NA SENDA DA IMAGEM A Representação ea Tecnologia na Arte
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A sensação de proximidade ou de<br />
distanciamento de uma fonte sonora é um outro<br />
indicador de grande relevância. Este conceito de<br />
profundidade da imagem sonora como<br />
consequência da sua distância tem uma relação<br />
directa com o conteúdo espectral do som, ou<br />
melhor com a variação desse conteúdo<br />
espectral. Quanto mais afastado um som se<br />
encontrar mais diluída será a percepção da sua<br />
riqueza tímbrica. Diluição esta efectuada a partir<br />
de processos de filtragem vários durante a<br />
travessia do som pelo espaço acústico, sendo a<br />
mais comu m a perda de energia dos parciais<br />
agudos do espectro sonoro.<br />
É de notar ainda a importante diferença entre a<br />
mudança no conteúdo espectral do som quando<br />
este se aproxima ou se afasta do ouvinte, e a<br />
variação do seu espectro quando esse som é<br />
emitido <strong>na</strong> mesma localização física mas com<br />
níveis de intensidade diferentes. Neste último<br />
caso o aparelho auditivo consegue identificar<br />
que o som está imóvel e que a mudança<br />
espectral tem a ver não com o factor distância,<br />
mas sim com outros factores que influenciam a<br />
produção sonora, como o esforço <strong>na</strong> excitação<br />
dessa fonte sonora.<br />
Sob o ponto de vista físico de propagação de<br />
ondas sonoras, a quantidade de energia acústica<br />
que existe numa frente de onda muda em função<br />
da sua distância à origem de propagação. Esta<br />
mudança é determi<strong>na</strong>do pela ‘lei do inverso da<br />
distância ao quadrado’. Os resultados da<br />
aplicação desta lei revelam que um som perde<br />
seis decibeis no nível da sua intensidade cada<br />
vez que duplica a distância que possui em<br />
relação ao ponto de origem da emissão. Esta é<br />
uma medição obtida directamente a partir de um<br />
cálculo matemático indiferente ao<br />
funcio<strong>na</strong>mento biológico do aparelho auditivo<br />
humano.<br />
dB<br />
SPL<br />
85<br />
1<br />
'<br />
79 73<br />
2<br />
'<br />
Fig. 7 Percepção da intensidade sonora em função da<br />
distância<br />
Medições da sensação de intensidade sonora<br />
r<strong>ea</strong>lizadas em função do carácter subjectivo da<br />
4<br />
'<br />
67<br />
8<br />
'<br />
audição huma<strong>na</strong> revelam que a duplicação da<br />
distância corresponde a uma diminuição do<br />
nível de intensidade em cerca de nove decibeis.<br />
É ainda importante considerar a familiaridade<br />
do ouvinte com o som a ser escutado uma vez<br />
que esta influi significativamente <strong>na</strong> apreciação<br />
sujectiva do nível de intensidade sonoro.<br />
Os indicadores de localização sonora<br />
provenientes da reflexão do som e da<br />
reverberação estão directamente relacio<strong>na</strong>dos<br />
com a noção de espaço acústico, um espaço de<br />
audição e de difusão do som. Essa noção é<br />
multidimensio<strong>na</strong>l e polivalente sendo as suas<br />
características hoje estudadas com meios<br />
informáticos que permitem manus<strong>ea</strong>r as leis que<br />
regem a propagação e o comportamento das<br />
ondas sonoras dentro dos seus limites. Esta<br />
pesquisa tem vindo a permitir a simulação dos<br />
mais variados ambientes acústicos, a sua<br />
distorsão e a invenção de ambientes acústicos<br />
virtuais de características totalmente inovadoras.<br />
Da mesma maneira que no campo visual a<br />
noção de espaço só faz sentido quando se cria<br />
espaço, ou seja quando são colocados objectos<br />
que podem definir os contornos e as<br />
características desse espaço. No campo sonoro<br />
só se pode falar de espaço acústico quando<br />
também se criam fronteiras físicas,<br />
ár<strong>ea</strong>s/espaços delimitados para a emissão e<br />
difusão do som. Mesmo os chamados espaços<br />
livres ou abertos possuem limites físicos embora<br />
numa ordem de grandeza muito superior e de<br />
maior indefinição em termos dos seus<br />
contornos. Um espaço acústico fechado é por<br />
definição um espaço como um volume limitado<br />
onde as ondas sonoras se podem reflectir,<br />
misturar e onde acabarão por se diluir e<br />
extinguir.<br />
Direct sound<br />
Early reflections<br />
Late reflections (dense reverberation)<br />
96<br />
Copyright © ARTECH 2004 – 1º Workshop Luso-Galaico de <strong>Arte</strong>s Digitais 12 de Julho de 2004, FC - UL<br />
Time<br />
Fig. 8 Som directo, primeiras reflexões e som<br />
reverberante.<br />
É nestes espaços que uma grande parte da<br />
audição sonora e sobretudo da audição musical<br />
tem lugar e é sobre este tipo de espaço acústico<br />
que a maior parte da pesquisa <strong>na</strong> criação de<br />
ambientes acústicos orienta o seu estudo.<br />
Obviamente existe um grande interesse <strong>na</strong><br />
criação de ferramentas de software que<br />
permitam também criar espaços acústicos<br />
i<strong>na</strong>uditos, cuja existência no mundo físico seria<br />
altamente improvável ou mesmo impossível de