Espaços educativos e ensino de História - TV Brasil
Espaços educativos e ensino de História - TV Brasil
Espaços educativos e ensino de História - TV Brasil
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
memórias coletivas que servem <strong>de</strong> fonte para a história contada, interpretada, ensinada nas salas <strong>de</strong><br />
aula <strong>de</strong>sta disciplina.<br />
Nesse sentido, o que ensinamos hoje nas nossas aulas está fortemente imbricado com a questão das<br />
memórias coletivas, incluindo a memória nacional, sem, no entanto, se confundir com elas. Que<br />
estratégias discursivas o <strong>ensino</strong> <strong>de</strong>ssa disciplina mobiliza, contribuindo para que nos tornemos<br />
brasileiros? Que campos <strong>de</strong> experiência e que horizontes <strong>de</strong> expectativa interagem na narrativa<br />
histórica nacional da atualida<strong>de</strong>, possibilitando entrever o significado <strong>de</strong> "estar sendo" brasileiro nas<br />
diferentes práticas discursivas dos alunos e professores?<br />
Como articular – no <strong>ensino</strong> da <strong>História</strong> do <strong>Brasil</strong>, por exemplo – a necessida<strong>de</strong> tanto <strong>de</strong> garantir a<br />
transmissão <strong>de</strong> uma memória nacional legitimada como a <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a reflexão crítica sobre<br />
essa mesma memória, condição imprescindível para fazer emergir novas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e<br />
possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> representação <strong>de</strong> brasilida<strong>de</strong>? Ou, dito <strong>de</strong> outro modo: Como articular o <strong>ensino</strong> <strong>de</strong><br />
uma forma <strong>de</strong> pensar historicamente e <strong>de</strong> uma memória já acumulada e consagrada pelas gerações<br />
prece<strong>de</strong>ntes? Como reelaborar didaticamente capacida<strong>de</strong> crítica e necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> memória?<br />
O que está em jogo, aqui, não é apenas a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tornar o <strong>ensino</strong> <strong>de</strong> <strong>História</strong> do <strong>Brasil</strong><br />
ensinável, mas igualmente a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> garantir a sua função formadora no plano cultural e<br />
político. Apesar <strong>de</strong> o Estado Nacional não po<strong>de</strong>r ser mais consi<strong>de</strong>rado como o principal e único<br />
fator dos <strong>de</strong>stinos dos povos e <strong>de</strong> ser necessário reconhecer o enfraquecimento dos laços <strong>de</strong> lealda<strong>de</strong><br />
a uma cultura nacional – vista como homogênea e estável –, a “possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um <strong>ensino</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>História</strong> totalmente liberado do esquema nacional” (Colliot-Thélène, 1997) parece-me dificilmente<br />
concebível e muito menos <strong>de</strong>sejável.<br />
Diferentes presentes históricos constroem diferentes narrativas <strong>de</strong> <strong>História</strong> nacional e do povo<br />
brasileiro. Em cada uma <strong>de</strong>las, diferentes passados são lembrados e ou esquecidos e diferentes<br />
futuros são sonhados. Caberá a cada professor <strong>de</strong> <strong>História</strong> selecionar os conteúdos a serem<br />
ensinados, ingredientes <strong>de</strong> uma intriga possível – acontecimentos, sujeitos, concepção <strong>de</strong> tempo,<br />
conceitos, etc. – <strong>de</strong> forma a permitir a emergência <strong>de</strong> uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> narrativas da brasilida<strong>de</strong>,<br />
contribuindo para a construção <strong>de</strong> um <strong>Brasil</strong> mais plural e inclusivo. O <strong>de</strong>safio é pois, saber como<br />
usar essas armas da narrativida<strong>de</strong> histórica a favor da inclusão das diferenças (<strong>de</strong> posições, <strong>de</strong><br />
29