32GUIA ORIENTADOR DE BOAS PRÁTICAS PARA A PREVENÇÃODE SINTOMATOLOGIA DEPRESSIVA E COMPORTAMENTOS DA ESFERA SUICIDÁRIAQuadro nº 2 – Fatores <strong>de</strong> RiscoPsicopatológicosPessoais· Depressão endógena, esquizofrenia, alcoolismo,toxico<strong>de</strong>pendência e distúrbios <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>;· Mo<strong>de</strong>los suicidários: familiares, pares sociais,histórias <strong>de</strong> ficção e / ou notícias veiculadaspelos media;· Comportamentos suicidários prévios;· Ameaça ou i<strong>de</strong>ação suicida com plano elaborado;· Distúrbios alimentares (bulimia).· Ter entre 15 e 24 anos ou mais <strong>de</strong> 45;· Pertencer ao sexo masculino e raça branca;· Morte do cônjuge ou <strong>de</strong> amigos íntimos;· Escolarida<strong>de</strong> elevada;· Presença <strong>de</strong> doenças <strong>de</strong> prognóstico reservado(HIV, cancro, etc.);· Hospitalizações frequentes, psiquiátricas ou não;· Família atual <strong>de</strong>sagregada: por se<strong>para</strong>ção, divórcioou viuvez.Psicológicos· Ausência <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> vida;· Desesperança contínua e acentuada;· Culpabilida<strong>de</strong> elevada por atos pratica<strong>dos</strong> ouexperiências passadas;· Perdas precoces <strong>de</strong> figuras significantes(pais, irmãos, cônjuge, filhos);· Ausência <strong>de</strong> crenças religiosas.Sociais· Habitar em meio urbano;· Residir em meio rural a sul do Tejo;· Desemprego;· Mudança <strong>de</strong> residência;· Emigração;· Falta <strong>de</strong> apoio familiar e / ou social;· Reforma;· Acesso fácil a agentes letais, tais como armas<strong>de</strong> fogo ou pesticidas;· Estar preso.Fonte: Socieda<strong>de</strong> Portuguesa <strong>de</strong> Suicidologia (2009)Para Botega (2006), um histórico <strong>de</strong> tentativa <strong>de</strong> suicídio ou a presença <strong>de</strong> um transtornomental são os maiores indicadores <strong>de</strong> risco.Para o mesmo autor, apesar <strong>de</strong> o suicídio envolver questões socioculturais, genéticas,psicodinâmicas, filosófico-existenciais e ambientais, na quase totalida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> casos o
transtorno mental é um fator <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> que necessita estar presente <strong>para</strong> queculmine no suicídio do indivíduo, quando somado a outros fatores.Um <strong>dos</strong> grupos <strong>de</strong> maior risco <strong>de</strong> suicídio é o <strong>dos</strong> indivíduos com história <strong>de</strong> tentativas<strong>de</strong> suicídio anteriores (Suominen et al., 2004). Tal risco foi estimado em 100 vezes maiordo que o da população em geral (Owens et al., 2002).Bertolote et al. (2004) realizaram uma revisão sistemática <strong>de</strong> 31 artigos publica<strong>dos</strong> entre1959 e 2001, num total <strong>de</strong> 15.629 casos <strong>de</strong> suicídio em indivíduos com ida<strong>de</strong> acima<strong>de</strong> 10 anos. Foram avalia<strong>dos</strong> quanto à presença <strong>de</strong> doença mental, seja por avaliaçãopsiquiátrica ocorrida antes do suicídio ou pelo método da autópsia psicológica após omesmo. Em 98% <strong>dos</strong> casos <strong>de</strong> suicídio foi atribuído um diagnóstico <strong>de</strong> doença mentalno momento do ato fatal.Segundo Viana et al. (2008), a <strong>de</strong>pressão é o transtorno psiquiátrico presente num maiornúmero <strong>de</strong> doentes em to<strong>dos</strong> os estu<strong>dos</strong> encontra<strong>dos</strong>, sendo que juntamente com otranstorno afetivo bipolar representam cerca <strong>de</strong> 45% a 80% <strong>dos</strong> casos <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>.No mesmo sentido, Abreu et al. (2010) reforçam a importância da <strong>de</strong>pressão, mas acrescentamoutras doenças mentais como ansieda<strong>de</strong>, a impulsivida<strong>de</strong>, outros transtornos <strong>de</strong>humor e os transtornos afetivos que se constituem como fatores <strong>de</strong> risco.O risco <strong>de</strong> suicídio é tanto maior quando se verifica associado ao transtorno <strong>de</strong> humor eao consumo <strong>de</strong> álcool, sendo consi<strong>de</strong>rado a segunda comorbilida<strong>de</strong>.A ida<strong>de</strong> é também consi<strong>de</strong>rada como fator <strong>de</strong> risco <strong>para</strong> o suicídio (Viana et al., 2008).As taxas <strong>para</strong> ambos os sexos são mais altas na meia-ida<strong>de</strong> e na velhice. Os índices <strong>de</strong>pessoas que se suicidam acima <strong>dos</strong> 45 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> mantêm-se mais eleva<strong>dos</strong> do queem pessoas mais jovens. Os i<strong>dos</strong>os tentam o suicídio com menor frequência do queas pessoas jovens, mas fazem-no <strong>de</strong> forma consumada com maior frequência. A ida<strong>de</strong>encontra-se associada a uma maior prevalência <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ação suicida e <strong>de</strong> tentativas <strong>de</strong>suicídio nos estu<strong>dos</strong> <strong>de</strong> Cheng et al. (2009) e Waldrop et al. (2007).Relativamente ao género, o sexo masculino apresenta predomínio (Lifeline Australia etal., 2010; Shain and the Committee on Adolescence, 2007; Kuhlberg et al., 2010) com<strong>para</strong>tivamentecom o sexo feminino e em todas as faixas etárias, observando-se uma relação<strong>de</strong> homem / mulher média <strong>de</strong> 3:1 até 4:1 (Viana et al., 2008).Outro aspeto relevante no risco <strong>de</strong> suicídio é a situação profissional. Referenciado emvários estu<strong>dos</strong>, o <strong>de</strong>semprego assume-se como fator <strong>de</strong> risco modificável (Lifeline Australiaet al., 2010; Viana et al., 2008). Além <strong>dos</strong> <strong>de</strong>semprega<strong>dos</strong>, pessoas em situação<strong>de</strong> emprego instável têm risco aumentado. Simultaneamente, as mudanças na situaçãosocioeconómica mostram-se relacionadas com este tipo <strong>de</strong> condutas.A prevalência <strong>de</strong> suicídio é <strong>de</strong>scrita na literatura científica como maior entre os divorcia<strong>dos</strong>,os solteiros e os viúvos, sendo o risco até duas vezes superior do que entre aspessoas casadas (Viana et al., 2008). Foi constatado em diversos estu<strong>dos</strong> um aumento nonúmero <strong>de</strong> suicídios ocorrido logo após a morte do cônjuge, bem como a outras perdasrecentes, morte <strong>de</strong> entes queri<strong>dos</strong> ou que cometeram suicídio.A baixa autoestima, sentimentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sesperança, solidão, isolamento, experiências <strong>de</strong>33GUIA ORIENTADOR DE BOAS PRÁTICAS PARA A PREVENÇÃODE SINTOMATOLOGIA DEPRESSIVA E COMPORTAMENTOS DA ESFERA SUICIDÁRIA
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