “entre a pedra lascada e o computador”.<br />

As questões de gênero, a desigualdade, a precariedade, a informalidade, a pobreza<br />

urbana são desafios perenes em nossa sociedade. Quais as consequências desses<br />

fenômenos sobre o design? Qual o legado do design popular/do design espontâneo,<br />

das práticas vernaculares?<br />

Creio ser importante considerar esse tema sob a perspectiva do olhar feminino,<br />

até porque, por longo tempo, os historiadores do design prestaram atenção para a<br />

contribuição masculina para o campo do design. Tratarei do tema a partir da obra<br />

de Lina Bardi, Achillina Adriana Giuseppina Bo Bardi, que nasceu em Roma, Itália,<br />

e em 1946 imigrou para o Brasil. Lina foi reconhecida internacionalmente por seu<br />

trabalho de arquitetura e de design de mobiliário, além de sua obra emblemática,<br />

o Museu de Arte de São Paulo (MASP) – museu suspenso sobre espaço público<br />

na Avenida Paulista. Mas seus interesses também envolvem atividades em teatro,<br />

exposições, filmes, modas, publicações, educação, entre outros.<br />

Lina discutiu as relações entre design, arte e cultura popular trazendo elementos<br />

82<br />

Cadernos de Estudos Avançados em Design - design e humanismo - 2013 - p. 79-86

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