LENHA NOVA PARA A VELHA FORNALHA – A FEBRE DOS AGROCOMBUSTÍVEISOrganização dos Produtores de Cana da Região do Centro-Sul do Brasil (Orplana) 31 .“Há um movimento de migração de plantadores <strong>para</strong> o oeste paulista e <strong>para</strong> o Centro-Oeste, ainda desordenado.”A Orplana ainda não tem um mapeamento desse movimento, mas informa queboa parte dos fornecedores paulistas está comprando e arrendando terras em áreasocupadas, sobretudo por pastagens. “O contingente de plantadores de cana estácrescendo. Há muitos pequenos agricultores de grãos interessados no plantio da cana”,disse. As regiões próximas às usinas em operação ou em construção vêm apresentandogrande valorização. Em um raio próximo a elas de 30 quilômetros, o preço daterra já é até quatro vezes superior àqueles verificados antes da chegada das usinas.Ainda segundo a Orplana, a prática mais comum na parceria entre proprietáriosde terras e usinas é a do arrendamento, que também contribuiu <strong>para</strong> a elevaçãodo preço dos imóveis. Arrendando sua propriedade, o dono da terra não arca comqualquer custo no plantio e é remunerado segundo o que está previsto em contrato(ou, ainda, por produção por hectare ou sobre a colheita total). Em Goiás, há casosde um hectare ser arrendado por até R$ 30 mil. Já em Mato Grosso e Mato Grossodo Sul, os preços variam de R$ 10 mil a R$ 15 mil.O caso do NordesteSegundo O Globo, na mesma matéria acima mencionada, as terras destinadas aocultivo da cana no Nordeste, em especial na Zona da Mata alagoana, tiveram valorizaçãode 84% mas, na média, a valorização das terras da região é bem menor: 8,6%entre meados de 2006 e de 2007. A produção de cana-de-açúcar na região praticamentenão se alterou nos últimos dez anos: reduziu-se de 60,47 <strong>para</strong> 55,34 milhõesde toneladas, entre 1990 e 2007.O Nordeste tem custo mais elevado de produção de cana, já que parte doplantio se dá em áreas íngremes, dificultando a mecanização e exigindo maioremprego de mão-de-obra. Com isso, o Nordeste, com 13% (Conab, 3º levantamento,2007) da produção nacional de cana-de-açúcar, responde por 35% dos empregadosna atividade. Muitos usineiros nordestinos passaram a produzir açúcar e álcool noTriângulo Mineiro, em São Paulo, em Goiás e no Mato Grosso.Segundo a Folha de São Paulo, a entressafra da cana-de-açúcar no Nordeste,que vai de março a setembro, significa desemprego e ameaça de fome <strong>para</strong> cem miltrabalhadores rurais de Pernambuco e Alagoas. O prefeito de São Luiz do Quitunde,em Alagoas, Cícero Cavalcante, afirma que, durante a entressafra, o desemprego nomunicípio é de 80%. 3231 Fornecedores de cana se pre<strong>para</strong>m <strong>para</strong> expansão do setor. JornalCana, outubro de 2006.www.jornalcana.com.br.32 Elvira Lobato. Nordeste vê à distância explosão do álcool. Folha de São Paulo, 08/07/07.32
CANA-DE-AÇÚCAREm Pernambuco, segundo a Comissão Pastoral da Terra, foram extintos, desdeo início dos anos 1990, cerca de 200 mil postos de trabalho. Cerca de 120 milpessoas, que moravam em sítios nas terras de usinas e de fornecedores de cana,onde plantavam mandioca, milho e frutas <strong>para</strong> sobrevivência, perderam seus locaisde moradia e sua fonte de subsistência. 33Da mesma forma que em São Paulo, os fornecedores independentes de canaforam enfraquecidos pelo processo de concentração da produção pelas grandesusinas. Até o final dos anos 1990, metade da cana moída <strong>para</strong> a produção de açúcare álcool no Nordeste vinha de fornecedores independentes. Esta participação, atualmente,é de cerca de 30%, ainda segundo a Folha de São Paulo.Arnoldo Campos, um dos principais gestores do programa do biodiesel noMDA, informa que o ministério está se pre<strong>para</strong>ndo <strong>para</strong> entrar no debate do etanol<strong>para</strong> defender a entrada da agricultura familiar neste mercado. Para ele, a questãoé mais complicada do que o programa de biodiesel por conta da logística do etanol,já que a cana é extremamente perecível e não pode ser armazenada como os grãosdo biodiesel. “Mas estamos buscando soluções, como pequenos alambiques quepoderiam pré-processar a matéria prima”, afirma Campos. 34Na prática, porém, segundo Almir Xavier, dirigente do MST em Pernambuco, aviabilidade da cana na pequena propriedade é mínima. “É uma cultura de manejomuito penoso, que acaba rendendo cerca de R$ 6 mil/ano a um assentado da Zonada Mata pernambucana”, explica. Em alguns casos, acabou se tornando a únicaopção do assentado, que, por outro lado, chega a passar três meses comendoapenas mandioca. “Ele não dá conta de plantar outras coisas, a cana exige muitadedicação. Isso acaba sendo péssimo <strong>para</strong> a sua segurança alimentar e nutricional, e<strong>para</strong> a qualidade de vida em geral”, afirma Xavier.A forte valorização das terras e a prática de arrendamento <strong>para</strong> a expansão doplantio de cana geram, deste modo, modificações profundas no modo de produçãoagrícola, na geração de empregos rurais, nos fluxos migratórios, na oferta de alimentose na disponibilidade de terras <strong>para</strong> a reforma agrária.O trabalhador da cana-de-açúcarAs condições de trabalho no setor do açúcar e do álcool no Brasil são especialmenteprecárias, mesmo que se tome em consideração apenas aquelas relativas aos trabalhadoresrurais brasileiros em sua totalidade. A precariedade dificulta inclusive a33 Alagoas: sem trabalho durante a entressafra da cana, famílias não têm o que comer. Folha de São Paulo,08/07/07.34 Verena Glass. FAO defende etanol mas não tem fórmula de sustentabilidade. Agência Carta Maior,09/07/07.33
- Page 1: SERGIO SCHLESINGER
- Page 4 and 5: Lenha nova para a velha fornalhaA f
- Page 7 and 8: INTRODUÇÃOO esgotamento das reser
- Page 9 and 10: INTRODUÇÃOo Brasil como o grande
- Page 11 and 12: 1CANA-DE-AÇÚCARTradicionalmente u
- Page 13 and 14: CANA-DE-AÇÚCARtoneladas, com cres
- Page 15 and 16: CANA-DE-AÇÚCARNa safra brasileira
- Page 17 and 18: CANA-DE-AÇÚCARvariar entre 20% e
- Page 19 and 20: CANA-DE-AÇÚCARA medida reduziria
- Page 21 and 22: CANA-DE-AÇÚCARExportaçõesAs exp
- Page 23 and 24: CANA-DE-AÇÚCARFIGURA 1Novas Usina
- Page 25 and 26: CANA-DE-AÇÚCARcarros com motores
- Page 27 and 28: CANA-DE-AÇÚCARprocessamento de 90
- Page 29 and 30: CANA-DE-AÇÚCARgrupos internaciona
- Page 31 and 32: CANA-DE-AÇÚCARpara todo o process
- Page 33: CANA-DE-AÇÚCARmesmo período. A e
- Page 37 and 38: CANA-DE-AÇÚCARSegundo o historiad
- Page 39 and 40: 2SOJA E BIODIESELA FASE produziu em
- Page 41 and 42: SOJA E BIODIESELExportaçõesO volu
- Page 43 and 44: SOJA E BIODIESELQuanto aos preços
- Page 45 and 46: SOJA E BIODIESELSegundo Marcelo Dua
- Page 47 and 48: SOJA E BIODIESELTABELA 4Tributacão
- Page 49 and 50: SOJA E BIODIESELPara Aluísio Sabin
- Page 51 and 52: SOJA E BIODIESELO destaque produtiv
- Page 53 and 54: SOJA E BIODIESELFIGURA 1Novas usina
- Page 55 and 56: SOJA E BIODIESELoleaginosa, o poten
- Page 57 and 58: SOJA E BIODIESELo meio ambiente, fa
- Page 59 and 60: SOJA E BIODIESELFrei Sérgio Antôn
- Page 61 and 62: SOJA E BIODIESELpleno funcionamento
- Page 63 and 64: 3PAPEL, CELULOSE ECARVÃO VEGETALN
- Page 65 and 66: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALEn
- Page 67 and 68: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALOs
- Page 69 and 70: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALA
- Page 71 and 72: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALTA
- Page 73 and 74: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETAL
- Page 75 and 76: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALOs
- Page 77 and 78: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALTA
- Page 79 and 80: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALEs
- Page 81 and 82: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALco
- Page 83 and 84: PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALAg
- Page 85 and 86:
PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETAL
- Page 87 and 88:
PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALel
- Page 89 and 90:
PAPEL, CELULOSE E CARVÃO VEGETALDa
- Page 91 and 92:
4SÍNTESE ECONCLUSÕESA produção
- Page 93 and 94:
SÍNTESE E CONCLUSÕESexpansão. Os
- Page 95 and 96:
SÍNTESE E CONCLUSÕESEsta tendênc
- Page 97 and 98:
SÍNTESE E CONCLUSÕESSubstituiçã
- Page 99 and 100:
SÍNTESE E CONCLUSÕES• O café t
- Page 101 and 102:
SÍNTESE E CONCLUSÕEScrescendo de
- Page 103 and 104:
SÍNTESE E CONCLUSÕESentre 1970 e
- Page 105 and 106:
SÍNTESE E CONCLUSÕESprodução de
- Page 107 and 108:
SÍNTESE E CONCLUSÕESO que fazer?A
- Page 109:
SIGLASAIA - Avaliação do Impacto