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NA SENDA DA IMAGEM A Representação ea Tecnologia na Arte

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microscópio que permite ouvir micróbios,<br />

transformando os seus movimentos em sons, e mais<br />

recentemente uma forma de utilizar ADN como<br />

emulsão fotográfica.<br />

Nos seus trabalhos Eduardo Kac também tem<br />

introduzido ADN em organismos, mas ao contrário<br />

de Davis, Kac não trabalha directamente em<br />

laboratórios [14]. Os seus trabalhos são r<strong>ea</strong>lizados<br />

por cientistas com os quais colabora. Em “Genesis”<br />

introduziu em bactérias uma molécula de ADN onde<br />

codificou uma passagem do Livro da Génese onde<br />

se descreve a criação do homem. Os visitantes da<br />

exposição têm a oportunidade de activar uma<br />

lâmpada de luz ultra-violeta que provoca mutações<br />

<strong>na</strong>s bactérias. No fim da exposição a molécula de<br />

ADN de algumas das bactérias é sequenciada para<br />

determi<strong>na</strong>r como a frase foi alterada devido à acção<br />

dos visitantes da<br />

Fig. 3. Functio<strong>na</strong>l Portrait: Patricia Playing the<br />

Piano, Marta de Menezes, 2002. Frames de um vídeo<br />

que é apresentado projectado numa tela. O retrato<br />

incorpora a actividade do cérebro de Patricia enquanto<br />

toca piano, <strong>na</strong> instalação a música de piano pode ser<br />

ouvida enquanto o filme é projectado.<br />

exposição. Mais recentemente no projecto “O<br />

Oitavo Dia”, Kac utilizou seres vivos onde<br />

moléculas de ADN que codificam uma proteí<strong>na</strong><br />

fluorescente verde foram introduzidos. Esses seres<br />

vivos – ratos, peixes, plantas e bactérias – produzem<br />

a proteí<strong>na</strong> fluorescente verde <strong>na</strong>s suas células, e<br />

consequentemente são verdes quando ilumi<strong>na</strong>dos<br />

por luz ultra -violeta. Curiosamente o pelo dos ratos<br />

impede que se observe o verde da sua pele, pelo que<br />

ape<strong>na</strong>s o focinho, orelhas, patas e orelhas se<br />

apresentam como verdes. No entanto o seu projecto<br />

mais controverso foi “Alba”. Alba é o nome de um<br />

coelho transgénico criado num laboratório francês,<br />

no qual foi introduzido o gene que produz a proteí<strong>na</strong><br />

fluorescente verde. No ano 2000 Kac pretendia levar<br />

este coelho para uma exposição e em seguida<br />

adoptá-lo como animal de estimação. Contudo a<br />

direcção do laboratório francês em causa decidiu<br />

impedir a saída de Alba. Como resultado gerou-se<br />

uma acesa polémica com opiniões apoiando ou<br />

conde<strong>na</strong>ndo a adopção de Alba por Kac.<br />

Um grupo de artistas australianos têm criado<br />

esculturas semi-vivas ao cultivarem células vivas<br />

sobre um esqueleto inorgânico feito com polímeros<br />

[16]. Estes artistas – Oron Catts, Io<strong>na</strong>t Zurr e Guy<br />

Ben-Ary (Perth, Australia) – fundaram uma<br />

instituição num departamento de biologia numa<br />

universidade para estimularem o desenvolvimento<br />

de projectos colaborativos entre cientistas e artistas .<br />

É nessa instituição, desig<strong>na</strong>da Symbiotica, que<br />

desenvolvem os seus projectos [17]. No entanto,<br />

para exibirem os seus trabalhos é necessário montar<br />

um laboratório científico dentro da galeria, uma vez<br />

que as esculturas vão sendo colonizadas pelas<br />

células vivas enquanto a exposição decorre. É<br />

necessário, durante o tempo da exposição, alimentar<br />

as células regularmente utilizando para tal<br />

equipamento científico relativamente complexo<br />

(fluxo lami<strong>na</strong>r, incubadoras, microscópios). Este é<br />

um dos poucos exemplos em que em vez de ser<br />

utilizado um laboratório científico como atelier, é<br />

transformada uma galeria de arte num laboratório.<br />

Um dos seus projectos mais recentes consiste em<br />

cultivar no laboratório bifes a partir de células de rã.<br />

Este projecto chamado “Disembodied Cuisine”<br />

(Cozinha sem Corpos), questio<strong>na</strong> se será possível<br />

criar alimentos de origem animal sem ser necessário<br />

abater animais. Na recente exposição “L’Art<br />

Biotech” (A <strong>Arte</strong> Biotecnológica), que decorreu no<br />

Le Lieu Unique, Nantes, França, 2003, os bifes que<br />

foram produzidos durante a exposição foram<br />

consumidos <strong>na</strong> festa de encerramento. Num outro<br />

projecto desig<strong>na</strong>do “Fish & Chips” (Peixe e Chips),<br />

criaram um braço robótico que desenha com canetas<br />

coloridas, sendo controlado a partir de impulsos<br />

eléctricos gerados por neurónios de peixe mantidos<br />

em cultura.<br />

IV. <strong>NA</strong>TURE? – O ARTIFICIAL <strong>NA</strong>TURAL<br />

Nos anos recentes o meu trabalho em biologia tem<br />

passado por fases distintas, onde tenho<br />

experimentado com técnicas variadas. O meu<br />

primeiro trabalho onde utilizei biologia como<br />

medium para criação artística foi “Nature?”,<br />

desenvolvido num laboratório de biologia do<br />

desenvolvimento <strong>na</strong> Universidade de Leiden, <strong>na</strong><br />

Holanda. Esse laboratório, dirigido pelo Professor<br />

Paul Brakefield, estuda a evolução e o<br />

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Copyright © ARTECH 2004 – 1º Workshop Luso-Galaico de <strong>Arte</strong>s Digitais 12 de Julho de 2004, FC - UL

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