LENHA NOVA PARA A VELHA FORNALHA – A FEBRE DOS AGROCOMBUSTÍVEISSegundo Norberto Neves, coordenador da mencionada operação do Ibama,há um cenário generalizado de ilegalidades associadas às carvoarias <strong>para</strong>enses –que, além de problemas ambientais, são freqüentemente relacionadas ao empregode mão-de-obra escrava. Cerca de 80% estão irregulares e a maioria não tem licençade operação. Além disso, ele afirma que, mesmo entre as que têm licença <strong>para</strong>operar, há carvoarias que possuem mais fornos e um volume de produção maior doque o permitido pelo licenciamento ambiental.Em meados de 2007, a Vale do Rio Doce anunciou que irá interromper ofornecimento de minério de ferro <strong>para</strong> os produtores de ferro-gusa do Pará e doMaranhão que utilizarem carvão vegetal produzido em áreas que contribuam <strong>para</strong> odesmatamento da Amazônia. Nos contratos assinados pela empresa <strong>para</strong> o fornecimentode minério de ferro às siderúrgicas de Carajás, foram acrescentados itens quenão só as obrigam a evitar o desmatamento, mas também a estabelecer cláusulascontratuais com os trabalhadores que evitem qualquer situação degradante quelembre a escravidão.Além da pressão da Vale, os produtores de ferro-gusa do Pará enfrentam umaação por dumping ambiental movida pelos Estados Unidos na Organização Mundialdo Comércio (OMC). 14O Distrito Florestal de CarajásRecentemente, o Ministério do Meio Ambiente iniciou estudos <strong>para</strong> a criação do DistritoFederal de Carajás. O Ministério promoveu também, ao longo de 2007, a realizaçãode seminários e audiências públicas <strong>para</strong> apresentar e debater o projeto. O Distritoteria entre 25 e 30 milhões de hectares, dos quais 40% atualmente desmatados.As unidades de conservação e as terras indígenas, protegidas por lei, correspondema 11% da área projetada (7 reservas indígenas e 1,5 milhão de hectares sobtutela da Vale do Rio Doce no entorno de Carajás). Outros 3 milhões de hectaresconstituem-se em assentamentos (em torno de 400).Para Tasso Azevedo, diretor do Serviço Florestal Brasileiro, “a principal atividadedo Distrito Florestal terá de ser o reflorestamento e a recuperação de áreascom espécies e sistemas que permitam abastecer a indústria siderúrgica com umafonte sustentável de carvão. A idéia é criar uma cadeia de produção que desloque quemhoje trabalha com o desmatamento <strong>para</strong> produzir carvão, <strong>para</strong> que essas mesmaspessoas passem a trabalhar com o plantio de florestas <strong>para</strong> produzir o carvão”. 15A idéia de que a agricultura familiar da região venha a se dedicar ao cultivo deeucaliptos, no entanto, não conta com o apoio dos movimentos sociais e representaçõessindicais dos trabalhadores rurais. A Fetraf e Fetagri já se manifestaram14 João Domingos. Regra da Vale protege a Amazônia. O Estado de São Paulo, 22/07/07.15 Ademir Braz. Distrito Florestal de Carajás: só <strong>para</strong> alguns. www.forumcarajas.org.br.78
PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALcontrariamente à idéia nas audiências públicas realizadas. Outros movimentos, comoo MST, CPT, Movimento de Mulheres Camponesas, CIMI, Cepasp, Copserviços, SDDH,Fórum Carajás, optaram por não participar das audiências.Os representantes de agricultores assentados também se opõem à idéia departicipar do plantio de eucaliptos <strong>para</strong> a produção do carvão vegetal. Para EdmilsonValentim, secretário-executivo do Fórum Carajás, não há garantias de que as siderúrgicasproduzirão carvão de forma legal e sustentável, mais cara do que a exploraçãode florestas nativas. Além disso, a expansão de cultivos de eucaliptos agravaria adeterioração ambiental e social, expulsando os camponeses de suas terras. 16Do outro lado, os empresários querem modificar a legislação que exige preservaraté 80% da mata das propriedades existentes na Amazônia Legal. RicardoNascimento, presidente do Sindicato da Indústria da Fundição do Estado do Maranhão,afirma que “as empresas locais só se sustentarão com uma redução <strong>para</strong> 50%”dessas florestas, porque a região apresenta muitos problemas agrários e desmatamentoanterior.As cidades abrangidas pelo Distrito Florestal dependem quase inteiramente daprodução de outros estados <strong>para</strong> obter alimentos como arroz, feijão, batata, farinhade mandioca e hortaliças. Como resultado, muitas das hortaliças comuns na mesados brasileiros são inacessíveis à população, em função dos elevados preços cobradospelo comércio local e da má qualidade dos produtos, em razão do longo tempodecorrido desde a colheita, em regiões distantes.Mato Grosso do SulA demanda no Mato Grosso do Sul <strong>para</strong> o consumo de madeira de reflorestamento,contando somente o parque industrial já instalado ou em vias de ativação, como éo caso da maior parte do pólo minero-siderúrgico de Corumbá, é suficiente <strong>para</strong>consumir quase cinco vezes a produção atual, conforme estimativa da AssociaçãoSul-Matogrossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas. 17A produção atual de carvão no estado é de cerca de 2 milhões de metroscúbicos, sendo a maior parte, 1,3 milhão de metros cúbicos, consumida por MinasGerais. Estes números revelam que, efetivamente, as siderúrgicas já instaladas emMato Grosso do Sul e Minas Gerais estão promovendo intenso desmatamento dasflorestas de Mato Grosso do Sul.A siderúrgica Sideruna, por exemplo, inaugurada em abril de 2007 em CampoGrande-MS, utiliza carvão vegetal, com consumo equivalente a mais de mil toneladasao dia de árvores provenientes de matas nativas. O Ministério Público Estadual16 Mário Osava. Eucaliptos e siderurgia incendeiam a Amazônia Oriental. Terramerica, 02/08/07.www.tierramerica.info.17 Sônia Hess. As siderúrgicas e as florestas. O Estado de MS, 24/04/07.79
- Page 1:
SERGIO SCHLESINGER
- Page 4 and 5:
Lenha nova para a velha fornalhaA f
- Page 7 and 8:
INTRODUÇÃOO esgotamento das reser
- Page 9 and 10:
INTRODUÇÃOo Brasil como o grande
- Page 11 and 12:
1CANA-DE-AÇÚCARTradicionalmente u
- Page 13 and 14:
CANA-DE-AÇÚCARtoneladas, com cres
- Page 15 and 16:
CANA-DE-AÇÚCARNa safra brasileira
- Page 17 and 18:
CANA-DE-AÇÚCARvariar entre 20% e
- Page 19 and 20:
CANA-DE-AÇÚCARA medida reduziria
- Page 21 and 22:
CANA-DE-AÇÚCARExportaçõesAs exp
- Page 23 and 24:
CANA-DE-AÇÚCARFIGURA 1Novas Usina
- Page 25 and 26:
CANA-DE-AÇÚCARcarros com motores
- Page 27 and 28:
CANA-DE-AÇÚCARprocessamento de 90
- Page 29 and 30: CANA-DE-AÇÚCARgrupos internaciona
- Page 31 and 32: CANA-DE-AÇÚCARpara todo o process
- Page 33 and 34: CANA-DE-AÇÚCARmesmo período. A e
- Page 35 and 36: CANA-DE-AÇÚCAREm Pernambuco, segu
- Page 37 and 38: CANA-DE-AÇÚCARSegundo o historiad
- Page 39 and 40: 2SOJA E BIODIESELA FASE produziu em
- Page 41 and 42: SOJA E BIODIESELExportaçõesO volu
- Page 43 and 44: SOJA E BIODIESELQuanto aos preços
- Page 45 and 46: SOJA E BIODIESELSegundo Marcelo Dua
- Page 47 and 48: SOJA E BIODIESELTABELA 4Tributacão
- Page 49 and 50: SOJA E BIODIESELPara Aluísio Sabin
- Page 51 and 52: SOJA E BIODIESELO destaque produtiv
- Page 53 and 54: SOJA E BIODIESELFIGURA 1Novas usina
- Page 55 and 56: SOJA E BIODIESELoleaginosa, o poten
- Page 57 and 58: SOJA E BIODIESELo meio ambiente, fa
- Page 59 and 60: SOJA E BIODIESELFrei Sérgio Antôn
- Page 61 and 62: SOJA E BIODIESELpleno funcionamento
- Page 63 and 64: 3PAPEL, CELULOSE ECARVÃO VEGETALN
- Page 65 and 66: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALEn
- Page 67 and 68: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALOs
- Page 69 and 70: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALA
- Page 71 and 72: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALTA
- Page 73 and 74: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETAL
- Page 75 and 76: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALOs
- Page 77 and 78: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALTA
- Page 79: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALEs
- Page 83 and 84: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALAg
- Page 85 and 86: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETAL
- Page 87 and 88: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALel
- Page 89 and 90: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALDa
- Page 91 and 92: 4SÍNTESE ECONCLUSÕESA produção
- Page 93 and 94: SÍNTESE E CONCLUSÕESexpansão. Os
- Page 95 and 96: SÍNTESE E CONCLUSÕESEsta tendênc
- Page 97 and 98: SÍNTESE E CONCLUSÕESSubstituiçã
- Page 99 and 100: SÍNTESE E CONCLUSÕES• O café t
- Page 101 and 102: SÍNTESE E CONCLUSÕEScrescendo de
- Page 103 and 104: SÍNTESE E CONCLUSÕESentre 1970 e
- Page 105 and 106: SÍNTESE E CONCLUSÕESprodução de
- Page 107 and 108: SÍNTESE E CONCLUSÕESO que fazer?A
- Page 109: SIGLASAIA - Avaliação do Impacto