08GUIA ORIENTADOR DE BOAS PRÁTICAS PARA A PREVENÇÃODE SINTOMATOLOGIA DEPRESSIVA E COMPORTAMENTOS DA ESFERA SUICIDÁRIAe <strong>de</strong> utentes», a ser entretanto alargado ao «tratamento assertivo»;• a capacitação da socieda<strong>de</strong> civil <strong>para</strong> o setor, tradicionalmente menorizado, consciencializaçãofulcral no combate ao estigma e no acompanhamento esclarecido aoseu <strong>de</strong>senvolvimento.A concretização da calendarização <strong>de</strong>finida no Plano Nacional, na esteira da aplicaçãoda Lei 36/98 (Lei da Saú<strong>de</strong> Mental) e do <strong>de</strong>creto que a regulamenta (35/99, republicadopelo 304/2009), tem por base, <strong>de</strong> modo mais evi<strong>de</strong>nte, a existência <strong>de</strong> 36 Serviços Locais<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental (35 <strong>dos</strong> quais com unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental da infância e Adolescência),a par <strong>de</strong> 11 Equipas Comunitárias <strong>de</strong> hospitais psiquiátricos com funçõesequivalentes àqueles, estruturas que em ambos os mo<strong>de</strong>los têm crescimento asseguradoaté pelo menos ao final da vigência do Plano; simultaneamente importa registar o encerramento<strong>dos</strong> Hospitais <strong>de</strong> Miguel Bombarda (Julho 2011) e do Lorvão e do Centro <strong>de</strong>Recuperação <strong>de</strong> Arnes (Junho 2012).É neste referencial, repete-se, <strong>de</strong> trabalho baseado em equipas multiprofissionais comunitárias,que iniciativas como a agora lançada pela Or<strong>de</strong>m <strong>dos</strong> Enfermeiros têm umaimportância superlativa, nomeadamente por os profissionais <strong>de</strong> Enfermagem serem osmais expressivamente representa<strong>dos</strong> a nível quantitativo também no setor da Saú<strong>de</strong>Mental.A sua ação reveste-se <strong>de</strong> particular ênfase ao consi<strong>de</strong>rar-se o enfermeiro com formaçãoespecífica em Saú<strong>de</strong> mental, pela competência adquirida <strong>para</strong> intervir ao longo do ciclo<strong>de</strong> vida na prevenção e recuperação da pessoa integrada na família e na comunida<strong>de</strong>,mobilizando as dinâmicas <strong>de</strong> cada contexto, através <strong>de</strong> intervenções no âmbito da educação<strong>para</strong> a saú<strong>de</strong> psicoterapêutico e psicossocial.Em particular no que diz respeito à colaboração na <strong>de</strong>teção e monitorização das perturbações<strong>de</strong>pressivas e da sua complicação mais gravosa – a i<strong>de</strong>ação e eventual compulsãosuicidária – os enfermeiros têm um potencial <strong>de</strong> intervenção notável, sobretudo quandoconsubstanciado em evidência científica idónea e internacionalmente consensualizada,como aparece vertido neste guia orientador <strong>de</strong> boas práticas <strong>para</strong> a prevenção <strong>de</strong> sintomatologia<strong>de</strong>pressiva e comportamentos da esfera suicidária.Álvaro Andra<strong>de</strong> <strong>de</strong> CarvalhoDiretor do Programa Nacional <strong>para</strong> a Saú<strong>de</strong> MentalDireção-Geral da Saú<strong>de</strong>
PREFÁCIOA i<strong>de</strong>ação suicida po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada o primeiro marcador <strong>de</strong> risco suicida. Quandopersistente evolui frequentemente <strong>para</strong> comportamentos suicidários com final fatal.(Moreira:2009).A Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> refere-se ao suicídio como entida<strong>de</strong> clínica muitas vezesconsequência da falha <strong>de</strong> diagnóstico e tratamento <strong>de</strong> doenças mentais sérias. Utilizaa <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> <strong>para</strong>-suicídio <strong>para</strong> caraterizar o ato <strong>de</strong> consequências não fatais, no qual apessoa inicia <strong>de</strong>liberadamente um comportamento que lhe causará dano ou ingere umasubstância em excesso face à prescrita ou geralmente reconhecida como farmacologicamenteativa e que é dirigido à obtenção <strong>de</strong> mudanças através das consequências físicasreais ou esperadas pelo próprio (Gil e Saraiva, 2006; Schmidtke, Bille-Brahe, DeLeo, &Kerkhof, 2004).O suicídio encontra-se entre as cinco principais causas <strong>de</strong> morte na faixa etária <strong>dos</strong> 15-19 anos, e se nos cingirmos ao grupo etário <strong>dos</strong> 15-24 anos, correspon<strong>de</strong> à 2.ª causa <strong>de</strong>morte (WHO, 2009). Os adolescentes representam um grupo <strong>de</strong> elevada vulnerabilida<strong>de</strong>em diversos países, nomeadamente em Portugal. Os índices <strong>de</strong> suicídio nos jovenstêm aumentado significativamente, principalmente em países como Austrália, Canadá,Kuwait, Nova Zelândia, Sri Lanka e Reino Unido (Hagedorn e Omar, 2002; WHO, 2001).Até há bem pouco tempo, alguns <strong>dos</strong> fatores <strong>de</strong> risco suicida eram consi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong> comopsicopsicológicos, mas efetivamente os comportamentos suicidários não são atribuíveisa uma simples causa, mas sim como resultado da interação <strong>de</strong> inúmeros fatores. A evidênciacientífica <strong>de</strong>screve-os, citando <strong>para</strong> além <strong>dos</strong> fatores biológicos, os fatores <strong>de</strong><strong>de</strong>pressão, <strong>de</strong>sesperança, isolamento social, relacionamento interpessoal e <strong>de</strong>sempregocomo algumas das causas que, em associação, potenciam e levam ao suicídio. Importapois perceber que os comportamentos autolesivos ocorrem normalmente no <strong>de</strong>curso<strong>de</strong> um acontecimento marcante, em pessoas com vulnerabilida<strong>de</strong> acrescida <strong>para</strong> comportamentossuicidários.Daqui resulta a atenção <strong>para</strong> a elevada importância da i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> sinais <strong>de</strong> alerta,comportamentos <strong>de</strong> risco suicidário e a intervenção eficaz, enquanto tarefa importanteque po<strong>de</strong>rá salvar vidas. Os profissionais da saú<strong>de</strong> mental, os enfermeiros especialistasem saú<strong>de</strong> mental, têm investigado formas diversas <strong>para</strong> prevenir, <strong>para</strong> estarem atentosao suicídio e <strong>de</strong>tetarem precocemente o risco.A publicação apresentada é da responsabilida<strong>de</strong> da Mesa do Colégio da Especialida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Enfermagem <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental e Psiquiátrica da Or<strong>de</strong>m <strong>dos</strong> Enfermeiros, da sua presi<strong>de</strong>nte,Sr.ª Enf.ª Glória Butt, cuja visão e o bom senso acolheu tão interessante e atualtemática, <strong>para</strong> a qual ainda não existia um guia <strong>de</strong> boas práticas.Enten<strong>de</strong>ram os autores <strong>de</strong>ste guia proce<strong>de</strong>r à pesquisa das melhores evidências científicas,cruzando estu<strong>dos</strong> <strong>de</strong> diferentes tipos metodológicos com a evidência obtida poropinião consensual <strong>de</strong> peritos e recomendações das autorida<strong>de</strong>s da saú<strong>de</strong>.O <strong>Guia</strong> <strong>Orientador</strong> <strong>de</strong> <strong>Boas</strong> Práticas que prefacio e que se publica <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> evi-09GUIA ORIENTADOR DE BOAS PRÁTICAS PARA A PREVENÇÃODE SINTOMATOLOGIA DEPRESSIVA E COMPORTAMENTOS DA ESFERA SUICIDÁRIA
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