LENHA NOVA PARA A VELHA FORNALHA – A FEBRE DOS AGROCOMBUSTÍVEISPalmeira das Missões, a cooperativa envolve cerca de 25 mil famílias de 62 municípiosda região noroeste do estado. Sua capacidade de produção deve alcançar400 mil litros de combustível por dia. 22Para Romário Rossetto, presidente da cooperativa, a saída <strong>para</strong> o biodiesel sãoos multióleos, e não a soja. A Cooperbio prioriza o uso de matérias-primas como amamona, o pinhão-manso e o girassol. Além de serem naturais e seus plantios nãodegradarem o meio ambiente, pois não são monoculturas e estão livres de agrotóxicos,elas fornecem mais óleo do que a soja. Do esmagamento da soja se obtém apenas18% de óleo, enquanto que da mamona, por exemplo, se obtém mais de 50%. 23Outro diferencial da Cooperbio apontado por Rossetto é que o projeto consisteem produzir energia e alimento, fazendo com que o agricultor participe de toda acadeia produtiva e da venda. “Nós estamos trabalhando aqui a idéia de energia ealimentos, no caso do álcool e do biodiesel. Trabalhar, inclusive, o álcool com aprodução de leite. Por exemplo, você pode tratar o bagaço da cana, aumentandoa produtividade do leite. Então perfeitamente dá <strong>para</strong> trabalhar a produção deenergia com alimento”, afirma.Para Rossetto, muitas empresas de agrocombustíveis estão sendo criadasapenas <strong>para</strong> estimular a monocultura de soja do agronegócio. “O capital imobilizadodo agronegócio está todo voltado pra soja. Então eles estão tentando salvarseus investimentos”, argumenta. 24Como mencionam Abramovay e Magalhãess (2007), a possibilidade de ofereceraos agricultores familiares <strong>nova</strong>s oportunidades de acesso a mercados, bem comoas inéditas possibilidades de fortalecimento político do sindicalismo rural, são asduas hipóteses que explicam o engajamento de sindicatos, principalmente aquelesfiliados à CONTAG, no programa.Nos movimentos sociais rurais existem, porém, fortes oposições. Para estes,é inaceitável o atual modelo de relacionamento com as empresas processadoras.Reivindicam, além de mudanças nesta sistemática, que o governo garanta as condições<strong>para</strong> que os agricultores familiares desenvolvam produção e industrializaçãopróprias. Estes segmentos dos movimentos sociais, da mesma forma, vêm exercendoforte contestação ao selo combustível social. A Fetraf, o MST e o MPA rejeitam omodelo que estimula a integração entre agricultores familiares e grandes empresasprivadas. Em 2007, em Curitiba, A Fetraf e o Sindipetro (Sindicato dos Trabalhadoresda Petrobrás) lançaram um manifesto contra o selo. (Abramovay e Magalhães, 2007)22 Suzane Durães. MPA lança primeira cooperativa de biodiesel no País. Abril de 2005.www.mpabrasil.org.br.23 É importante assinalar que, ao contrário do bagaço da mamona, o da soja tem elevado valor comercial,por ser utilizado como ração animal.24 Raquel Casiraghi. Biodiesel não depende da soja, diz agricultor. Agência Chasque, agosto de 2006.www.mpabrasil.org.br.56
SOJA E BIODIESELFrei Sérgio Antônio Görgen, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)propõe que as cooperativas fiquem responsáveis por outros estágios da cadeiaprodutiva e desenvolvam parcerias com empresas públicas. Apesar das críticas, eleconsidera que “está melhorando” o cenário <strong>para</strong> a agricultura familiar, com assistênciatécnica e linhas de crédito específicas – hoje existe o Pronaf Oleaginosas, oPronaf Biodiesel e o Agroindústria. 25Para Georges Flexor, do Instituto Multidisciplinar da Universidade FederalRural do Rio de Janeiro (IM/UFRRJ), uma das coisas mais positivas da implementaçãodo Programa é a perspectiva de novos cultivos e <strong>nova</strong>s rotas tecnológicas:“O conjunto expressivo de participação de agricultores de forma distribuída peloterritório e a redescoberta de matérias-primas como o pinhão manso e o dendêpodem ser as grandes contribuições desse modelo”, defende. Ele sublinha que tecnicamentenão há impedimentos <strong>para</strong> que as cooperativas abriguem cada vez maisetapas da cadeia produtiva do setor. “O problema é criar capacidade produtiva eorganizativa, <strong>para</strong> produzir em larga escala e cumprir regras”, observa.A Via Campesina alerta sobre o aumento dramático dos preços dos alimentos.“Há mais de um ano, o trigo dobrou de preço e o milho está quase 50% mais carodo que no ano anterior. Os mecanismos de controle de preços estão sendo desmanteladosem todo o mundo, expondo agricultores e consumidores à extremavolatilidade de preços”. 26O diesel H-BioEm maio de 2006, a Petrobras anunciou a substituição, a partir de 2007, de pelomenos 10% do diesel importado pelo H-Bio, produzido a partir do óleo de soja.O novo diesel seria produzido inicialmente apenas nas refinarias da Petrobras deMinas Gerais e Paraná (Regap e Repar), mas deveria também ser processado emoutras três refinarias a partir de 2009. A idéia era utilizar nesta primeira fase doprojeto 9,6% do óleo de soja refinado exportado pelo País, percentual que deveriaaumentar gradativamente, atingindo 15,5% em 2008-2009.Em agosto de 2007, porém, a Petrobras decidiu suspender a produção deH-Bio por causa da alta do preço do óleo de soja. A empresa explicou na ocasiãoque, com os preços do óleo de soja então vigentes, não valeria a pena usá-lo noprocesso de produção do diesel.A principal diferença entre o H-Bio e o biodiesel é que, no caso do biodiesel,o óleo, originado dos grãos de plantas como mamona, girassol, soja ou dendê éadicionado ao diesel nas distribuidoras, após passar por um processo químico em25 Suspensão de selo, otimismo e críticas caracterizam programa. Jornal Alto Madeira – O Guaporé,06/02/2008.26 Crise de Preços e Agricultura Familiar. Via Campesina Internacional. 27/02/2008.57
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