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Volume 1 - Robert Bresson - Via: Ed. Alápis

O Cinema da Universidade de São Paulo (CINUSP “Paulo Emílio”), órgão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, e o Centro Cultural São Paulo apresentam retrospectiva integral dos longas-metragens de Robert Bresson, cineasta francês entre os mais importantes nomes do cinema. Juntamente à mostra de filmes, editamos este presente catálogo, o primeiro volume da Coleção CINUSP, que visa aprofundar a temática das mostras colaborando para a formação da cinefilia do público jovem.

O Cinema da Universidade de São Paulo (CINUSP “Paulo Emílio”), órgão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, e o Centro Cultural São Paulo apresentam retrospectiva integral dos longas-metragens de Robert Bresson, cineasta francês entre os mais importantes nomes do cinema. Juntamente à mostra de filmes, editamos este presente catálogo, o primeiro volume da Coleção CINUSP, que visa aprofundar a temática das mostras colaborando para a formação da cinefilia do público jovem.

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a você. É assim, é dessa forma que entramos na criação cinematográfica,<br />

uma forma que pode levar muito longe.<br />

Isso quer dizer que meu personagem não muda apenas em relação a<br />

mim. Se você quiser: eu me ilumino com sua luz e ele se ilumina com<br />

a minha. É uma mistura, uma espécie de fusão. É uma cera... São duas<br />

ceras que se derretem uma na outra, até um ponto...<br />

Mas é aos poucos que fui percebendo isso, e é só agora que eu vejo,<br />

que eu vejo isso como uma riqueza enorme, mas isso só é possível<br />

com os não-atores.<br />

Delahaye: Mas um não-ator não pode também revelar algo de si em<br />

um filme, algo que ele não revela na realidade, algo que ele mesmo,<br />

talvez, não suspeite que é dele? Por exemplo, uma pessoa muito serena<br />

na vida pode se apresentar no filme, sem o buscar, como alguém duro<br />

ou corajoso.<br />

<strong>Bresson</strong>: É possível, sim. Ele então mostra uma dureza que ele nunca<br />

permitiu ver. E isso que é incrível. Porque nós somos complexos. É<br />

por isso que, quando você quer mostrar uma pessoa serena no cinema,<br />

é um erro tentar fazer ela ser serena. Pois ela também tem o contrário<br />

nela.<br />

Mas o público é apaixonado pelo falso. Por quê? Porque o teatro é um<br />

hábito que vai demorar muito tempo para se perder. E o fato de ir ao<br />

teatro... O que quero dizer, é que não haveria nenhum teatro se não<br />

houvesse um pressuposto de falsidade da parte do criador. Pois não há<br />

teatro sem o falso. E a falsidade do ator é indispensável. Bom. Mas, então,<br />

não vamos colocar esse ator falso em frente de uma câmera (que<br />

é um milagre), e que captura coisas que nem os olhos ou ouvidos podem<br />

captar. Porque dar a ela o falso? Dê a ela o verdadeiro!<br />

Não há nenhum interesse em dizer a um homem: estou fazendo um<br />

documento seu, que vou colocar nos arquivos, e depois vão dizer dele:<br />

esta é a forma como fazíamos comédia em 1966.<br />

Mas isto não é ir contra o que você faz e contra o que você sente, Jean-<br />

Luc Godard. É somente o que você me indagou... Mas você sabe que<br />

eu gosto do que você faz e me revigora muito ir ver seus filmes.<br />

Mas você também está em uma área que não é o domínio de costume.<br />

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