LENHA NOVA PARA A VELHA FORNALHA – A FEBRE DOS AGROCOMBUSTÍVEISO Correio Braziliense descreve também o avanço da cana em toda a regiãoCentro-Oeste, 17 onde áreas de pastagem, plantações de soja, milho e algodãocedem espaço à cana-de-açúcar. Senador Canedo (GO), a 18 km de Goiânia, éum símbolo dessa acelerada expansão. Embora não produza um litro de álcool, éimportante pólo de distribuição de combustíveis. Com o anúncio de que a Petrobrasdestinará US$ 750 milhões à construção de um alcoolduto ligando a cidade aPaulínia (SP), Canedo vive a expectativa de se transformar em um dos maioresentrepostos do mundo. Em 2012, a capacidade de transporte do alcoolduto seráde 8 bilhões de litros.Alguns municípios e estados já se defendemda expansão da canaNa ausência de qualquer planejamento territorial ou estudo de impactos por partedo governo federal, alguns municípios situados nas áreas de expansão da cana-deaçúcarvêm produzindo legislação própria, de modo a regulamentar e restringir osimpactos negativos desta expansão.A euforia em Senador Canhedo contrasta, assim, com a preocupação em RioVerde, município do estado de Goiás. Segundo seu prefeito, Paulo Roberto Cunha,onde a cana está o emprego “é mais difícil e menor”. Recentemente, como informao Correio Braziliense, o governo do município regulamentou a atividade, determinandoque somente dez por cento de sua área agricultável poderão ser ocupadospela cana-de-açúcar. A preocupação é de manter no município cultivos já existentes,como o milho, o algodão e a soja, cuja ração movimenta o complexo industrial daPerdigão, gerando mais empregos e impostos na região.Em Sacramento, no Triângulo Mineiro, legislação aprovada em 2006 pelaCâmara de Vereadores limita a área plantada com cana a 20% da superfície totaldo município. Estabelece também distância mínima dos mananciais, normas delicenciamento, além de proibir queimadas a menos de dez quilômetros da cidade ea menos de cinco quilômetros dos povoados, dentre outros dispositivos. 18 No MatoGrosso do Sul, há também restrições ao plantio de cana na bacia do rio Paraguai,impostas pelo governo do Estado.O governo do estado de São Paulo, por sua vez, suspendeu por 120 dias orecebimento de pedidos de instalação ou ampliação de usinas de açúcar e álcool.O governo observou uma expansão exagerada de pedidos <strong>para</strong> a instalação de <strong>nova</strong>susinas e decidiu avaliar melhor os efeitos desse crescimento. A decisão tambémtem outro objetivo: avaliar se as licenças estão sendo usadas <strong>para</strong> serem vendidas a17 Luciano Pires. Cana muda eixo da economia no Centro-Oeste. Correio Braziliense, 29/04/07.18 Lei limita a 20% a área a ser plantada de cana-de-açúcar no município. O Estado do Triângulo, 09/07/06.26
CANA-DE-AÇÚCARgrupos internacionais ou se têm mesmo o objetivo de se transformarem em investimento.O grande receio do governo de São Paulo é o de que a cana-de-açúcar acabese tornando uma cultura quase exclusiva em São Paulo. 19Os Estados de Goiás e do Paraná também pretendem aumentar os controlessobre a expansão da cana-de-açúcar. No caso do Paraná, o governo anunciou quecriará uma zona agrícola <strong>para</strong> a cana, <strong>para</strong> impedir a sua expansão sobre áreas deoutras culturas e de florestas.Cana-de-açúcar na Amazônia?A acelerada expansão do plantio da cana-de-açúcar no Brasil, assim como a perspectivade que o etanol venha a se tornar uma das mais importantes commoditiesdo mercado internacional, vêm gerando grandes preocupações na sociedade civil,no Brasil e em outros países, sobretudo na Europa. A Amazônia encontra-se nocentro destas preocupações.Certamente por estas razões, o presidente Lula, em viagem a Bruxelas no mêsde julho de 2007, afirmou que “se a Amazônia fosse importante <strong>para</strong> plantar canade-açúcar,os portugueses que introduziram a cana-de-açúcar no Brasil, há tantosséculos, já o teriam feito na Amazônia”, em pronunciamento realizado na ConferênciaInternacional sobre Biocombustíveis. Lula declarou que o plantio da canalocaliza-se em regiões muito distantes da Amazônia, que não possuiria áreas apropriadas<strong>para</strong> tal.No mesmo dia, o jornalista Altino Machado demonstrou o erro do Presidenteda República: “Mal assessorado, Lula gera constrangimento com declarações desencontradasquando repete frases de assessores da Casa Civil. Na Amazônia, já existemusinas de porte expressivo em Presidente Figueiredo (AM), Ulianópolis (PA), Arraias(TO), além de meia dúzia no Mato Grosso. De acordo com o último levantamentooficial da Conab, de maio deste ano, na safra passada houve mais de 19 milhões detoneladas de produção de cana-de-açúcar na Amazônia Legal, entre Mato Grosso,Tocantins, Maranhão, Amazonas e Pará”. 20Além disso, ainda segundo Altino Machado, três <strong>nova</strong>s usinas encontravam-se,nesta mesma ocasião, em fase de implantação ou com planos <strong>para</strong> tal: a ÁlcoolVerde, no Acre, já está em operação. Há também a promessa de mais duas usinas naregião: uma na BR-364, na saída de Rio Branco <strong>para</strong> Porto Velho (RO), e outra nomunicípio de Capixaba, no Acre, na BR-317, batizada como Estrada do Pacífico. 2119 Guilherme Barros. SP suspende pedidos <strong>para</strong> a instalação de usinas de álcool. Folha de São Paulo,16/05/08.20 Altino Machado. Lula erra em Bruxelas ao negar cana-de-açúcar na Amazônia. Amigos da TerraAmazônia, 06/07/07. www.amazônia.org.br.21 Blog de Altino Machado, 20/07/07. www.altino.blogspot.com.27
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