05.12.2016 Views

Saberes Necessarios para uma Educação Inclusiva

  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

cadores, estimulando a participação social<br />

do aluno junto a aulas diversificadas e soluções<br />

de aprendizagem, que permitam a sua<br />

construção na área ambiental e cultural, resgatando<br />

o respeito por meio da história da<br />

identidade e do modo de falar do orgulho de<br />

ser afrodescendente. Para isso, os seguintes<br />

objetivos específicos foram delineados:<br />

• Compreender a cultura milenar dos africanos<br />

e afro-brasileiros em relação à<br />

água.<br />

• Perceber as interferências negativas e<br />

positivas que o homem pode fazer na natureza,<br />

a partir de sua realidade social e<br />

cultural.<br />

• Adotar, por meio de atitudes cotidianas,<br />

medidas de valorização da água, a partir<br />

de <strong>uma</strong> postura crítica.<br />

• Explorar o meio ambiente com curiosidade,<br />

percebendo-se como ser integrante,<br />

dependente, transformador e, acima de<br />

tudo, que tem atitudes de conservação.<br />

O projeto foi organizado de forma interdisciplinar,<br />

transitando entre conteúdos de<br />

Artes, História, Geografia, Ciências e Ensino<br />

Religioso. Os alunos vivenciaram diferentes<br />

experiências nessas áreas. Por meio da linguagem,<br />

eles ouviram relatos, registraram<br />

conhecimentos, ampliaram a leitura.<br />

Vivências, leituras e outros contatos<br />

Ao apresentar um baú cheio de jogos referentes<br />

ao meio ambiente, chamado ECOTE-<br />

CA, os alunos ficaram entusiasmados com<br />

tantos jogos. Resolvemos abrir todos <strong>para</strong><br />

ver. Então, iniciamos atividades com quebracabeças,<br />

pois foram os que mais chamaram<br />

a atenção das crianças. No entanto, quando<br />

eles conseguiram montar os jogos, perceberam<br />

que as imagens mostravam destruição<br />

da natureza. Logo as crianças me faziam<br />

perguntas sobre o assunto. Foi aí que consegui<br />

entrar no meu objetivo, falar da falta de<br />

respeito do homem com a natureza e também<br />

como a cultura africana respeita a natureza<br />

a milhares de anos nessas questões.<br />

A água, por exemplo, é muito respeitada pelos<br />

povos de muitas religiões, especialmente<br />

a dos povos africanos, pois o líquido é sagrado<br />

e respeitado quando é usado. Até os rituais<br />

do batismo das pessoas são feitos nas<br />

águas, assim como no fogo, na terra e no ar.<br />

Para essa cultura, o elemento natureza deve<br />

ser sagrado. Também fomos fazer <strong>uma</strong> visita<br />

a um rio poluído. Registramos toda a visita<br />

com <strong>uma</strong> máquina fotográfica. Depois voltamos<br />

<strong>para</strong> a sala de aula, discutimos sobre a<br />

importância de um rio não ser poluído, pois<br />

não tinha peixes - nada de seres vivos naquele<br />

rio. Então, com a ajuda de lápis e papel,<br />

fizemos textos e desenhos referentes ao<br />

meio ambiente, repudiando as atitudes de<br />

destruição com a natureza.<br />

Com entendimento de estar em um espaço<br />

escolar, aceitei um convite da professora do<br />

quarto ano <strong>para</strong> apresentar o projeto A cultura<br />

africana: sabedoria milenar que protege<br />

a natureza. Contudo, <strong>para</strong> que esse momento<br />

tivesse um encantamento maior, solicitei<br />

que as crianças, com ajuda de avó ou da mãe,<br />

trouxessem de casa folhas verdes das ervas<br />

medicinais plantadas em seus canteiros.<br />

Para minha surpresa, quase todas as crianças<br />

trouxeram diferentes folhas curativas. Espalhamos<br />

as folhas sobre <strong>uma</strong> mesa e fui explicando<br />

folha por folha e as suas propriedades<br />

curativas. Os alunos ficaram curiosos e logo<br />

queriam saber mais sobre as folhas que eles<br />

mesmos trouxeram de casa. Muito impressionados<br />

com a explanação do conteúdo,<br />

também quiseram saber mais sobre a cultura<br />

milenar africana, trazida pelos negros escravizados<br />

aqui no Brasil. Depois, apresentei um<br />

texto complementar: O malabarismo das folhas.<br />

Esse texto relata <strong>uma</strong> história de como<br />

um senhor das divindades havia descoberto<br />

o poder das folhas. Eles ficaram atentamente<br />

acompanhando a leitura emocionados. Assim,<br />

percebi que valeu a pena aquele momento<br />

rico de aprendizagem.<br />

Na sala do Espaço de Vivências em Alfabetização,<br />

convidei a avó de <strong>uma</strong> das crianças<br />

<strong>para</strong> falar sobre o conhecimento da cultura<br />

africana, pois ela é afrodescendente e teria<br />

muito a colaborar com o projeto. Não poderia<br />

ter sido melhor escolha, pois os alunos<br />

ouviram com atenção toda fala da senhora,<br />

sobre os conhecimentos aprendidos pelos<br />

seus ancestrais e aprendizagem que carrega<br />

ao longo de sua vida. Ela falou sobre o poder<br />

de cura que as folhas de alg<strong>uma</strong>s ervas<br />

têm e as propriedades medicinais contidas.<br />

Enquanto falava, percebia a emoção dela<br />

36 A cultura africana: sabedoria milenar que protege a natureza

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!