LENHA NOVA PARA A VELHA FORNALHA – A FEBRE DOS AGROCOMBUSTÍVEISOutros estadosNos estados onde cresce a produção da cana e das florestas artificiais, a áreaplantada com diversas outras culturas também foi reduzida entre as safras 2005/06e 2006/07. Mesmo levando em conta que em alguns casos, como o da soja, a retraçãose deu em função da redução de preços no período anterior, as informações sobrediversos outros produtos indicam estar de fato em curso a substituição de culturasalimentares, principalmente em função do crescimento acelerado da cana-de-açúcar.Os reflexos desta redução da produção sobre os preços se fizeram sentir mais fortementeno primeiro semestre de 2008.Nota-se também que esta substituição se dá com maior intensidade nasregiões Sul e Sudeste, como mostrado no caso de São Paulo. No Paraná, onde houveforte expansão do plantio de cana, e também onde se dá a maior parte da produçãode trigo no Brasil, a redução da área plantada com trigo foi de quase um terço(-31%). No Rio Grande do Sul, a redução foi de 18%. Em Minas Gerais e no EspíritoSanto, a área plantada com feijão reduziu-se em 14,4% e 11,5%, respectivamente,no ano de 2007.Nos estados das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, a redução da áreaplantada com grãos é menos acentuada do que nas regiões Sul e Sudeste. Isto seexplica certamente pela maior disponibilidade de terras nestas regiões, ao contráriodo que se passa em estados do Sul e Sudeste, como Rio Grande do Sul, Paraná,São Paulo e Minas Gerais. E porque, nestes últimos, as áreas disponíveis são maiscaras, o que pode inviabilizar uma série de culturas.O diretor de Logística e Gestão Empresarial da Conab, Sílvio Porto, admitiu,em julho de 2007, ao divulgar o décimo levantamento da safra de grãos 2006/07,que há uma preocupação com a perda de espaço das culturas de milho e soja<strong>para</strong> a cana-de-açúcar nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo eMinas Gerais. 5A questão do gadoSegundo a Confederação Nacional de Agricultura, o rebanho bovino brasileiroera, em 2007, de cerca de 207 milhões de cabeças. As estimativas são de queeste gado ocupava uma área de 220 milhões de hectares. Esta área equivale amais de quatro vezes e meia a área total plantada com grãos no Brasil, em 2007(47,87 milhões de hectares).O governo e as associações de produtores rurais afirmam, constantemente,que a agricultura, em geral, e a cana-de-açúcar, em particular, irão expandir-se sobreáreas de pastagem e terras degradadas. O gado bovino brasileiro, no entanto segue5 Daniel Lima. Avanço do cultivo da cana-de-açúcar preocupa, admite diretor da Conab. Agência Brasil,03/07/07.98
SÍNTESE E CONCLUSÕEScrescendo de modo quase contínuo, fazendo do Brasil o maior exportador mundialde carne bovina, atualmente.O deslocamento da origem da carne brasileira exportada, já mencionado, éapenas o reflexo de outro movimento migratório mais importante, que é a buscade áreas produtivas pela pecuária que dificilmente serão ocupadas pelos grãosou pela cana-de-açúcar, aliada à ramificação dos frigoríficos. Os pecuaristas estãoindo <strong>para</strong> regiões onde a terra é mais barata e a cana-de-açúcar, assim como osgrãos, ainda não chegaram, já que estas culturas possuem uma rentabilidadesuperior à da pecuária. 6TABELA 2Brasil: rebanho bovino por região – 1995 e 2005Cabeças1995 2005 Variação %Brasil 161.227.938 207.156.696 28,5Norte 19.183.092 41.489.002 116,3Centro-Oeste 55.061.299 71.984.504 30,7Sudeste 37.168.199 38.943.898 4,8Sul 26.641.412 27.770.006 4,2Nordeste 23.173.936 26.969.286 3,4Fonte: IBGEImpactos ambientaisA expansão das monoculturas associadas à produção de agrocombustíveis, em<strong>para</strong>lelo à do gado bovino, vem provocando a destruição de biomas, especialmenteda Floresta Amazônica, do Pantanal e do Cerrado. A degradação de áreas já utilizadaspela atividade agropecuária é também fator de preocupação, à medida queo crescimento do conjunto das atividades termina por impulsionar a ocupação deáreas adicionais.No capítulo relativo à cana-de-açúcar, mencionamos a iniciativa do governofederal no sentido de realizar estudos <strong>para</strong> promover um zoneamento econômicoecológicoque restrinja as áreas destinadas à expansão do seu cultivo. Quanto à sojae às florestas plantadas, no entanto, nada se pode dizer. Os pronunciamentos oficiaisnão deixam claro se o zoneamento incluirá o conjunto das atividades agropecuáriasou somente a cana-de-açúcar, que ocupa no momento o centro das atenções.Em julho de 2007, foram iniciadas as atividades do projeto “Avaliação dosimpactos ambientais, econômicos e sociais dos sistemas de produção de bovinosde corte no Cerrado, na Amazônia e no Pantanal”, coordenado pela Embrapa6 SP perde participação na exportação <strong>para</strong> regiões CO e NO. www.carloscogo.br. Acessado em 25/11/07.99
- Page 1:
SERGIO SCHLESINGER
- Page 4 and 5:
Lenha nova para a velha fornalhaA f
- Page 7 and 8:
INTRODUÇÃOO esgotamento das reser
- Page 9 and 10:
INTRODUÇÃOo Brasil como o grande
- Page 11 and 12:
1CANA-DE-AÇÚCARTradicionalmente u
- Page 13 and 14:
CANA-DE-AÇÚCARtoneladas, com cres
- Page 15 and 16:
CANA-DE-AÇÚCARNa safra brasileira
- Page 17 and 18:
CANA-DE-AÇÚCARvariar entre 20% e
- Page 19 and 20:
CANA-DE-AÇÚCARA medida reduziria
- Page 21 and 22:
CANA-DE-AÇÚCARExportaçõesAs exp
- Page 23 and 24:
CANA-DE-AÇÚCARFIGURA 1Novas Usina
- Page 25 and 26:
CANA-DE-AÇÚCARcarros com motores
- Page 27 and 28:
CANA-DE-AÇÚCARprocessamento de 90
- Page 29 and 30:
CANA-DE-AÇÚCARgrupos internaciona
- Page 31 and 32:
CANA-DE-AÇÚCARpara todo o process
- Page 33 and 34:
CANA-DE-AÇÚCARmesmo período. A e
- Page 35 and 36:
CANA-DE-AÇÚCAREm Pernambuco, segu
- Page 37 and 38:
CANA-DE-AÇÚCARSegundo o historiad
- Page 39 and 40:
2SOJA E BIODIESELA FASE produziu em
- Page 41 and 42:
SOJA E BIODIESELExportaçõesO volu
- Page 43 and 44:
SOJA E BIODIESELQuanto aos preços
- Page 45 and 46:
SOJA E BIODIESELSegundo Marcelo Dua
- Page 47 and 48:
SOJA E BIODIESELTABELA 4Tributacão
- Page 49 and 50: SOJA E BIODIESELPara Aluísio Sabin
- Page 51 and 52: SOJA E BIODIESELO destaque produtiv
- Page 53 and 54: SOJA E BIODIESELFIGURA 1Novas usina
- Page 55 and 56: SOJA E BIODIESELoleaginosa, o poten
- Page 57 and 58: SOJA E BIODIESELo meio ambiente, fa
- Page 59 and 60: SOJA E BIODIESELFrei Sérgio Antôn
- Page 61 and 62: SOJA E BIODIESELpleno funcionamento
- Page 63 and 64: 3PAPEL, CELULOSE ECARVÃO VEGETALN
- Page 65 and 66: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALEn
- Page 67 and 68: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALOs
- Page 69 and 70: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALA
- Page 71 and 72: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALTA
- Page 73 and 74: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETAL
- Page 75 and 76: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALOs
- Page 77 and 78: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALTA
- Page 79 and 80: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALEs
- Page 81 and 82: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALco
- Page 83 and 84: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALAg
- Page 85 and 86: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETAL
- Page 87 and 88: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALel
- Page 89 and 90: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALDa
- Page 91 and 92: 4SÍNTESE ECONCLUSÕESA produção
- Page 93 and 94: SÍNTESE E CONCLUSÕESexpansão. Os
- Page 95 and 96: SÍNTESE E CONCLUSÕESEsta tendênc
- Page 97 and 98: SÍNTESE E CONCLUSÕESSubstituiçã
- Page 99: SÍNTESE E CONCLUSÕES• O café t
- Page 103 and 104: SÍNTESE E CONCLUSÕESentre 1970 e
- Page 105 and 106: SÍNTESE E CONCLUSÕESprodução de
- Page 107 and 108: SÍNTESE E CONCLUSÕESO que fazer?A
- Page 109: SIGLASAIA - Avaliação do Impacto