LENHA NOVA PARA A VELHA FORNALHA – A FEBRE DOS AGROCOMBUSTÍVEISconseqüências danosas ao meio ambiente, dentre as quais destacamos: contaminaçãodas águas e do solo por agrotóxicos e herbicidas, compactação dos solos pelamotomecanização pesada, destruição de áreas com vegetação nativa, contaminaçãode nascentes e rios, poluição da atmosfera pela queima de canaviais edestruição da biodiversidade.Como descrevem Laschefski e Assis (2006), as queimadas em canaviais, quese dão em aproximadamente 80% das áreas plantadas, representam o problemaambiental mais visível do setor sucroalcooleiro nacional. Estas queimadas visam facilitaro corte manual, reduzir custos de transporte e compensar perdas de até 20% nasafra. As emissões de gases de efeito estufa daí decorrentes (dióxido e monóxido decarbono, metano, entre outros) em associação com elementos particulados eaerossóis, exercem grande pressão sobre o clima e podem contaminar regiões distantesdas áreas de cultivo. Em conseqüência, as queimadas nos canaviais, além derepresentarem grave impacto ambiental, estão ocasionando problemas de saúde napopulação residente nos municípios circunvizinhos às regiões canavieiras.Impactos sobre a agricultura familiarA valorização das terras no Brasil e, em especial, nas principais áreas de expansãoda cana-de-açúcar, já está ocasionando o deslocamento não só de atividadesagrícolas e pecuárias de grande porte, mas também daquelas desenvolvidas pelaagricultura familiar.Conforme Benedito Rosa 26 , “isso pode impactar a produção de uma área de250 mil hectares no Triângulo Mineiro, sul do Maranhão, sudeste do Piauí, nortede Tocantins e nordeste do Pará”, diz. De acordo com ele, Goiás poderá passarde 300 mil <strong>para</strong> 800 mil hectares de cana. “Hoje, a área de cana já correspondea 160% da área de milho em Goiás”. Em São Paulo, a diferença chega a 300%.“No interior paulista, o hectare de terra que custava R$ 4,7 mil em 2001 passou avaler R$ 10,2 mil”, em 2007, diz.A febre da produção de etanol da cana-de-açúcar é apontada como a principalresponsável pela expressiva valorização das terras que ocorreu, sobretudo em 2007,em diversas regiões do País. O jornal O Globo 27 informa que, de julho de 2006 ajunho de 2007, a valorização média das terras do Brasil foi de 11,64%. As regiõesque tiveram maior valorização foram justamente aquelas em que a expansão dacana-de-açúcar vem ocorrendo com maior intensidade: Sudeste (17%), Centro-Oeste (12,2%) e Sul (11,64%).Em Araraquara, interior paulista, o plantio de grãos e a criação de gadovão sendo substituídos pela cana, fazendo o preço da terra subir 70%, neste26 Ipea vê exagero no apetite por etanol e recomenda foco no mercado doméstico. Valor Econômico, 08/06/07.27 Aguinaldo Novo. Produção de etanol faz preço da terra ter valorização histórica no Brasil. O Globo, 07/06/07.30
CANA-DE-AÇÚCARmesmo período. A expansão da área plantada com cana em São Paulo, com aconseqüente valorização das terras, pressiona as demais lavouras e áreas de pastagens<strong>para</strong> <strong>nova</strong>s fronteiras. Segundo o IEA-SP (Instituto de Economia Agrícola),este crescimento foi de 54%, somente entre 2002 e 2008. 28 As regiões preferenciaissão o Triângulo Mineiro, o sul de Goiás e o leste do Mato Grosso do Sul.Além delas, apresentam-se como áreas de grande expansão o Paraná, Tocantins,Maranhão, Pará e Bahia.O espaço que a cana-de-açúcar ocupa na região de Araraquara dobrou entre2001 e 2007, chegando a algo em torno de 480 mil hectares, entre áreas <strong>nova</strong>se em produção, segundo levantamento preliminar feito pelo Escritório de DesenvolvimentoRegional (EDR) Agrícola de Araraquara, da Secretaria da Agricultura doEstado de São Paulo.Muitas culturas típicas da região, como laranja e café, além da pecuária, cederamespaço <strong>para</strong> a cana. Alguns reflexos deste avanço rápido e contínuo já são sentidosno varejo. É o caso do preço do leite, que subiu cerca de 50% até meados de 2007,somente naquele ano. O consumidor já está pagando mais caro também por outrosalimentos básicos, como arroz, feijão e milho. “A elevação do preço do leite ocorreporque está faltando pasto no Estado. Onde tinha vaca hoje tem um mar de cana eisso acontecerá também com outras culturas”, avalia Paulo Cavasin, do EDR. 29O avanço do plantio da cana-de-açúcar em São Paulo vem provocando tambémo aumento da concentração da produção nas mãos de usinas e grandes fornecedores,e eliminando pequenos produtores. Segundo estudo promovido por PedroRamos, professor e pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),apenas 25% da cana moída pelas usinas é, hoje, proveniente de fornecedores independentes.Os demais 75% são produzidos pelas próprias usinas. 30No conjunto dos produtores independentes, os pequenos também perderamespaço. Na safra 1995/96, 27,6% dos fornecedores de cana às usinas produziam até4.000 toneladas. Na safra 2005/06, este percentual recuou 18%. Já os fornecedorescom volume superior a 10 mil toneladas tiveram sua participação aumentada de53,2% <strong>para</strong> 64,9%, no mesmo período. O que se pode prever também é que acrescente mecanização vai acelerar ainda mais este processo de concentração.Com os anúncios de investimentos em <strong>nova</strong>s usinas em todo o País, cerca de90 projetos, os plantadores de cana estão migrando de suas regiões de origem <strong>para</strong>acompanhar a expansão das usinas, de acordo com Manoel Ortolan, presidente da28 Área agrícola ocupada pela cana-de-açúcar no Estado de São Paulo cresceu 54% desde 2002 e expansãoainda continua em SP. Folha de São Paulo, 01/06/08.29 Fernanda Manécolo. Área de plantação de cana duplicou nos últimos sete anos. Tribuna Impressade Araraquara, 16/07/07.30 Mauro Zafalon. Pressionado a produzir mais, trabalhador atua cerca de 12 anos, como na épocada escravidão. Folha de São Paulo, 01/05/07.31
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