11.07.2015 Views

Lenha nova para a velha fornalha

Lenha nova para a velha fornalha

Lenha nova para a velha fornalha

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

CANA-DE-AÇÚCAREm Pernambuco, segundo a Comissão Pastoral da Terra, foram extintos, desdeo início dos anos 1990, cerca de 200 mil postos de trabalho. Cerca de 120 milpessoas, que moravam em sítios nas terras de usinas e de fornecedores de cana,onde plantavam mandioca, milho e frutas <strong>para</strong> sobrevivência, perderam seus locaisde moradia e sua fonte de subsistência. 33Da mesma forma que em São Paulo, os fornecedores independentes de canaforam enfraquecidos pelo processo de concentração da produção pelas grandesusinas. Até o final dos anos 1990, metade da cana moída <strong>para</strong> a produção de açúcare álcool no Nordeste vinha de fornecedores independentes. Esta participação, atualmente,é de cerca de 30%, ainda segundo a Folha de São Paulo.Arnoldo Campos, um dos principais gestores do programa do biodiesel noMDA, informa que o ministério está se pre<strong>para</strong>ndo <strong>para</strong> entrar no debate do etanol<strong>para</strong> defender a entrada da agricultura familiar neste mercado. Para ele, a questãoé mais complicada do que o programa de biodiesel por conta da logística do etanol,já que a cana é extremamente perecível e não pode ser armazenada como os grãosdo biodiesel. “Mas estamos buscando soluções, como pequenos alambiques quepoderiam pré-processar a matéria prima”, afirma Campos. 34Na prática, porém, segundo Almir Xavier, dirigente do MST em Pernambuco, aviabilidade da cana na pequena propriedade é mínima. “É uma cultura de manejomuito penoso, que acaba rendendo cerca de R$ 6 mil/ano a um assentado da Zonada Mata pernambucana”, explica. Em alguns casos, acabou se tornando a únicaopção do assentado, que, por outro lado, chega a passar três meses comendoapenas mandioca. “Ele não dá conta de plantar outras coisas, a cana exige muitadedicação. Isso acaba sendo péssimo <strong>para</strong> a sua segurança alimentar e nutricional, e<strong>para</strong> a qualidade de vida em geral”, afirma Xavier.A forte valorização das terras e a prática de arrendamento <strong>para</strong> a expansão doplantio de cana geram, deste modo, modificações profundas no modo de produçãoagrícola, na geração de empregos rurais, nos fluxos migratórios, na oferta de alimentose na disponibilidade de terras <strong>para</strong> a reforma agrária.O trabalhador da cana-de-açúcarAs condições de trabalho no setor do açúcar e do álcool no Brasil são especialmenteprecárias, mesmo que se tome em consideração apenas aquelas relativas aos trabalhadoresrurais brasileiros em sua totalidade. A precariedade dificulta inclusive a33 Alagoas: sem trabalho durante a entressafra da cana, famílias não têm o que comer. Folha de São Paulo,08/07/07.34 Verena Glass. FAO defende etanol mas não tem fórmula de sustentabilidade. Agência Carta Maior,09/07/07.33

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!