LENHA NOVA PARA A VELHA FORNALHA – A FEBRE DOS AGROCOMBUSTÍVEISNa produção de lenha do extrativismo, destacaram-se Bahia (24,8%), Ceará (10,2%),Pará (8,6%), Maranhão (7,2%) e Paraná (6,2%). O maior produtor de lenha oriundado extrativismo vegetal foi o município baiano de Euclides da Cunha (720 mil m³).O Balanço Energético Nacional de 2007 revela também que lenha e carvãovegetal foram responsáveis por cerca de 12,5% do total da oferta doméstica deenergia (EPE, 2008).No consumo da madeira <strong>para</strong> geração de energia, destaca-se, em primeirolugar, a produção de carvão vegetal <strong>para</strong> o setor siderúrgico, responsável por cercade 45% de todo o consumo de carvão vegetal do País. (Brito, 2007)O segundo mais importante consumidor de madeira <strong>para</strong> energia no Brasil é osetor residencial. Neste, a madeira é usada <strong>para</strong> cocção de alimentos e, em menorescala, <strong>para</strong> aquecimento domiciliar. O volume anual de madeira usada <strong>para</strong> estafinalidade situa-se acima do consumo de madeira <strong>para</strong> serraria no País. Brito (2007)estima que, atualmente, pelo menos trinta milhões de pessoas dependam da madeiracomo fonte energética domiciliar no Brasil.O terceiro mais importante consumidor de madeira <strong>para</strong> energia é o setorindustrial, excluída a siderurgia. Destacam-se os segmentos do cimento, químico,alimentos e bebidas, papel e celulose e cerâmicas. A maior demanda situa-se noramo de alimentos e bebidas e no ramo cerâmico, representando mais de 60% doconsumo (Brito, 2007).O setor agrícola é o quarto grande demandador de madeira <strong>para</strong> energiano País e, apesar da inexistência de um diagnóstico preciso sobre a distribuiçãodesse consumo, acredita-se que a dependência concentra-se na secagem de grãos.De qualquer modo, trata-se de um volume de madeira bastante elevado, superior aoseu consumo <strong>para</strong> a produção de chapas e similares.Analisamos a seguir, em maior detalhe, a utilização do carvão vegetal pelosetor siderúrgico, já que este é seu maior consumidor, respondendo por cerca de45% do consumo total de carvão vegetal no Brasil, em 2006.Carvão vegetal <strong>para</strong> a siderurgiaNo Brasil, muitas siderúrgicas empregam carvão vegetal, sendo que, <strong>para</strong> cada toneladade ferro produzido, são consumidos mais de 600 quilos de carvão vegetal ou,aproximadamente, uma tonelada de árvores.O Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) anunciou, em maio de 2008, que atéo fim de 2015 as empresas do setor deverão investir cerca de US$ 13,2 bilhões,aumentando a capacidade instalada de produção de aço de 41 <strong>para</strong> 80,6 milhõesde toneladas anuais, um crescimento de quase 100%. Estas estimativas baseiam-seprincipalmente nas expectativas em relação às vendas no mercado interno. 55 Cirilo Junior. Siderúrgicas deverão dobrar capacidade de produção de aço até 2015. Folha Online, 15/05/08.72
PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALOs planos de expansão da indústria siderúrgica têm reflexos diretos sobre aprodução de carvão vegetal, atualmente utilizado em cerca de um terço da produçãode aço no Brasil. Além disso, há o fato de que cerca da metade do carvão vegetalqueimado pelas indústrias siderúrgicas é hoje proveniente de matas nativas. Nestecenário, a Abraf estima que, em 2010, o volume adicional de carvão vegetal consumidoseria de 34 milhões de metros cúbicos, que correspondem a três quartos daprodução atual.“A grande maioria das usinas integradas utiliza o coque como redutor.A produção de ferro-gusa à base de carvão vegetal persiste em escala relevanteapenas no Brasil. Na década de 60, o governo brasileiro impôs severastaxas de importação ao coque, o que levou algumas siderúrgicas a fundarempresas <strong>para</strong> a produção própria de carvão vegetal. A eliminação das restriçõesà importação de coque mineral a partir do final dos anos 80 desencadeouum processo de redução do uso de carvão vegetal em algumasdas siderúrgicas que dependiam desse insumo, como a Belgo-Mineira.Entretanto, importantes siderúrgicas brasileiras, como a Acesita e a V&MTubes ainda empregam carvão-vegetal, assim como produtores independentesde ferro-gusa.” (Oliveira, 2007)As denúncias e campanhas que vêm sendo desenvolvidas pela sociedade civilbrasileira resultaram em duas iniciativas recentes, de grande porte, <strong>para</strong> que nofuturo a siderurgia passe a utilizar apenas o carvão vegetal proveniente de florestasartificiais. (Abraf, 2008)A primeira é do Governo de Minas Gerais, em parceria com a iniciativa privada,que visa ampliar a atual área de florestas artificiais plantadas no estado de 1,2 <strong>para</strong>1,8 milhões de hectares, promovendo um incremento de 50% em um período deoito anos. A segunda é a ação das mineradoras e siderúrgicas dos estados do Pará edo Maranhão, que estão investindo e incentivando o plantio de eucaliptos na regiãodo pólo siderúrgico de Carajás, Destaca-se o projeto Vale Florestar Amazônia, daVale do Rio Doce que, com orçamento de US$ 200 milhões até 2010, pretendepromover o plantio de 150 mil hectares de eucalipto em áreas degradadas na regiãoe recuperar 50 mil hectares de mata nativa.Segundo o IBGE (2007), o extrativismo do carvão caiu 15,7% em 2007,relativamente a 2006, revertendo a tendência de crescimento observada desde 1998.O aumento da demanda internacional por ferro e aço, no entanto, tem feito crescera pressão pelo desmatamento, <strong>para</strong> obtenção de carvão vegetal. Esta pressão vemsendo exercida, principalmente, sobre a vegetação nativa de Mato Grosso do Sul(Cerrado e Pantanal), Minas Gerais, Piauí e Pará.A lista inclui também carvão vegetal obtido ilegalmente de florestas do Paraguaie da Bolívia. Alfredo Molinas, ministro do Meio Ambiente do Paraguai, afirmaque contrabandistas brasileiros são os responsáveis por grande parte da devastação73
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