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A hermenêutica do sujeito - OUSE SABER!

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546 A HERMEmUTlCA DO SUJEITO<br />

das as provas que foram distribuídas em tomo destes <strong>do</strong>is<br />

personagens, arrasta<strong>do</strong>s pela série de atribulações, to<strong>do</strong>s<br />

estes episódios servem para saber em que medida eles poderão<br />

conservar a virgindade, virgindade que me parece ser,<br />

nesta literatura, como que a forma visível da relação consigo,<br />

da relação consigo em sua transparência e em seu <strong>do</strong>mínio.<br />

Vemos surgir aqui, como figura metafórica da relação consigo,<br />

O tema tão fundamental da virgindade, que reencontraremos<br />

na espiritualidade cristã e que terá tantas conseqüências.<br />

Manter a virgindade, e que esta virgindade seja<br />

total, integral, tanto para o rapaz quanto para a jovem, até o<br />

momento em que, enfim volta<strong>do</strong>s para junto de si, se reencontrem<br />

e se casem legalmente. A manutenção desta virgindade,<br />

a meu ver, não é senão a expressão figurada daquilo<br />

que, ao longo das atribulações da vida, deve ser preserva<strong>do</strong><br />

e manti<strong>do</strong> até o fim: a relação consigo. Repetin<strong>do</strong>, vive-se<br />

para si.<br />

É isto o que eu tinha a lhes dizer sobre a vida como<br />

prova. Teremos ainda uma aula em que procurarei lhes falar<br />

um pouco sobre o outro conjunto de exercícios: não mais<br />

o gymnázein (isto é, exercício, treino em situação real), mas<br />

o exercício de pensamento (meletân, meditação). É claro não.<br />

teremos, então, o tempo necessário para terminar. Não sei<br />

se darei ainda uma aula após a Páscoa. To<strong>do</strong>s vocês sairão<br />

na Páscoa? Enfim, eu não sei, veremos. Obriga<strong>do</strong>.<br />

NOTAS<br />

1. "Não vês a diferença que existe entre a ternura de um pai<br />

e a de uma mãe? O pai acorda seus filhos antes da hora a fim de<br />

enviá-los ao trabalho, não tolera sequer que eles repousem nos<br />

dias de festa, faz escorrer-lhes o suor, quan<strong>do</strong> não suas lágrimas.<br />

A mãe, bem ao contrário, abriga-os em seu seio, guarda-os em sua<br />

sombra, impede que os magoem, que os façam chorar, que os extenuem.<br />

Deus tem para os homens de bem a alma de um pai e os<br />

ama vigorosamente (il/os JOrliter amat)" (De la providence, lI, 5-6, in<br />

Sénéque, Dialogues, t. N, trad. Ir. R. Waltz, ed. citada, pp. 12-3).<br />

2. Id., 6 (p. 13).<br />

3. Alusão a Lutero: 11 esta peccator, et pecca fortiter, sed fortius<br />

fide et gaude in Christo qui Victor est peccati, mortis et mundi [. .. ] ora<br />

fortiter; es enim fortissimus peccator" (carta a Melanchton de 1 de<br />

agosto de 1521, citada in L. Febvre, Un destino Marlin Luther, Paris,<br />

PUF, 1968, p. 100). Poderiamos assim traduzir: "Sê peca<strong>do</strong>r e peca<br />

muito, mas guarda ainda mais tua fé e tua alegria em Cristo, vence<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> peca<strong>do</strong>, da morte e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>! Reza muito! Pois tu és um<br />

peca<strong>do</strong>r ainda maior."<br />

4. "Deus [ ... 1 não poupa o homem de bem; prova-o, endurece-o,<br />

toma-o digno dele (sibi il/um parat)" (De la providence, !, 6,<br />

p. 12; E. Bréhier traduz: "ele o prepara para si" (in Les Stoieiens, !lp.<br />

cit., p. 758).<br />

5. Q. o desenvolvimento deste tema na aula de 6 de janeiro,<br />

segunda hora.

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