LENHA NOVA PARA A VELHA FORNALHA – A FEBRE DOS AGROCOMBUSTÍVEISA maior parte destas emissões tem origem justamente no fato de que aprodução se dá em regime de monocultura, requerendo utilização intensiva defertilizantes químicos, herbicidas e outros agrotóxicos. Devido a isto, ocorre a emissãodo dióxido de nitrogênio (NO2), que é cerca de 300 vezes mais danoso do que oCO2, em termos de aquecimento global. Por essas razões, o estudo aponta que, daforma que vem sendo realizada a produção destes novos combustíveis, atualmente,o resultado final é altamente negativo. E sugere que se busquem plantas que nãorequeiram uso tão intensivo de agrotóxicos, bem como mudanças nos métodos decultivo hoje empregados.Assim, a expansão dos monocultivos de agrocombustíveis sobre áreas degradadas,ou atualmente utilizadas <strong>para</strong> pastagem, também não parece ser uma soluçãoinofensiva ou adequada <strong>para</strong> o combate ao aquecimento global. Além de contaminante,este sistema contribui <strong>para</strong> agravar uma série de problemas sociais, comodescrito ao longo deste texto.Quem ganha?Os modelos produtivos baseados na monocultura e na produção integrada trazembenefícios <strong>para</strong> poucos: grandes latifundiários, alimentados por um processode concentração da propriedade da terra e financiados com recursos públicos;grandes empresas nacionais e transnacionais de alimentos e de energia, além docapital estrangeiro, produtivo e especulativo, que começa a investir pesadamentena produção dos agrocombustíveis. Neste modelo, como no da produção e distribuiçãodo petróleo, a renda é especialmente concentrada em um pequeno númerode beneficiários.No curto prazo, as contas governamentais relativas ao balanço de pagamentospodem apresentar números positivos, como resultado da exportação crescente dosnovos combustíveis. Em prazo mais longo, no entanto, tudo leva a crer que o Brasilnão poderá seguir pagando a importação de bens cada vez mais sofisticados, quehoje integram sua pauta de importações, com as receitas de produtos primários: asanálises da pauta de exportações do Brasil demonstram que estes produtos vêmassumindo participação crescente. Segundo Edgard Pereira, economista-chefe doIedi (Instituto de Estudos <strong>para</strong> o Desenvolvimento Industrial), metade do valor adicionado(a riqueza gerada) pela indústria já depende hoje de setores que têm por baserecursos naturais. 13 Com isto, até mesmo a sustentabilidade das contas do setorexterno brasileiro se encontra ameaçada.13 Fernando Canzian. Economistas alertam <strong>para</strong> desindustrialização. Folha de São Paulo, 19/09/07.104
SÍNTESE E CONCLUSÕESO que fazer?A produção de agrocombustíveis pela agricultura familiar, em um modelo no qualos agricultores possam ir além do plantio, participando da elaboração do combustível,parece ser hoje a melhor alternativa <strong>para</strong> a produção de combustíveis vegetais, emtermos sociais e ambientais. É preciso considerar, no entanto, que o volume decombustíveis necessário <strong>para</strong> a substituição de todos os derivados do petróleoatualmente consumidos teria, ainda, um impacto extraordinário sobre os recursosnaturais, como água e solos.É de se esperar que a tecnologia, através de aumentos de produtividade ei<strong>nova</strong>ções que incluam a utilização de <strong>nova</strong>s fontes de obtenção de energia, possaapontar soluções que reduzam a atual pressão sobre os recursos naturais. Por outrolado, e enquanto estas soluções não vêm, é necessário introduzir novos padrões deconsumo. Este debate não encontra muitos adeptos, já que contraria a lógicaeconômica vigente, em que é imperativo o crescimento ilimitado da produção edo consumo, independentemente dos benefícios ou prejuízos causados ao públicoconsumidor, ou da capacidade da Terra de suportar tais padrões de consumo.105
- Page 1:
SERGIO SCHLESINGER
- Page 4 and 5:
Lenha nova para a velha fornalhaA f
- Page 7 and 8:
INTRODUÇÃOO esgotamento das reser
- Page 9 and 10:
INTRODUÇÃOo Brasil como o grande
- Page 11 and 12:
1CANA-DE-AÇÚCARTradicionalmente u
- Page 13 and 14:
CANA-DE-AÇÚCARtoneladas, com cres
- Page 15 and 16:
CANA-DE-AÇÚCARNa safra brasileira
- Page 17 and 18:
CANA-DE-AÇÚCARvariar entre 20% e
- Page 19 and 20:
CANA-DE-AÇÚCARA medida reduziria
- Page 21 and 22:
CANA-DE-AÇÚCARExportaçõesAs exp
- Page 23 and 24:
CANA-DE-AÇÚCARFIGURA 1Novas Usina
- Page 25 and 26:
CANA-DE-AÇÚCARcarros com motores
- Page 27 and 28:
CANA-DE-AÇÚCARprocessamento de 90
- Page 29 and 30:
CANA-DE-AÇÚCARgrupos internaciona
- Page 31 and 32:
CANA-DE-AÇÚCARpara todo o process
- Page 33 and 34:
CANA-DE-AÇÚCARmesmo período. A e
- Page 35 and 36:
CANA-DE-AÇÚCAREm Pernambuco, segu
- Page 37 and 38:
CANA-DE-AÇÚCARSegundo o historiad
- Page 39 and 40:
2SOJA E BIODIESELA FASE produziu em
- Page 41 and 42:
SOJA E BIODIESELExportaçõesO volu
- Page 43 and 44:
SOJA E BIODIESELQuanto aos preços
- Page 45 and 46:
SOJA E BIODIESELSegundo Marcelo Dua
- Page 47 and 48:
SOJA E BIODIESELTABELA 4Tributacão
- Page 49 and 50:
SOJA E BIODIESELPara Aluísio Sabin
- Page 51 and 52:
SOJA E BIODIESELO destaque produtiv
- Page 53 and 54:
SOJA E BIODIESELFIGURA 1Novas usina
- Page 55 and 56: SOJA E BIODIESELoleaginosa, o poten
- Page 57 and 58: SOJA E BIODIESELo meio ambiente, fa
- Page 59 and 60: SOJA E BIODIESELFrei Sérgio Antôn
- Page 61 and 62: SOJA E BIODIESELpleno funcionamento
- Page 63 and 64: 3PAPEL, CELULOSE ECARVÃO VEGETALN
- Page 65 and 66: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALEn
- Page 67 and 68: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALOs
- Page 69 and 70: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALA
- Page 71 and 72: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALTA
- Page 73 and 74: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETAL
- Page 75 and 76: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALOs
- Page 77 and 78: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALTA
- Page 79 and 80: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALEs
- Page 81 and 82: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALco
- Page 83 and 84: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALAg
- Page 85 and 86: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETAL
- Page 87 and 88: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALel
- Page 89 and 90: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALDa
- Page 91 and 92: 4SÍNTESE ECONCLUSÕESA produção
- Page 93 and 94: SÍNTESE E CONCLUSÕESexpansão. Os
- Page 95 and 96: SÍNTESE E CONCLUSÕESEsta tendênc
- Page 97 and 98: SÍNTESE E CONCLUSÕESSubstituiçã
- Page 99 and 100: SÍNTESE E CONCLUSÕES• O café t
- Page 101 and 102: SÍNTESE E CONCLUSÕEScrescendo de
- Page 103 and 104: SÍNTESE E CONCLUSÕESentre 1970 e
- Page 105: SÍNTESE E CONCLUSÕESprodução de
- Page 109: SIGLASAIA - Avaliação do Impacto