PesquisaPATENTES DE COMPOSTOSOSQUÍMICO-F-FARMACÊUTICOSIlustrações cedidas pelas autorasA proteção de compostos químicos-farmacêuticos com fórmulas MarkushQueli Cruz BastosAluna de Doutorado do curso de Pós-Graduação em Tecnologia de ProcessosQuímicos e Bioquímicos da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro e Pesquisadoraem Propriedade Industrial do InstitutoNacional de Propriedade Industrial/INPIqueli@inpi.gov.brA matéria abordada neste artigo é parteintegrante da tese de doutorado da autora.Portanto, as argumentações e questionamentosexpressos não refletem, necessariamente,o entendimento institucional doINPI sobre a questão.Adriana Campos Moreira BrittoD.Sc., Especialista em Patentes da Coordenaçãode Gestão Tecnológica da FundaçãoOswaldo Cruz/GESTECadriana@fiocruz.brAdelaide Maria de Souza AntunesD.Sc., Professora Titular do Departamentode Processos Orgânicos da Escola deQuímica da Universidade Federal do Rio deJaneiroadelaide@eq.ufrj.brINTRODUÇÃOA proteção de um composto químicofarmacêutico por patentes édada por meio de reivindicações,e pode ser caracterizada por suaestrutura química (fórmula geral);por sua nomenclatura oficial daIUPAC; por suas propriedades físicas;ou por suas propriedades físico-químicas.Quando um compostoquímico é caracterizado por suafórmula estrutural, surgem as chamadas“fórmulas Markush”. As “fórmulasMarkush” são estruturas químicasque apresentam diferentesradicais substituintes pertencentesa diferentes grupos químicos. Assim,o termo “fórmula Markush”tem sido empregado para designarqualquer estrutura química quecontenha uma subestrutura requeridae um (ou mais) grupo(s) químicosvariáveis ou opcionais (Simmons,2003).A Figura 1 apresenta um exemplotípico de uma estrutura “Markush”que, de acordo com Milne(1991), pode representar cerca de1 967 324 000 estruturas distintas.Onde: A= NH ou CH;B = O, S, NR ou C=X;X = O ou S;n = 0 ou 1, onde n = 0 quando A= N;R = selecionado de H, halo, alquil,haloalquil,, nitro, amino, alquilamino,OH arilalcóxi e alcóxi.R 1, R 2, R 3= H, alquil, aralquil ou fenil(substituído por um ou mais substituintes)R 3e R 4formam uma ligação duplae R 5= H ou alquil quando A = NR 4e R 5formam uma ligação duplae R 3forma uma dupla ligação comA quando A = C com a condição deque ao menos um dos R 1e R 2é Hou alquilEste tipo de estrutura permite aeleição de um grande número desubstituintes, os quais podem se ligarà molécula em posições diversas,assim como através de diferentesarranjos dos mesmos. Como conseqüência,uma multiplicidade decompostos pode ser protegida apartir de uma única estrutura de representação.Contudo, embora estescompostos sejam estatisticamentepossíveis, nem todos poderão,necessariamente, ser concretizados.O termo “Markush” surgiu em 1923,quando o Dr. Eugene A. Markushdepositou um pedido de patentenos Estados Unidos, o qual estavaassociado a um método de prepararcorantes de pirazolina. Porém, otipo de reivindicação, depositadopor Eugene Markush, foi consideradoinespecífico pelo examinadorde patente norte-americano. Todavia,depois de apelar à Comissão dePatentes nos Estados Unidos, a patentefoi concedida em 1924 comoUS 1,506,316.60 <strong>Biotecnologia</strong> Ciência & <strong>Desenvolvimento</strong> - nº <strong>37</strong>
FIGURA 1. Estrutura “Markush”Markush não foi o primeiro inventora tentar abranger mais de umcomposto em um único pedido depatente. Quando comparada a reivindicaçõesanteriores, suareivindicação foi relativamentesimples, possuindouma linguagem genérica euma listagem curta decompostos específicos.Mas, os examinadores insistiamque uma reivindicaçãonão poderia abrangercompostos alternativos.Entretanto, após a decisãona Comissão de Patentesnos Estados Unidos, as reivindicações“Markush” foramcitadas por outros pedidosde patentes, e o nome “grupoMarkush” foi vinculado a reivindicaçõescontendo fragmentos químicos“selecionados de grupos consistindode” uma lista de alternativas.Com o passar do tempo, o formatoconhecido como uma reivindicação“Markush” tornou-se padrão,significando uma estrutura químicacom substituintes variáveis (Simmons,1991).Uma das maiores preocupações -não somente por parte da indústriafarmacêutica, como também das universidadese Instituições de pesquisaque realizam pesquisas nessa áreae investem no desenvolvimento denovos compostos farmacêuticos - éjustamente a proteção por patentesem virtude dos grandes gastos emP&D, pois o processo de invençãoe desenvolvimento de um novo medicamentoé longo e complexo, sendoque de 5 mil a 10 mil moléculasanalisadas, apenas uma se transformaem um medicamento aprovado.Um medicamento pode levarmais de 15 anos para ser produzido(Sá, 2007).No entanto, surgem dúvidas com relaçãoao escopo de proteção dessespedidos de patentes com “fórmulasMarkush”. E, neste sentido, é prudentelembrar que as reivindicaçõessão as especificidades da invençãopara as quais a proteção é requerida,ou melhor, os aspectos particularesque os inventores consideramcomo novidade em relação ao estadoda técnica existente até aquelemomento. Desta maneira, elas delimitame estabelecem os direitosdo titular da patente sobre a matériaobjeto de proteção. Enfim, as reivindicaçõessão, de fato, a invenção(Muller et al, 2001). Portanto,a preocupação em estabelecer critériose limites de forma a satisfazertanto o detentor da patentequanto ao usuário é objeto de grandediscussão, tendo em vista o forteimpacto dessas patentes de medicamentosna saúde pública. Os críticosdas patentes amplas frisam queas mesmas tendem a desencorajara inovação subseqüente por outrospesquisadores na área geral da patente.Em contraste, os defensoresde pedidos limitados destacam queestes incentivam outros a “contornar”a patente, proporcionandomenos restrições à pesquisa afimconduzida por outrem. Estes tambémressaltam que tais pedidos tendema estabelecer direitos menoscontestáveis, ou seja, menos vulneráveisa ações judiciais.Uma vez que, o Acordo TRIPS(Acordo sobre Aspectos dos Direitosde Propriedade Intelectual) permiteque os países membros doWTO (World Trade Organization)adotem suas próprias definições depadrões de patenteabilidade, ouseja, as invenções devem apresentarnovidade, atividade inventiva eaplicação industrial, mas em nenhummomento determina qualquer especificaçãocom relação ao critérioutilizado para definir a patenteabilidade,esta flexibilidade permite quediferentes critérios sejam adotadosem cada país. Dessa forma, umaampla reivindicação, como a deuma estrutura “Markush” pode seranalisada de diferentes maneiras, deacordo com os critérios adotadosem cada país membroda WTO.Portanto, dado os efeitossubstanciais que uma patentepode ter na competiçãoe, então, sobre preçosde medicamentos, os critériosque são aplicados parao exame e concessão dapatente farmacêutica sãoextremamente relevantespara a política da saúde pública.Para tal, o presente trabalhotem por objetivomostrar características das reivindicaçõesde compostos químico-farmacêuticoscom “fórmulas Markush”,os problemas associados aelas e as soluções propostas.PROBLEMAS ASSOCIADOS AREIVINDICAÇÕES MARKUSHOs problemas relacionados às reivindicações“Markush” são decorrentesdo fato destas serem caracterizadaspor definições genéricas, ouseja, um composto químico é definidopor uma fórmula estrutural quepode dar origem a milhões de compostos.Um dos primeiros problemas relacionadosàs reivindicações “Markush”amplas é a busca por anterioridadespara se estabelecer o critériode novidade; pois, em virtudedos milhões de compostos que podemser pesquisados, esta se tornadesestimulante. Esse fato ocorre devidoaos programas utilizados parabusca de compostos “Markush” seremlaboriosos e, conseqüentemente,consumirem considerável tempopara a preparação do banco dedados, o que torna a ocorrência deerros freqüente durante o processamento.Além disso, pesquisasmuito abrangentes podem levar aum grande número de falsos resultados,tornando o banco de dadosmuito caro e ineficaz (Ustinova &Chelisheva, 1996).Outro fator problemático é a avali-<strong>Biotecnologia</strong> Ciência & <strong>Desenvolvimento</strong> - nº <strong>37</strong> 61
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