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Gui Bonsiepe<br />

mantra no âmbito da gestão das empresas, reivindicando a existência de um tipo<br />

particular de competência cognitiva. Não tardou muito para que esse conceito<br />

fosse desmascarado por Donald Norman, que escreveu: “O design thinking é um<br />

termo cunhado pelas relações públicas para um velho conhecido, denominado<br />

pensamento criativo” (NORMAN, 2010).<br />

Concordo com essa crítica, pois o conceito de design thinking é vago, a não ser<br />

que esse termo queira aludir ao enfoque holístico e integral do design, o que também<br />

não é novidade, pois ele sempre serviu para caracterizar o trabalho dos designers.<br />

Se esse enfoque multidimensional encontrasse ressonância e aceitação em outros<br />

campos de conhecimento humano, teríamos um caso alentador para efeito de<br />

irradiação do design para outras áreas. Talvez aí esteja uma das contribuições<br />

possíveis do design para superar a crise atual.<br />

Outra tendência atual do design são as negociações para transformar design em<br />

arte – ou arte em design. Com o termo “design transdisciplinar” (transdisciplinary<br />

design), tenta-se diluir as fronteiras entre arte e design ou tornar mais permeável o<br />

muro que separa design e arte. Ao abrir as portas para produtos da vida quotidiana,<br />

os museus e galerias de arte elevam o status cultural dos objetos de design. Quando<br />

Marcel Duchamp apresentou, em 1917, um mictório, produto anônimo industrial,<br />

para uma exposição de arte em Nova Iorque, provocou uma onda de choque no<br />

mundo da arte. Duchamp não se interessava pelo design e nem tinha a intenção<br />

de diluir a fronteira entre arte e design. Foi muito mais revolucionário. Queria<br />

subverter o conceito da arte, demostrando a arbitrariedade e a convencionalidade<br />

do conceito de arte.<br />

Comparado a isso, as tentativas atuais de revigorar o design associando-o à arte<br />

parecem bastante inócuas. Não consideramos isso como subversão. Ao contrário,<br />

são expressões de um neoconservadorismo que usa gestos radicais para deixar tudo<br />

como está. Essa nova classe – e não tão nova assim – de produtos reclama para<br />

si um status especial como produtos de design-arte. Reveste-se de uma explícita<br />

indiferença, menosprezo e até hostilidade contra o critério da utilidade. Em boa<br />

parte, limita-se a variações “artísticas” de produtos tradicionais, como cadeiras – a<br />

conhecida cadeiramania – mesas, luminárias e acessórios para o habitat pessoal.<br />

O design-arte encontra abrigo nos interesses de curadores que buscam novas<br />

66<br />

Cadernos de Estudos Avançados em Design - design e humanismo - 2013 - p. 61-69

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