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Volume 1 - Robert Bresson - Via: Ed. Alápis

O Cinema da Universidade de São Paulo (CINUSP “Paulo Emílio”), órgão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, e o Centro Cultural São Paulo apresentam retrospectiva integral dos longas-metragens de Robert Bresson, cineasta francês entre os mais importantes nomes do cinema. Juntamente à mostra de filmes, editamos este presente catálogo, o primeiro volume da Coleção CINUSP, que visa aprofundar a temática das mostras colaborando para a formação da cinefilia do público jovem.

O Cinema da Universidade de São Paulo (CINUSP “Paulo Emílio”), órgão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, e o Centro Cultural São Paulo apresentam retrospectiva integral dos longas-metragens de Robert Bresson, cineasta francês entre os mais importantes nomes do cinema. Juntamente à mostra de filmes, editamos este presente catálogo, o primeiro volume da Coleção CINUSP, que visa aprofundar a temática das mostras colaborando para a formação da cinefilia do público jovem.

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dá muito medo, porque eu vejo todos esses filmes que são aceitos pelo<br />

público e eu não vejo os meus filmes sendo aceitos pelo público. E eu<br />

tenho medo. Medo de propor algo para um público que está sensibilizado<br />

por outra coisa e que é insensível ao que faço. Mas é também por<br />

isso que me interessa ir ao cinema ocasionalmente. Para ver o descompasso<br />

que existe. Então, eu percebo que, inconscientemente, eu me<br />

afasto mais e mais de um cinema que, na minha opinião, começou<br />

com o pé errado, ou seja, está se afundando no show de variedades, no<br />

teatro filmado, e que está perdendo completamente a sua força e o seu<br />

interesse (e não apenas o seu interesse, mas o seu poder), e que está<br />

tendendo ao desastre.<br />

Não porque os filmes custem muito, ou porque a televisão seja uma<br />

rival, não, mas simplesmente porque este cinema não é uma arte, embora<br />

ele alegue ser uma; não é senão uma falsa arte que tenta se expressar<br />

na forma de outra arte. Ora, não há nada pior e mais ineficiente<br />

do que este tipo de arte.<br />

Quanto ao que eu estou fazendo como cinema, com imagens e sons,<br />

é claro que eu sinto que não sou eu que estou enganado, e que são<br />

os outros que o estão. Mas tenho também a impressão, primeiro, de<br />

me encontrar na presença de muitos meios (que estou tentando reduzir,<br />

porque o que mata o cinema é a profusão de meios, o luxo – e<br />

o luxo nunca trouxe nada para as artes), e de estar na posse de meios<br />

extraordinários.<br />

Isso me leva a dizer uma coisa: parece que as artes – as belas artes, se<br />

você preferir – estão em declínio, e até mesmo no seu fim. Elas estão<br />

morrendo.<br />

Godard: Eu penso o mesmo também.<br />

<strong>Bresson</strong>: Já não sobra quase nada. Em breve, elas deixarão de existir.<br />

Mas, curiosamente, se elas estão morrendo por conta do cinema, rádio<br />

e televisão, é precisamente este cinema, rádio e televisão que vão<br />

acabar por recriar uma arte, por recriar as artes – mas de uma maneira<br />

totalmente diferente, é claro, e talvez até mesmo a palavra ‘arte’ não<br />

seja mais usada. Enfim, de qualquer forma, não será mais a mesma<br />

coisa.<br />

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