A capacidade dos biorreatores em fase aquosavaria conforme a necessidade. Assim, emescala de produção industrial:- Até 1-2 m 3 : cultivo de microrganismospatogênicos, células animais ou vegetais, emgeral produtos ligados à saúde;- Intermediária – até 100-200 m 3 : paraprodução de enzimas, antibióticos e vitaminas;- Milhares de m 3 : fermentação alcoólica outratamento biológico de resíduos, sem assepsia.3.4 Fornecimento de oxigênionos biorreatoresO suprimento adequado de oxigênio é indispensávelpara microrganismos aeróbios,e o efeito levará a um maior ou menorrendimento da cultura. Para alguns microrganismosfacultativos, que podem desenvolver-sesem oxigênio, o aporte deficiente,além de influenciar no rendimento, provocadiferenças na velocidade do crescimentoe nos produtos sintetizados a partirda atividade do microrganismo (STURZA,1995).O principal problema no fornecimento deoxigênio diz respeito ao fato de ser ligeiramentesolúvel, o que faz com que deva serfornecido de forma contínua, inclusive emfermentações do tipo interrompido ou embatelada (por cargas, batch). Assim, devesecolocar o gás em contato com o líquido,dissolve-lo no meio, e transferir o gás dissolvidona fase gás-líquido aos organismos.A administração rápida de oxigênio necessita,portanto, de grandes superfícies de contactoentre o gás e o líquido, para facilitar adissolução. Isto faz com que a administraçãode oxigênio e a agitação sejam práticasinseparáveis em um sistema aerado (WINK-LER, 1986).3.4.1. Aeração e agitação dos biorreatorespara fermentação líquidaAlém de proporcionar oxigênio, a aeraçãotambém é importante para limpar o cultivode produtos metabólicos voláteis e indesejáveis.A agitação, direta ou como efeitosecundário da aeração, é necessária pelasseguintes razões:- aumentar a velocidade de transferênciade oxigênio das borbulhas de ar ao meiolíquido, uma vez que os microrganismosnecessitam de oxigênio dissolvido;- aumentar a velocidade de transferênciade oxigênio e nutrientes do meio para ascélulas, evitando-se que surjam áreas combaixo nível de oxigênio e nutrientes;- impedir a formação de grupos de célulasou agregados de micélio;- aumentar a velocidade de transferênciade produtos metabólicos de células ao meio;- aumentar a taxa ou eficiência de transferênciade calor entre o meio e as superfíciesde refrigeração do fermentador.Por outro lado, a turbulência da agitaçãopromove:- dispersão de ar em pequenas bolhas;- impedir a coalescência das bolhas;- diminuir a extensão limitante da películade líquido na interfase gás/líquido;- retardar a perda de gás durante o cultivo,fazendo com que as bolhas demorem maispara chegar à superfície.Alguns aspectos são extremamente importantes,uma vez que afetam o fornecimentode oxigênio para o cultivo, como a geometriado sistema, sua velocidade, a alturatotal do líquido no fermentador, tipo de difusore vazão de ar.Em fermentação, necessita-se das duasações, o bombeamento e o cisalhamento.Estes efeitos são conseguidos utilizando-seturbinas e hélices. Existem modelos comoa turbina com pás inclinadas, que proporcionamas duas ações ao mesmo tempo.O cisalhamento está diretamente relacionadoà velocidade do agitador. Assim, determinadosorganismos são sensíveis a esteefeito, e se adaptam melhor a reatores queutilizam sistema sem agitador. Durante oprocesso fermentativo é possível ocorreremalterações significativas no caldo, quepode passar à condição de líquido nãonewtoniano,como no caso de processosenvolvendo o cultivo de fungos filamentosos.A tensão de cisalhamento varia em funçãodo gradiente de velocidade (dv/dr). A constantede proporcionalidade entre a tensãode cisalhamento e o gradiente de velocidadeé definida como a viscosidade do líquido.Assim sendo, esta viscosidade influenciao processo, e pode mudar durante afermentação.3.4.2 Aeração dos biorreatores parafermentação no estado sólidoQuando se trabalha com fermentação emestado sólido, a agitação é comanda pelotipo de processo, tipo de reator e o produtodesejado. Existe a fermentação com agitaçãoocasional ou com agitação contínua.Alguns produtos, como aflatoxina e ocratoxinas,são produzidos em sistemas agitados,e a esporulação pode ser reprimida com aagitação. Também a agitação pode ter efeitosadversos sobre a porosidade do substrato,provocando a compactação das partículas,impedindo a fixação do microrganismoao sólido e ocasionando o rompimento domicélio, por exemplo.A aeração do substrato é facilitada em funçãodos espaços vazios existentes entre aspartículas sólidas.3.5 INSTRUMENTAÇÃO ECONTROLE EM BIOPROCESSSOSO sucesso de um processo fermentativodepende da existência de condições adequadaspara a produção de biomassa e formaçãoda produto. A temperatura, pH, graude agitação, concentração de oxigênio nomeio de cultivo e outros fatores devem sermantidos constante durante todo o processo.A manutenção dessas condições necessitaum monitoramento cuidadoso da fermentaçãoatravés de um sistema de controlepelo qual as condições ótimas podemser mantidas.O monitoramento do processo fornece importantesinformações quanto ao progresso dafermentação, essas indicam casos de contaminação,morte celular ou fermentações queocorrem de maneira fora do esperado.O avançodos processos fermentativos totalmenteautomatizados depende da existência de sensoresque produzam sinais significativos decontrole.3.5.1 CONTROLE DE PROCESSOExistem três possíveis objetivos para o controledo processo:1) Manter uma variável constante ao longo detempo2) Forçar uma variável a seguir o caminhopré-determinado ao longo do tempo3) Otimizar algumas funções das variáveis dosistemaO primeiro se consegue pela regulação, osegundo por mecanismos auxiliares, o terceiropor controladores ótimos.Todos os aparelhos de instrumentação sãogeralmente conhecidos como controladoresautomáticos. Em um sistema de controle setem quatro classes de variáveis:1) Variáveis controladas: é a variável de saídaque desejamos controlar.2) Variável manipulada: é a variável de entradacom a que se controla .3) Variável de distúrbio: variável de entradaque afeta a variável controlada.4) Variáveis de referência: é o valor desejadoda variável controlada.Os parâmetros que podem ser medidos emprocessos fermentativos:1) PARÂMETROS FÍSICOS:- Temperatura- Pressão- Consumo de potência- Viscosidade- Fluxo de aeração e de meio- Turbidez- Peso do fermentador2) PARÂMETROS QUÍMICOS:- pH- Oxigênio dissolvido- Oxigênio e gás carbônico nos gases de saída- Potencial de redox- Concentração de substrato- Concentração de produto- Força iônica3) PARÂMETROS BIOLÓGICOS:- Produtos biologicamente ativos- Atividade enzimática- Conteúdo de DNA e RNA- Conteúdo de NADH 2e ATP- Conteúdo em proteína1) Parâmetros Físicos:A – TEMPERATURAA taxa do crescimento microbiano , como todasas outras reações químicas, é uma funçãoda temperatura. Normalmente, os microrganismoscrescem em temperaturas que variamde 25 a 30ºC. Existem, quanto à temperatura38 <strong>Biotecnologia</strong> Ciência & <strong>Desenvolvimento</strong> - nº <strong>37</strong>
de crescimento, quatro grupos de microrganismos:· Psicrófilos: 14-20º C· Mesófilos: 30-36º C· Termófilos: 50-60º C· Extremo termófilos: 60-80º CA temperatura também afeta a eficiência daconversão do substrato (fonte de carbono –energia) em massa celular. O rendimentomáximo de conversão ocorre a temperaturamenor que a temperatura ótima de crescimento.Este ponto é particularmente importantena otimização do processo quando se esperaum máximo rendimento, mas não taxa de crescimento.As reações simultâneas que ocorrem no interiordas células, influenciam no crescimento eformação de proteínas enzimáticas, que apresentamrápidas variações de acordo com a faixade temperatura.Para cada microrganismo, existe um temperaturaótima de crescimento e de formação deproduto, em um substrato adequado; para umaotimização eficiente é necessário um controlede temperatura de 0,5º C.Os sensores de temperatura mais utilizadossão:- Termômetro: Utilizado somente em pequenosfermentadores devido a sua fragilidade.Em fermentadores maiores há a necessidadede inserir o termômetro dentro de um localpróprio dentro de fermentador; é apenas indicativoe não automatizado.- Termístor: São semicondutores feitos demisturas de óxidos de ferro, níquel e outrosmetais; a principal característica é a grandevariação da resistência em função de umapequena variação de temperatura.- Termômetro bimetálico: Consiste de umabobina bimetálica helicoidal protegida por umtubo, pode ser colocado na extremidade umacaneta para o registro de variações de temperatura.São menos suscetíveis a quebras porémcustam mais caro.- Termômetro de bulbo de pressão: É ummedidor de pressão conectado a um pequenotubo, preenchido com gás ou líquido apropriadosob pressão. Uma caneta é conectada naextremidade livre para o registro de sinaiselétricos ou pneumáticos.- Termopares: São dois filamentos de doismetais diferentes que são mantidos em diferentestemperaturas, ligados em um circuitoelétrico. A corrente produzida pode ser medidano ponto comum da temperatura dos doismetais.- Termômetros de resistência elétrica: Baseia-senas diferenças de resistência elétricados metais com a variação de temperatura.B – PressãoO monitoramento da pressão é importantedurante a esterilização e a manutenção de umapressão positiva no reator (aproximadamente1,2 absoluto) pode auxiliar a manutenção daassepsia; mas a razão mais importante é a segurança.Equipamentos industriais e de laboratóriosão projetados para suportar uma pressãoespecífica para a fermentação e mais umfator de segurança.Em fermentadores, medidores de diafragmasão utilizados para o monitoramento dapressão. Esses medidores produzem um sinalpneumático que pode ser transformado,se necessário, em um sinal elétrico. Éimportante que o sensor indique, registree controle a pressão.Para minimizar o risco de contaminaçãoutiliza-se uma sobre pressão de 0,2-0,5 bar.A pressão hidrostática também deve serconsiderada nos grandes fermentadores umavez que influencia na solubilidade do oxigênioe gás carbônico no meio de cultura.C – PotênciaDiferentes tipos de medições podem serfeitas para monitorar a potência necessáriapara fermentadores com agitação mecânica,normalmente mede-se a energia totalconsumida pelo agitador. A desvantagemdeste método porém, é que ele consideratambém as perdas observadas quando seaumenta a velocidade de agitação (ocorreaproximadamente 30% de perda de energia,utilizada pelo motor).Medidas diretas da energia dentro do meiode cultivo podem ser conseguidas utilizandomedidores dentro do reator.D – ViscosidadeA viscosidade e outras propriedades reológicasdo meio de cultivo podem ser medidas,através da energia consumida em diferentesvelocidades de agitação. Outro métodoutilizado, é o monitoramento da potênciadurante e após um rápido desligamentoda agitação (menos de 30 segundos).Fluídos Newtonianos e não Newtonianostambém respondem diferentemente aagitação.E – Velocidade de fluxo (Ar/Líquido)A aeração também pode ser controlada dediferentes maneiras, tanto o ar de entradacomo o ar de saída. O aparelho mais simples,rotâmetro, fornece leitura visual oupulsos elétricos. O monitoramento da taxade aeração é muito importante para os cálculosde balanço de material nos processosfermentativos.Para o controle da velocidade de fluxo delíquido, em escala laboratorial, são utilizadasbombas de fluxo bem calibradas, queabastecem o fermentador com quantidadesconhecidas do líquido. Controles de processosmais longos, podem ser feitos porpesagens contínuas. Um sensor de nível demeio pode ser utilizado já que detecta tambémo nível de espuma.2) Parâmetros Químicos:A – Sondas de pHO pH externo apresenta pouca influênciasobre o pH interno das células microbianas,mas o rompimento dos substratos , seutransporte pela parede celular e a secreçãodos produtos celulares, são todos afetadospelo valor do pH do ambiente. O pH domeio tem um efeito sobre a estrutura epermeabilidade da membrana externa.O pH é uma medida da atividade dos íons hidrogênioe sua determinação se da dependendoda temperatura. Porém, o sinal da sonda mudarácom a temperatura; é importante compensar oefeito da temperatura no circuito . Com a exigênciade esterilidade , as sondas esterilizáveisestão ganhando aceitação.B – O 2e CO 2:Um procedimento normal é determinar no arque entra e sai o O 2e o CO 2separadamentepelas propriedades paramagnéticas do O 2e oespectro de absorção de infravermelho do CO 2.Os sensores para medir esses gases estão bemdesenvolvidos e funcionam com poucas interrupções.O N 2, NH 3, metanol e etanol, podem ser medidospelo espectrômetro de massas e também podemedir informação qualitativa e quantitativa sobreo intercâmbio de O 2e CO 2. Mediante o usode membranas permeáveis aos gases, é possívelmedir os gases dissolvidos no meio nutritivo.Existem instrumentos que podem analisar até 8gases simultaneamente na fermentação.C – Oxigênio dissolvido (OD):O papel crítico que joga o oxigênio dissolvido(OD) num processo de fermentação é muitoimportante; as sondas de OD consistem em umacamisa de aço inox ou cristal que contém eletrodose um eletrólito adequado.Existem interessantes novidades no campo deeletrodos enzimáticos, denominados biosensores.4. Recuperação do Produto FinalÉ a etapa mais difícil, e um processo difícil ecaro, chegando a representar de 80% - 90% docusto total do processo.Os procedimentos utilizados podem ser : físicos/químicos e biológicos (graus de variação).. Filtração , centrifugação e flotação ( separaçãode células do líquido). Rompimento de células (caso produto seja intracelular).. Extração com solvente específico. Cromatografia. Filtração por membranas. Adsorção.Cristalização.SecagemOs autores dedicam este artigo à memória do ProfessorWalter BorzaniREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBORZANI,et al,2001.<strong>Biotecnologia</strong> Industrial-fundamentosv.1, 1º Ed. Edgard Blucher ltda-SP.SCHMIDELL,et al.2001. <strong>Biotecnologia</strong> Industrial-EngenhariaBioquímica v.2, 1º Ed. Edgard Blucherltda-SPREHM,et al,.Biotechnology – Biological Fundamentals,v.1, 2º Ed. VCH – WeinheimMOO-YOUNG,M.Comprehensive Biotechnology.The Principles of Biotechnology: ScientificFundamentals.V.1, Ed. Pergamon Press-Oxford.<strong>Biotecnologia</strong> Ciência & <strong>Desenvolvimento</strong> - nº <strong>37</strong> 39
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