15.04.2013 Views

A hermenêutica do sujeito - OUSE SABER!

A hermenêutica do sujeito - OUSE SABER!

A hermenêutica do sujeito - OUSE SABER!

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

550 A HERMENWTICA DO SUJEITO<br />

tarde, a Erótica tanto religiosa quanto profana: a existência de uma<br />

relação 'heterossexual' e marcada por um pólo masculino e um<br />

pólo feminino, a exigência de uma abstinência que se modela muito<br />

mais sobre a integridade virginal <strong>do</strong> que sobre a <strong>do</strong>minação política<br />

e viril <strong>do</strong>s desejos; e, finalmente, a realização e a recompensa<br />

dessa pureza numa união que tem a forma e o valor de um casamento<br />

espiritual" (pp. 262-3). [O cuida<strong>do</strong> de si, op. cit., p. 225. (N.<br />

<strong>do</strong>s T.)]<br />

AULA DE 24 DE MARÇO DE 1982<br />

Primeira hora<br />

Indicação <strong>do</strong>s pontos alcança<strong>do</strong>s na aula precedente. - A<br />

apreensão de si por si no Alcibíades de Platão e nos textos filoroficos<br />

<strong>do</strong>s séculos I e II: estu<strong>do</strong> cnmparativo. - As três grandes<br />

formas ocidentais de reflexividade: a reminiscência; a meditação;<br />

o méto<strong>do</strong>. - A ilusão da historiografia filosófica ocidental<br />

contemporânea. - As duas séries meditativas: a prova <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong><br />

de verdade; a prova <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> de verdade. - A desqualificação<br />

grega da projeção no porvir: o prima<strong>do</strong> da memória; o<br />

vazio ontológico-ético <strong>do</strong> futuro. - O exerdcio estóico de presunção<br />

<strong>do</strong>s males como preparação. - Gradação da prova de presunção<br />

<strong>do</strong>s males: o possível, o certo, o iminente. - A presunção<br />

<strong>do</strong>s males como obstrução <strong>do</strong> porvir e redução de realidade.<br />

Pareceu-me possível distinguir <strong>do</strong>is grupos principais<br />

na grande família <strong>do</strong>s exercícios característicos da ascética<br />

<strong>do</strong>s filósofos. O grupo que poderíamos colocar sob o signo<br />

<strong>do</strong> gymnázein (a saber, <strong>do</strong> treino em situação real). E, dentro<br />

desta família, pareceu-me possível distinguir, de maneira certamente<br />

um tanto esquemática e por comodidade, as práticas<br />

de abstinência de um la<strong>do</strong> e, de outro, o regime das provas.<br />

Tentei mostrar-lhes como, a partir deste regime, a partir<br />

desta idéia, deste princípio <strong>do</strong> regime das provas, chegávamos<br />

a um tema, creio, bastante fundamental nesta forma de<br />

pensamento, a saber, que a vida por inteiro devia ser exercida,<br />

praticada como prova. Ou ainda, se quisermos, que a<br />

vida, que inicialmente e a partir <strong>do</strong> pensamento grego clássico,<br />

era o objeto de uma tékhne, tomava-se agora uma espécie<br />

de grande ritual, de ocasião perpétua da prova. Creio<br />

que foi muito importante esta inserção ou, por assim dizer,<br />

esta reelaboração da tékhne como prova, ou o fato de que a<br />

tékhne devia ser agora uma espécie de preparação permanente<br />

para uma prova que dura tanto quanto a vida.<br />

I<br />

J

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!