LENHA NOVA PARA A VELHA FORNALHA – A FEBRE DOS AGROCOMBUSTÍVEISEm julho de 2007, cerca de 500 habitantes das comunidades quilombolasdo Sapê do Norte ocu<strong>para</strong>m a área pertencente à Comunidade Quilombola deLinharinho, em Conceição da Barra, com o objetivo de pressionar <strong>para</strong> que seconcretize a demarcação da área reconhecida pelo Incra como território quilombola.A proposta dos quilombolas, com a ocupação, é que se forme um grande acampamentona área, com mutirões de plantio de mudas de Mata Atlântica e árvoresfrutíferas, bem como construção de casas <strong>para</strong> as famílias. 23Eucaliptos no sul da BahiaNo extremo sul do Estado da Bahia, o plantio de eucaliptos ocupa aproximadamente700 mil hectares. Destes, a Veracel possui quase 147 mil, dos quais 73 mil são demonocultura de eucalipto. A empresa é também proprietária de uma indústria queproduz anualmente 900 mil toneladas de celulose branqueada de eucalipto.Segundo estudo promovido pelo Cepedes – Centro de Estudos e Pesquisas<strong>para</strong> o Desenvolvimento do Extremo Sul da Bahia, em quinze anos, de 1970 a 1985,a Bahia perdeu 70% de suas matas nativas com a chegada das empresas de papele celulose. De acordo com estudos recentes do Ministério do Meio Ambiente, oextremo sul da Bahia tem atualmente apenas 4% da Mata Atlântica original, emáreas de reserva. Nesta região, estima-se que mais da metade das terras agricultáveisestejam nas mãos das empresas do setor de papel e celulose.Ainda de acordo com o Cepedes, há na região cerca de 12 mil famílias acampadasnas estradas. A expulsão do campo dos quilombolas, pequenos agricultores eíndios gerou um crescimento significativo das favelas e a desagregação de grupos efamílias. A expansão da monocultura do eucalipto na região expulsou dezenas depequenos produtores e ocupou terras férteis <strong>para</strong> a agricultura. A cidade de Eunápolisé responsável pelo maior índice do êxodo rural dos últimos anos no país. O estudomostra que cerca de 60% dos agricultores deixaram a zona rural, sendo que noBrasil o índice médio é de 28%. O aumento do êxodo coincide com a expansão damonocultura da região, que teve início nos anos 1990. 24A partir de estudos realizados nesta região, Claudia Santana e José Luís Caetanoapontam que, naquela região, “a introdução da cultura do eucalipto vem trazendosérios riscos <strong>para</strong> os recursos hídricos, o solo, a fauna e a flora locais, contribuindotambém <strong>para</strong> a inviabilização da agricultura familiar. Foram ocupadas todas as terrasagricultáveis, inclusive aquelas que seriam destinadas à reforma agrária, áreas indígenase o entorno de unidades de conservação, com importantes reservas de MataAtlântica.” (Caetano e Santos, 2004)23 Rede Alerta contra o Deserto Verde. Comunidades quilombolas reocupam território em posse da AracruzCelulose. 24/07/07.24 ADITAL. Êxodo na Bahia. 27/10/06. www.adital.com.br.86
PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALDa mesma forma que no Espírito Santo, comunidades indígenas como as dosPataxós e Tupinambás, além de sem-terra e pescadores artesanais, vêm tendo seusmodos de vida tradicionais inviabilizados, como resultado dos impactos geradospela expansão dos monocultivos de eucalipto. No sul da Bahia atuam três dasmaiores empresas deste segmento: Bahia Sul, Aracruz e Veracel.Na região de Barra do Cahy, Ponto Zero do Descobrimento do Brasil, a Frentede Resistência e Luta Pataxó reivindica cerca de 30 mil hectares hoje cobertos peloplantio de eucaliptos. Na aldeia Gaxuma, situada na parte leste desta mesma área,os índios informam que a Veracel está destruindo plantas nativas, coqueirais, alterandoo relevo e atingindo fontes de água.Em Barra Velha, próxima à praia, os índios, por conta própria, embargaramalguns plantios, mas não conseguem resistir efetivamente aos avanços da Veracel.Em Prado, último município da região a introduzir o eucalipto, repetiu-se o movimentode migração da população original em direção à periferia da zona urbana.87
- Page 1:
SERGIO SCHLESINGER
- Page 4 and 5:
Lenha nova para a velha fornalhaA f
- Page 7 and 8:
INTRODUÇÃOO esgotamento das reser
- Page 9 and 10:
INTRODUÇÃOo Brasil como o grande
- Page 11 and 12:
1CANA-DE-AÇÚCARTradicionalmente u
- Page 13 and 14:
CANA-DE-AÇÚCARtoneladas, com cres
- Page 15 and 16:
CANA-DE-AÇÚCARNa safra brasileira
- Page 17 and 18:
CANA-DE-AÇÚCARvariar entre 20% e
- Page 19 and 20:
CANA-DE-AÇÚCARA medida reduziria
- Page 21 and 22:
CANA-DE-AÇÚCARExportaçõesAs exp
- Page 23 and 24:
CANA-DE-AÇÚCARFIGURA 1Novas Usina
- Page 25 and 26:
CANA-DE-AÇÚCARcarros com motores
- Page 27 and 28:
CANA-DE-AÇÚCARprocessamento de 90
- Page 29 and 30:
CANA-DE-AÇÚCARgrupos internaciona
- Page 31 and 32:
CANA-DE-AÇÚCARpara todo o process
- Page 33 and 34:
CANA-DE-AÇÚCARmesmo período. A e
- Page 35 and 36:
CANA-DE-AÇÚCAREm Pernambuco, segu
- Page 37 and 38: CANA-DE-AÇÚCARSegundo o historiad
- Page 39 and 40: 2SOJA E BIODIESELA FASE produziu em
- Page 41 and 42: SOJA E BIODIESELExportaçõesO volu
- Page 43 and 44: SOJA E BIODIESELQuanto aos preços
- Page 45 and 46: SOJA E BIODIESELSegundo Marcelo Dua
- Page 47 and 48: SOJA E BIODIESELTABELA 4Tributacão
- Page 49 and 50: SOJA E BIODIESELPara Aluísio Sabin
- Page 51 and 52: SOJA E BIODIESELO destaque produtiv
- Page 53 and 54: SOJA E BIODIESELFIGURA 1Novas usina
- Page 55 and 56: SOJA E BIODIESELoleaginosa, o poten
- Page 57 and 58: SOJA E BIODIESELo meio ambiente, fa
- Page 59 and 60: SOJA E BIODIESELFrei Sérgio Antôn
- Page 61 and 62: SOJA E BIODIESELpleno funcionamento
- Page 63 and 64: 3PAPEL, CELULOSE ECARVÃO VEGETALN
- Page 65 and 66: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALEn
- Page 67 and 68: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALOs
- Page 69 and 70: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALA
- Page 71 and 72: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALTA
- Page 73 and 74: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETAL
- Page 75 and 76: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALOs
- Page 77 and 78: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALTA
- Page 79 and 80: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALEs
- Page 81 and 82: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALco
- Page 83 and 84: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALAg
- Page 85 and 86: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETAL
- Page 87: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALel
- Page 91 and 92: 4SÍNTESE ECONCLUSÕESA produção
- Page 93 and 94: SÍNTESE E CONCLUSÕESexpansão. Os
- Page 95 and 96: SÍNTESE E CONCLUSÕESEsta tendênc
- Page 97 and 98: SÍNTESE E CONCLUSÕESSubstituiçã
- Page 99 and 100: SÍNTESE E CONCLUSÕES• O café t
- Page 101 and 102: SÍNTESE E CONCLUSÕEScrescendo de
- Page 103 and 104: SÍNTESE E CONCLUSÕESentre 1970 e
- Page 105 and 106: SÍNTESE E CONCLUSÕESprodução de
- Page 107 and 108: SÍNTESE E CONCLUSÕESO que fazer?A
- Page 109: SIGLASAIA - Avaliação do Impacto