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Educação no Século XXI - Volume 39 – Matemática, Química, Física

Ciências 10 , não seja impróprio explicitar duas questões cujas soluções continuam em aberto. A primeira

delas, conforme ficou demonstrado, é reincidente: a oferta de um ensino compatível com o mundo

moderno e contemporâneo. A outra incipiente: a inclusão de pessoas com necessidades especiais no

ensino regular.

Outro debate que nos parece merecer aprofundamentos diz respeito ao ensino de pós-graduação, uma vez

que é notória a expectativa de que seus resultados adquiram um caráter mais amplo que o exclusivamente

acadêmico. Vale igualmente salientar que a pós-graduação é a principal responsável pela formação de

quadros tanto para a pesquisa como para o magistério superior, atendendo necessidades da própria pósgraduação

bem como originadas pelo crescimento econômico do país e da expansão do sistema

universitário nacional.

Por isso a precariedade da nossa Educação Básica atestada por avaliações como Enem, Saeb, Prova Brasil

ou Pisa tornou-se obstáculo significativo para a melhoria do capital humano nas universidades, porque

essa baixa qualidade educacional puxa a qualidade do ensino superior para baixo.

Já com relação ao preenchimento das vagas docentes nos departamentos de Física, se estamos avaliando

satisfatoriamente os candidatos à docência de Física no ensino superior, a esta interrogação foi dedicado

um editorial da Revista Brasileira de Ensino de Física (OLIVEIRA, 2004), mas ela se mantém atual.

Sobre a aplicação dos resultados da pesquisa em ensino de Física na sala de aula (PENA, 2004),

recentemente passou a acompanhar progressos dessa ordem originados nos programas de mestrado

profissional em ensino de Física.

Ademais, complementarmente a tais apontamentos, cabe referenciar os resultados do colóquio promovido

pela Sociedade Brasileira de Física em conjunto com o Ministério da Educação, denominado: “Ensino de

Física - Reflexões”, em 2005, em que foram apresentadas recomendações para subsidiar políticas públicas

com o propósito de modificar esse quadro educacional (SBF, 2005).

Mais recentemente dados apresentados pelo Censo da Educação Superior 2017/INEP apontam para

1.549.440 alunos que frequentam cursos de licenciatura no Brasil, o que representa 19,3% do total de

alunos na Educação Superior de graduação. Dos 15 maiores cursos de graduação em licenciatura em

número de matrículas em 2017, o curso de formação de professores de Física ocupa a 11 a colocação com

28.243 matrículas. Além disso, a evolução dos indicadores da trajetória dos estudantes ingressos no Brasil

entre 2010-2015 nos cursos de formação de professores de Física aponta: 15% de taxa de permanência;

22,8% de taxa de conclusão e 62,2% taxa de desistência.

Por outro lado, de acordo com o Censo Escolar da Educação Básica 2017/INEP, foi possível estabelecer 5

categorias de adequação da formação dos docentes em relação à disciplina Física para o Ensino Médio,

conforme apresentado a seguir: 42,6% são docentes com formação superior de licenciatura em Física, ou

bacharelado em Física com curso de complementação pedagógica concluído; 2,2% são docentes com

formação superior de bacharelado em Física, mas sem licenciatura ou complementação pedagógica; 38,6%

são docentes com licenciatura em área diferente da Física, ou com bacharelado nas disciplinas da base

curricular comum e complementação pedagógica concluída em área diferente da Física; 8,1% são docentes

com outra formação superior não considerada nas categorias anteriores e 8,5% são docentes que não

possuem curso superior completo.

Alavancar o número de professores com formação de nível superior com licenciatura em Física constituise

em um enorme desafio para o país e para superá-lo podemos destacar entre as inúmeras ações:

melhoria nas condições de trabalho, profissionalização da carreira docente, cursos de formação inicial e

continuada, conteúdos atualizados, metodologias contemporâneas de aprendizagem, tecnologias digitais

etc.

Por fim, para além das situações apresentadas, chamam atenção os fatos da falta de entusiasmo dos

10 Entende-se por: a) Educação em Ciências: “A educação em ciências [...] tem por objetivo fazer com que o aluno venha a

compartilhar significados no texto das ciências, ou seja, interpretar o mundo desde o ponto de vista das ciências, manejar

alguns conceitos, leis e teorias científicas, abordar problemas raciocinando cientificamente, identificar aspectos históricos,

sociais e culturais das ciências” (MOREIRA, 1998, p. 71); b) Pesquisa em Educação em Ciências: “É produção de

conhecimentos sobre educação em ciências; busca de respostas a perguntas sobre ensino, aprendizagem, currículo e contexto

educativo em ciências e sobre o professorado de ciências e sua formação permanente, dentro de um quadro epistemológico,

teórico e metodológico consistente e coerente. [...] todos esses aspectos [desenvolvimento instrucional e curricular em

ciências, desenvolvimento profissional do professorado, desenvolvimento organizacional e o da gestão escolar] influem na

educação em ciências e podem ser enfocados como atividade de pesquisa. Quer dizer, pesquisa em educação em ciências é

produção de conhecimento nesse campo [...]” (Moreira, ibid., p. 71-72).

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