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Lenha nova para a velha fornalha

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LENHA NOVA PARA A VELHA FORNALHA – A FEBRE DOS AGROCOMBUSTÍVEISOs conflitos no Espírito SantoA monocultura do eucalipto no estado do Espírito Santo teve seu início na segundametade dos anos 1960. Como mostram Daniela Meirelles e Marcelo Calazans (2006),grande parte do cultivo se fez sobre terras pertencentes à União e áreas comunais,tradicionalmente ocupadas por camponeses, indígenas e quilombolas, a maiorparte sem registro formal de propriedade. Destaca-se, no estado, a presença daAracruz Celulose, cuja sede está localizada a 70 km de sua capital, Vitória.Atualmente, a empresa é a maior produtora mundial de celulose branqueadade eucalipto, com capacidade <strong>para</strong> produzir 3 milhões de toneladas anuais, distribuídaspelas suas unidades de Barra do Riacho (ES) e Guaíba (RS). Um terceiro complexofabril – a Veracel Celulose – opera no município de Eunápolis, no sul da Bahia,em parceria com a Stora Enso (cada uma com 50% do controle acionário).A Aracruz opera, também no Espírito Santo, um porto privativo especializado,Portocel, através do qual quase toda a produção da empresa é exportada. Desenvolveoperações de plantio nos estados do Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais e RioGrande do Sul, com aproximadamente 279 mil hectares de plantios de eucalipto.Seus maiores acionistas são a Votorantim, a norueguesa Lorentzen, o Grupo Safra(com 28% cada um) e o BNDES, com 12,5%.Em nota distribuída em agosto de 2007, durante o Congresso NacionalExtraordinário dos Jornalistas, o Sindicato dos Jornalistas narra que quilombolas eindígenas estão lutando <strong>para</strong> retomar terras que a Aracruz Celulose tomou à força,ou comprou a preços vis, em plena ditadura militar, há 40 anos. Dos quilombolas, aempresa tomou a maior parte dos 50 mil hectares que lhes pertenciam. Dos índios,a Aracruz tomou 40 mil hectares, dos quais o governo federal reconhece que 18.070hectares são terras indígenas. A Aracruz também tomou terras dos pequenos agricultores,além de destruir 50 mil hectares da Mata Atlântica. 20Segundo levantamento da procuradoria da Funai (Fundação Nacional doÍndio), nas décadas de 1950 e 1960 o governo do Espírito Santo expropriou asterras que eram ocupadas tradicionalmente pelos povos indígenas. A área foirepassada anos mais tarde à Aracruz, dando início ao plantio de eucaliptos. 21Edelvira Tureta, chefe do posto indígena da Funai no município de CaieirasVelhas, conta que havia núcleos familiares tupiniquins espalhados por toda aextensão da terra agora em poder da Aracruz Celulose. De acordo com dados doConselho Indigenista Missionário (CIMI), existiam ao menos 37 aldeamentostupiniquins na região durante as primeiras quatro décadas do século 20. De todos20 Ubervalter Coimbra. Jornalistas repudiam manipulação da notícia em favor da Aracruz. Século Diário,06/08/07.21 FUNAI diz que Aracruz invadiu área indígena. Gazeta do Povo, 28/08/06.84

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