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Volume 1 - Robert Bresson - Via: Ed. Alápis

O Cinema da Universidade de São Paulo (CINUSP “Paulo Emílio”), órgão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, e o Centro Cultural São Paulo apresentam retrospectiva integral dos longas-metragens de Robert Bresson, cineasta francês entre os mais importantes nomes do cinema. Juntamente à mostra de filmes, editamos este presente catálogo, o primeiro volume da Coleção CINUSP, que visa aprofundar a temática das mostras colaborando para a formação da cinefilia do público jovem.

O Cinema da Universidade de São Paulo (CINUSP “Paulo Emílio”), órgão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, e o Centro Cultural São Paulo apresentam retrospectiva integral dos longas-metragens de Robert Bresson, cineasta francês entre os mais importantes nomes do cinema. Juntamente à mostra de filmes, editamos este presente catálogo, o primeiro volume da Coleção CINUSP, que visa aprofundar a temática das mostras colaborando para a formação da cinefilia do público jovem.

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adjetivado como místico ou transcendente. De fato, seus filmes geram<br />

efeitos inusitados na sensibilidade do espectador, que os assiste como<br />

sessões de revelação espiritual. Já se chegou a dizer que ver um filme<br />

de <strong>Bresson</strong> é como ir à missa, e a ironia não parece excessiva. A missa<br />

para um crente é um ato ritual, uma mecânica representativa, na qual,<br />

não obstante, opera um milagre: a conversão do pão e vinho em<br />

corpo e sangue de Cristo; os filmes de <strong>Bresson</strong> são também (segundo<br />

suas próprias palavras) uma mecânica que faz surgir o desconhecido.<br />

Eles se referem constantemente a algo inefável, que não se vê, mas<br />

se pressente. A vida, errâncias, afãs e desgraças de suas personagens,<br />

carentes de sossego e liberdade, parecem ditados por essa força<br />

superior e misteriosa cuja existência se verifica em finais fatalistas.<br />

Estes efeitos transcendentes do cinema de <strong>Bresson</strong> não<br />

são, entretanto, consequência de uma vontade divina, mas de uma<br />

cuidadosa e particular eleição e combinação de elementos. Melhor<br />

dizendo, são produtos do estilo. Um estilo ajustado, como poucos,<br />

aos temas e argumentos dos filmes que compõe.<br />

O peso da matéria<br />

Eric Rohmer (outro cineasta “programático” como <strong>Bresson</strong>)<br />

disse com lógica contundente que é impossível mostrar o invisível,<br />

porque ninguém o viu. Qualquer amostra do invisível é, portanto,<br />

falsa. O invisível só pode ser aludido, não mostrado; e unicamente<br />

através do visível. O registro do espírito só pode ser feito por meio<br />

da matéria, o modo exclusivo de dar conta da existência da alma é<br />

através do corpo.<br />

De acordo com esta crença, o cinema de <strong>Bresson</strong> ostenta<br />

uma aparência quase documental e não só é estranho a qualquer<br />

imagem sobrenatural vinculada ao fantástico, mas também objetos e<br />

corpos são extremamente tangíveis nele. No entanto, é também um<br />

cinema que cria, como poucos, um efeito de presença inquietante de<br />

uma entidade invisível, ora chamada de graça, ora de desconhecido,<br />

ora de inefável.<br />

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