LENHA NOVA PARA A VELHA FORNALHA – A FEBRE DOS AGROCOMBUSTÍVEISCom isto, as empresas de processamento têm suas margens de lucro reduzidasou mesmo anuladas. Segundo Tom Waslander, sócio da Brasilpar, com o preço dobiodiesel próximo aos níveis praticados nos leilões, e o custo de óleo de soja a US$500/tonelada, o retorno anual é superior a 25%, o que é muito atrativo e explica ogrande interesse do setor pelo Programa. Entretanto, mantido o preço do biodiesel,mas comprando óleo de soja a US$ 600/tonelada, a rentabilidade do projeto ficapróxima de zero.Estas contas, certamente, contribuem <strong>para</strong> explicar o fato de que, até o mês demarço de 2007, a Soyminas, de Minas Gerais – o primeiro produtor de biodiesel autorizadodo país –, dois anos após sua inauguração, não havia cumprido um só contratode fornecimento. Em 2008, a Soyminas interrompeu a produção de sua planta, localizadaem Cássia (MG). A unidade operava com girassol, nabo forrageiro e soja.A empresa anunciou também que deve voltar-se <strong>para</strong> o mercado externo. “Temosmuitos interessados em comprar biodiesel no exterior e o preço que pagam é muitomelhor”, diz Valter Egídio, presidente do conselho de administração da companhia.A demanda é grande na Europa, mas tem crescido fortemente também o interessedo Japão pelo combustível, segundo ele. “Pretendemos participar dos próximos leilões,mas o foco vai ser fechar o melhor contrato”. 17Culturas alternativasA elevação do preço do óleo de soja na Bolsa de Chicago faz com que alguns setoresdo governo acreditem que, em médio prazo, outras culturas poderão substituir,gradativamente, o óleo de soja <strong>para</strong> a produção do biodiesel. O Ministério do DesenvolvimentoAgrário estima que a participação da soja no mercado, hoje de 90%, seráde 60% no final de 2008. A mamona virá em seguida, com 25%, e o restante estarádividido entre girassol, dendê e sebo bovino. “A instabilidade da soja está empurrandoos produtores <strong>para</strong> outras culturas”, segundo Arnoldo Campos, CoordenadorGeral de Agregação de Valor e Renda do MDA. 18Algumas alternativas, como a mamona e o pinhão manso, estão recebendogrande atenção do MDA. Em médio e longo prazos, estas culturas alternativas podemser até mais vantajosas que a soja, já que apresentam um maior rendimento de óleopor hectare cultivado, são mais adequadas à agricultura familiar e não competemcom aplicações <strong>para</strong> consumo humano.De toda forma, sejam quais forem as oleaginosas eleitas, o gargalo não seacha na produção. Mesmo que o Brasil dependesse só da soja, ainda haveria certoconforto. Considerando que o país produz 56 milhões de toneladas/ano dessa17 Patrick Cruz e Mônica Scaramuzzo. Sem estímulo, produtores de biodiesel <strong>para</strong>m as máquinas.www.biodiesel.com.br, 27/02/08.18 Biodiesel: esse negócio vai emplacar? Disponível em www.biodiesel.com.br, 02/07/07.52
SOJA E BIODIESELoleaginosa, o potencial de óleo vegetal seria de cerca de 11 milhões de toneladas/ano. O volume é cerca de oito vezes a necessidade de biodiesel em 2008. Isso semcontar o sebo bovino produzido no País, que, pelas contas do governo, poderiacobrir sozinho essa meta.As propostas do empresariado da soja<strong>para</strong> o biodieselAs empresas de processamento e comercialização da soja, através da Abiove 19 ,defendem a ampla utilização da soja na implementação do Programa Nacional doBiodiesel, argumentando que este responde por cerca de 90% da produção brasileirade óleos vegetais. Afirmam, ao mesmo tempo, que, gradativamente, o óleode soja poderia ser substituído pelo de outras oleaginosas com maior teor de óleo eprodutividade por hectare.São apresentadas (Abiove, 2007) duas possibilidades de utilização do óleo desoja no programa, sem que seja necessário o aumento da área plantada. A primeiradelas é redirecionar parte das exportações de soja em grão <strong>para</strong> o processamentodoméstico, gerando volume adicional de óleo de soja <strong>para</strong> o biodiesel e exportandoo farelo de soja, ao invés da soja em grãos. Apresenta como vantagens desta opção:a redução da capacidade ociosa da indústria processadora, manutenção do ingressode divisas, maior agregação de valor e geração de empregos. A segunda possibilidadeseria o redirecionamento de parte do volume exportado de óleo de soja <strong>para</strong>a produção do biodiesel.As indústrias de esmagamento de óleos vegetais, como se pode ver, têm grandeinteresse no Programa Nacional do Biodiesel. Em outra publicação da entidade,pode-se constatar que sua capacidade ociosa em 2005 era de cerca de 10 milhõesde toneladas, o equivalente a cerca de um quarto de sua capacidade total (Abiove,2006). Por conta deste interesse, as empresas filiadas à Abiove vêm pressionando ogoverno a adotar um pacote de medidas fiscais que viabilizem suas aspirações.O lobby da indústria da sojaEm maio de 2007, o Jornal do Comércio 20 informava que a indústria de processamentode soja estava negociando com o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, umpacote tributário destinado a modificar a taxação sobre as exportações do produto,bem como a sistemática de compensação de impostos, além de reduzir a alíquotado imposto incidente sobre o biodiesel da soja.19 A Abiove – Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais – reúne onze grandes empresasdo segmento, responsáveis, em 2006, por mais de 70% do volume de processamento da soja no Brasil.Dentre as maiores empresas do setor, somente a Caramuru Alimentos não é associada à ABIOVE.20 Indústria da soja negocia pacote tributário. Jornal do Comércio, 03/05/07.53
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