ANÁLISE DOS ACHADOS VIDEOLARINGOSCÓPICOS DE PACIENTES COM HISTÓRIA DE DISFONIAresults differ from those present in children, age at which most studies focus. It is thereforeimportant that more research in this direction are carried out in order to better characterizethe main lesions present in adults.Key-words: Dysphonia; Laryngoscopy; Larynx.IntroduçãoA disfonia é definida como qualquerdificuldade na emissão vocal que impeçaa produção natural da voz, podendomanifestar-se por esforço à emissão do som,dificuldade em manter a voz, cansaço aofalar, variações na frequência vocal habitual,falta de volume, entre outros. A disfonia podeinterferir seriamente na comunicação e,consequentemente, na vida pessoal, social eprofissional. O diagnóstico da disfonia partede um sintoma principal – a disfonia em si– que se expande para múltiplos aspectosetiológicos: hipertonia, fatores psicológicos,refluxo gastroesofágico, problemas com atécnica vocal etc. 1O exame físico pode ser efetuado pelosprocedimentos simples, como o espelho deGarcia, ou por meio da videolaringoscopia, aqual contribuiu enormemente para o avanço dapropedêutica laríngea, sendo extremamenteútil na avaliação anatômica e funcional. 2Nos Estados Unidos a prevalência dedisfonia varia de 3 a 9% da população, 3 sendoescassos dados a respeito no Brasil.As principais causas de disfoniacitadas na literatura são: 1) disfoniasfuncionais (advindas do próprio uso da voz);2) alterações estruturais mínimas, quesão variações constitucionais da anatomialaríngea, classificando-se em assimetriada laringe, variações da proporção glóticae alterações da cobertura (sulco vocal,cisto epidermoide, microdiafragma, pontede mucosa, vasculodisgenesia); 3) lesõesbenignas das pregas vocais, que incluemos nódulos, pólipos, edema de Reinke,granulomas inespecíficos, úlceras de contatoe a papilomatose respiratória recorrente,causada pelo vírus HPV; 4) paralisia daprega vocal (PV); 5) alterações congênitas,como a laringomalácia, estenoses, fendas,hemangiomas, Síndrome de Cri-du-Chat;6) lesões malignas da laringe; 7) laringitesagudas e crônicas. 2O objetivo deste trabalho é avaliar aincidência das diversas lesões laríngeas nosexames de videolaringoscopia de pacientescom queixa de disfonia atendidos pelo Serviçode Otorrinolaringologia do AmbulatórioAraújo Lima – <strong>Hospital</strong> Universitário Getúlio<strong>Vargas</strong> (<strong>HUGV</strong>) em Manaus, Amazonas,durante o ano de 2009.MétodosEstudo descritivo restrospectivo pormeio da análise de prontuários de pacientescom queixa de disfonia submetidos aoexame de videolaringoscopia, no Serviço deOtorrinolaringologia do Ambulatório AraújoLima – <strong>HUGV</strong>, durante o ano de 2009.Foram excluídos os indivíduos comhistória de disfonia, porém que realizaramexames de videolaringoscopia em outrosserviços.Os pacientes foram avaliados quantoà idade, sexo, profissão, abuso vocal,tabagismo, tipo de lesão, presença delesões associadas ou doenças sistêmicas etratamento realizado.Com base nos dados obtidos, foipreenchido protocolo de avaliação formuladopara o estudo, conforme Figura 1.ResultadosDe um total de 22 pacientes, 12(54,54%) eram do sexo feminino e dez dosexo masculino (45,45%). A idade média dospacientes foi de 47,91 anos (±17,14).36revistahugv - <strong>Revista</strong> do <strong>Hospital</strong> Universitário Getúlio <strong>Vargas</strong>v.10. n. 1-2 jan./jul. – <strong>2011</strong>
Santana et alTreze pacientes (59%) foramsubmetidos ao tratamento cirúrgico no<strong>HUGV</strong> após realizado exame físico e examevideolaringoscópico. Seis pacientes (27,27%)receberam tratamento fonoaudiológico, nãose fazendo necessário tratamento cirúrgico.Dentre os pacientes submetidos à cirurgia, asprincipais indicações foram: seis pacientes(46,15%) com lesão vegetante, quatro(30,76%) com pólipo de PV e três (23,07%)com papilomatose laríngea, descritos naTabela 2.Indicação detratamento cirúrgicoFrequênciaPorcentagemFigura 1 – Protocolo de investigação videolaringoscópicade pacientes com disfoniaAnalisando-se a história patológicapregressa, observou-se que 12 pacientes(54,5%) apresentavam histórico de abusovocal, 13 eram fumantes (59%) – com cargatabágica média de 13,52 maços/ano –, e trêspacientes (13,63%) já haviam sido submetidosa uma cirurgia prévia para tratamentoda disfonia, sendo todas decorrentes depapilomatose laríngea.As principais lesões encontradasno exame videolaringoscópico foram asvegetantes (27%) seguidas pelos pólipos dePVs (18%). As demais lesões encontradasestão descritas na Tabela 1.AchadosvideolaringoscópicosFrequênciaPorcentagemLesão vegetante 6 27,27%Pólipo de prega vocal 4 18,18%Papilomatose 3 13,63%Fenda glótica 3 13,63%Sem alterações 2 9,09%Nódulo de prega vocal 1 4,5%Refluxo faringolaríngeo 1 4,5%Edema de Reinke 1 4,5%Sinéquia de prega vocal 1 4,5%Total 22 100%Tabela 1 – Achados videolaringoscópicos em pacientesportadores de disfoniaLesão vegetante 6 46,15%Pólipo de prega vocal 4 30,76%Papilomatose 3 23,07%Total 13 100%As lesões com indicação de tratamentofonoaudiológico foram fenda glótica emtrês (50%) pacientes, nódulo de PV em um(16,6%) paciente, edema de Reinke em um(16,66%) paciente e sinéquia em pequenaárea de comissura anterior de região glótica,descritos na Tabela 3.Indicação detratamentofonoaudiológicoTabela 2 – Patologias com indicação de tratamentocirúrgico em pacientes portadores de disfoniaFrequênciaPorcentagemFenda glótica 3 50%Nódulo de prega vocal 1 16,66%Edema de Reinke 1 16,66%Sinéquia de pregavocal1 16,66%Total 13 100%Tabela 3 – Patologias com indicação de tratamentofonoaudiológico em pacientes portadores dedisfoniaEm relação ao abuso vocal, doze (54,5%)pacientes confirmaram uso inadequado davoz. Quanto à profissão, dois (9%) pacienteseram agricultores, três (13,63%) eram donasde casa, dois (9%) eram motoristas, cinco(22,72%) eram professores, três (13,63%)37revistahugv - <strong>Revista</strong> do <strong>Hospital</strong> Universitário Getúlio <strong>Vargas</strong>v.10. n. 1-2 jan./jul. – <strong>2011</strong>