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Flaviano Celaschi, Dijon De Moraes<br />
incrustada em uma aldeia desconhecida; é social enfrentar os problemas de<br />
reconversão industrial dos países industrialmente desenvolvidos, é social desenhar<br />
serviços que substituam a propriedade do produto, é social ocupar-se do design<br />
das mídias: não há nada mais social do que a comunicação, a moda, a dimensão<br />
do cuidado com o corpo e sua ornamentação. São aproximadamente quarenta mil<br />
anos que o homem dedica seus mais preciosos recursos ao cuidado e ornamento<br />
de seu próprio corpo.<br />
O design social é o design e vice-versa. São expedientes contemporâneos<br />
através dos quais desejamos diferenciar esses temas entre si. Todas as energias que<br />
modificam e transformam o artificial têm consequências sobre o social do homem,<br />
também e sobretudo aquelas que não são projetados pelo design. Poderíamos,<br />
então, dizer que chegamos hoje à consciência de que o design é sempre social, mas<br />
nem tudo aquilo que é projetado é determinado com atenção e repercussão sobre<br />
o social. Se analisarmos cuidadosamente todo o artificial projetado pelo homem,<br />
hoje o design trabalha com uma porção irrisória, seja do ponto de vista quantitativo<br />
da escala produtiva, seja do ponto de vista do valor econômico realizado.<br />
O projeto não é o design; o design é uma milionésima parte do projeto. O<br />
design é cada vez mais social; poderíamos então dizer que se o artificial produzido<br />
não é gerenciado em suas consequências sociais, não é design; o projeto é outro<br />
e está muito longe de se colocar, com a mesma sistematicidade, o problema da<br />
repercussão social do seu agir.<br />
Na escolha destas três palavras - FUTURO, BEM-ESTAR E INTERDEPENDÊNCIA -<br />
como palavras que, além de muitas outras, demonstram a profunda coerência entre<br />
o design e o social e, portanto, entre design e ciências humanas, existe a consciência<br />
de que essas três palavras são a síntese e, ao mesmo tempo, a verificação do ser<br />
social do design.<br />
As três palavras são autônomas entre si, mas colocá-las uma ao lado da outra<br />
significa construir um sistema no qual as três não podem mais agir autonomamente:<br />
a melhoria do bem-estar do homem é a razão do design, mas esse bem-estar não<br />
tem uma só dimensão no presente ou no futuro; a projeção do bem-estar do homem,<br />
a longo prazo, é a verificação da sustentabilidade da ação projetual do designer. Ao<br />
mesmo tempo, a interdependência torna social cada ato psicológico feito por si só<br />
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Cadernos de Estudos Avançados em Design - design e humanismo - 2013 - p. 35-60