Espaços educativos e ensino de História - TV Brasil
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<strong>de</strong> espera. O fim da crença no progresso e na credibilida<strong>de</strong> das gran<strong>de</strong>s narrativas, que caracteriza<br />
também este final <strong>de</strong> século, faz com que o presente não <strong>de</strong>sempenhe mais o papel <strong>de</strong> mediador<br />
entre passado e futuro: a certeza trazida pela idéia <strong>de</strong> um futuro <strong>de</strong> sentido pre<strong>de</strong>terminado é<br />
substituída pela incerteza e a insegurança frente à imprecisão e ao <strong>de</strong>scrédito da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
qualquer forma <strong>de</strong> utopia.<br />
Todavia, e <strong>de</strong> forma aparentemente paradoxal, é esta insegurança que levaria também à necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> tudo reciclar em objeto memorial. Com efeito, essa mesma crise i<strong>de</strong>ntítária que, apesar <strong>de</strong> vivida<br />
<strong>de</strong> forma diferenciada nos diversos países, configura a experiência coletiva nas socieda<strong>de</strong>s<br />
industrializadas <strong>de</strong>ste final <strong>de</strong> século e reafirma o apego aos traços, aos vestígios, à história e à<br />
memória, tornando-se responsável pela emergência <strong>de</strong> um verda<strong>de</strong>iro “culto da memória” nas<br />
socieda<strong>de</strong>s pós-industriais, tradutor <strong>de</strong> uma vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> se contrapor a esta crise através da<br />
reafirmação da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um enraizamento, como bem analisa Rousso na citação abaixo:<br />
Esta vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservar, <strong>de</strong> preservar <strong>de</strong> "colocar no museu" o passado, concomitantemente à<br />
valorização atual da memória, parece mais uma forma <strong>de</strong> resistência ao sentimento vivido da<br />
alterida<strong>de</strong> do tempo, uma resposta à incerteza atual do presente e do futuro do que a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
estabelecer um laço dinâmico entre passado, presente e futuro (Rousso, 1998).<br />
No campo político, esta preocupação po<strong>de</strong> ser i<strong>de</strong>ntificada com a implementação, em diversos<br />
Estados industrializados, <strong>de</strong> uma política pública da memória que po<strong>de</strong> ser percebida, por exemplo,<br />
pela extensão da noção <strong>de</strong> "patrimônio" ou pelas novas direções assumidas pelas políticas públicas<br />
<strong>de</strong> comemoração (no sentido <strong>de</strong> "rememorar juntos"), visando reunir a comunida<strong>de</strong> nacional. Esta<br />
gestão pública do passado estaria, senão <strong>de</strong> forma exclusiva, fortemente guiada por esta vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
superar o sentimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>senraizamento, <strong>de</strong> perda, marca da nossa contemporaneida<strong>de</strong>. Ela<br />
emerge, pois, <strong>de</strong> uma interrogação atual cada vez mais angustiada sobre a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> coletiva.<br />
Uma breve incursão na trajetória da construção da <strong>História</strong> Nacional nos oferece algumas chaves <strong>de</strong><br />
leitura para a compreensão <strong>de</strong>sse processo, no qual <strong>História</strong>-nação, memória nacional e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
nacional passam a serem vistas, elas próprias, como objetos <strong>de</strong> investigação para o historiador. A<br />
história <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> se confundir com a história da nação, a memória nacional passa a ser apenas uma<br />
modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> memória entre outras tantas memórias coletivas.<br />
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