14GUIA ORIENTADOR DE BOAS PRÁTICAS PARA A PREVENÇÃODE SINTOMATOLOGIA DEPRESSIVA E COMPORTAMENTOS DA ESFERA SUICIDÁRIA
0. INTRODUÇÃOOs comportamentos suicidários são um problema <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública. Os da<strong>dos</strong> da OrganizaçãoMundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS) apontam <strong>para</strong> que, anualmente, cerca <strong>de</strong> 1.000.000 <strong>de</strong>pessoas se suici<strong>de</strong>m (WHO, 2009). Estima-se que ocorram cerca <strong>de</strong> 20 comportamentosda esfera suicidária não fatais por cada suicídio consumado. Por cada suicídio, váriaspessoas são atingidas a nível familiar, escolar, laboral e / ou comunitário.Em Portugal há cerca <strong>de</strong> 1.000 suicídios por ano verificando-se um aumento <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano2000. Atualmente a taxa ronda os 10/100.000 habitantes. Tem maior incidência a sul <strong>de</strong>Santarém e caracteriza-se por ser um fenómeno que atinge sobretudo pessoas i<strong>dos</strong>as.Contudo, os comportamentos <strong>para</strong>-suicidários são protagoniza<strong>dos</strong> maioritariamentepor jovens e com uma distribuição uniforme a nível nacional.O suicídio é um fenómeno complexo e multifacetado. Diz respeito a várias disciplinascomo a Psiquiatria, Sociologia, Psicologia, Filosofia e a Antropologia e dificilmente encontramosrespostas satisfatórias numa só disciplina ou área do saber.Encontra-se significativamente associado à doença mental, pelo que nos permite afirmarque existindo um tratamento eficaz da doença mental po<strong>de</strong>mos reduzir o risco <strong>de</strong>suicídio. No entanto, <strong>para</strong> que este tratamento possa ser eficaz é fundamental a i<strong>de</strong>ntificaçãocorreta e atempada das perturbações, bem como a eliminação <strong>de</strong> barreiras <strong>de</strong>acesso aos cuida<strong>dos</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>dos</strong>. Estas barreiras incluem o estigma da doença mental eos escassos conhecimentos da população em geral sobre sintomas da doença mental. Asdificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acesso aos serviços disponíveis e o escasso investimento na formação <strong>de</strong>profissionais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental são outros <strong>dos</strong> fatores que têm contribuído negativamente<strong>para</strong> o enfrentar <strong>de</strong>ste problema.Os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> prevenção têm mostrado ser eficazes em diversas áreas, nomeadamentena formação <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>dos</strong> Cuida<strong>dos</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Primários e na restrição<strong>dos</strong> meios letais. Outros méto<strong>dos</strong>, incluindo a educação pública / comunitária, programas<strong>de</strong> rastreio e formação <strong>dos</strong> media, necessitam <strong>de</strong> mais provas / estu<strong>dos</strong> (Mann et al.,2005), se bem que haja evidência <strong>de</strong> eficácia em <strong>de</strong>termina<strong>dos</strong> contextos.Apesar <strong>de</strong> Portugal não possuir um Plano Nacional <strong>de</strong> Prevenção do Suicídio, <strong>de</strong>finiuesta área como prioritária no Plano Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental 2007-2016, publicado emDiário da República em 2008 (Portugal, 2008) e que <strong>de</strong>fine como um <strong>dos</strong> seus objetivos aelaboração <strong>de</strong> um «programa <strong>de</strong> prevenção nas áreas da <strong>de</strong>pressão e suicídio».Este guia <strong>de</strong> boas práticas é entendido como um recurso <strong>para</strong> o diagnóstico, prescrição,planeamento, execução e avaliação <strong>de</strong> intervenções <strong>de</strong> Enfermagem. Sendo <strong>de</strong> carizprofissional, <strong>para</strong> enfermeiros, incluirá intervenções sobretudo autónomas, mas apelaráao trabalho multidisciplinar e intervenções conjuntas. O alvo são indivíduos com sintomatologia<strong>de</strong>pressiva e / ou i<strong>de</strong>ação suicida. Fruto da evidência produzida, foi possívelelaborar algumas sugestões <strong>de</strong> trabalho que, obviamente, são flexíveis e necessitam <strong>de</strong>adaptações tendo em conta o contexto e os atores. Para todas as recomendações disponibilizamoso nível <strong>de</strong> evidência e a justificação.As estratégias <strong>de</strong> intervenção preconizadas pressupõem uma melhoria da prática e, <strong>para</strong>isso, condições <strong>de</strong> trabalho que permitam o normal <strong>de</strong>senrolar da assistência em Enfermagemao nível da prática clínica, da formação e da investigação.15GUIA ORIENTADOR DE BOAS PRÁTICAS PARA A PREVENÇÃODE SINTOMATOLOGIA DEPRESSIVA E COMPORTAMENTOS DA ESFERA SUICIDÁRIA
- Page 1 and 2: GUIA ORIENTADOR DE BOAS PRÁTICAS P
- Page 3 and 4: GUIA ORIENTADOR DE BOAS PRÁTICAS P
- Page 5 and 6: SUMÁRIOMensagem do Sr. Bastonário
- Page 7 and 8: MENSAGEM DO SR. BASTONÁRIOCaros le
- Page 9 and 10: MENSAGEM DO Diretor do Programa Nac
- Page 11 and 12: PREFÁCIOA ideação suicida pode s
- Page 13 and 14: PREÂMBULOA prevenção da depress
- Page 15: 13GUIA ORIENTADOR DE BOAS PRÁTICAS
- Page 19 and 20: 1. INTERPRETAÇÃO DA EVIDÊNCIANo
- Page 21 and 22: 3. METODOLOGIA DE TRABALHOA constit
- Page 23 and 24: 4. AVALIAÇÃO DO INDIVÍDUO EM RIS
- Page 25 and 26: 5. RECOMENDAÇÕES UNIVERSAIS PARA
- Page 27 and 28: 6. RECOMENDAÇÕES PARA A PRÁTICA
- Page 29 and 30: Relativamente à análise de atitud
- Page 31 and 32: integrar e perceber os contextos, a
- Page 33 and 34: sentimento de «pertença» - no se
- Page 35 and 36: transtorno mental é um fator de vu
- Page 37 and 38: isco acrescido de suicídio está t
- Page 39 and 40: concluir que uma parte importante d
- Page 41 and 42: adolescência e o breve tempo que e
- Page 43 and 44: com comportamentos da esfera suicid
- Page 45 and 46: Na abordagem psicofarmacológica, v
- Page 47 and 48: conter itens que representam espera
- Page 49 and 50: conhecimentos acerca da depressão
- Page 51 and 52: isco já identificado por Santos (2
- Page 53 and 54: do futuro, tomada de decisões).Con
- Page 55 and 56: O perfil do para-suicida na região
- Page 57 and 58: nos jovens há uma elevada incidên
- Page 59 and 60: no passado e o risco de repetir uma
- Page 61 and 62: amorosos são mencionados por inúm
- Page 63 and 64: • Dificuldades e diminuição do
- Page 65 and 66: eferem o estudo de Perkins e Hartle
- Page 67 and 68:
intervenção dirigida aos adolesce
- Page 69 and 70:
tiveram presentes ao longo do tempo
- Page 71 and 72:
7. RECOMENDAÇÕES PARA A FORMAÇÃ
- Page 73 and 74:
8. RECOMENDAÇÕES PARA AS INSTITUI
- Page 75 and 76:
9. RECOMENDAÇÕES PARA A INVESTIGA
- Page 77 and 78:
10. ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO
- Page 79 and 80:
12. INSTRUMENTOS ÚTEIS PARA AVALIA
- Page 81 and 82:
13. GLOSSÁRIO DE TERMOSAVALIAÇÃO
- Page 83 and 84:
expressão de expectativas sobre fu
- Page 85 and 86:
do tónus muscular, comportamento d
- Page 87 and 88:
13.3 - INTERVENÇÕES85TERMOEscutar
- Page 89 and 90:
esponsabilidades dos deveres profis
- Page 91 and 92:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASABREU,
- Page 93 and 94:
development of a measure scale. Rev
- Page 95 and 96:
CRAWFORD, M.; WESSELY, S. (1998) -
- Page 97 and 98:
FORTUNE, S. [et al.] (2008) - Adole
- Page 99 and 100:
KUTCHER, S.; CHEHIL, S. (2007) - Ge
- Page 101 and 102:
ORDAZ, O. [et al.] (2004) - Represe
- Page 103 and 104:
early intervention with suicidal ad
- Page 105 and 106:
SOCIEDADE PORTUGUESA DE SUICIDOLOGI
- Page 107 and 108:
pean monitoring survey of national
- Page 110:
GUIA ORIENTADOR DE BOAS PRÁTICAS P