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Espaços educativos e ensino de História - TV Brasil

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Por volta dos anos 30 do século passado, no campo da historiografia, em particular da historiografia<br />

francesa, a nação <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser o quadro unitário que encerraria a consciência da coletivida<strong>de</strong>,<br />

libertando-se <strong>de</strong>ssa forma <strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>ntificação nacional. Memória, <strong>História</strong> e Nação assumem uma<br />

autonomia em relação ao período prece<strong>de</strong>nte. O objeto <strong>de</strong> investigação privilegiado pelos<br />

historiadores <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser o passado glorioso da nação e centra-se sobre a própria socieda<strong>de</strong>,<br />

abrindo espaço para a emergência <strong>de</strong> outras memórias particulares e coletivas. Este movimento <strong>de</strong><br />

passagem da memória para a história obriga cada grupo a re<strong>de</strong>finir a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> pela<br />

revitalização da sua própria história. É como se ocorresse uma verda<strong>de</strong>ira implosão da história<br />

nacional, da história-memória, dando origem a uma pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> memórias particulares que<br />

reclamam a sua própria história. Em síntese, esta fase po<strong>de</strong>ria ser resumida pela dilatação,<br />

<strong>de</strong>mocratização, <strong>de</strong>scentralização e multiplicação da memória e se insere num contexto histórico<br />

específico marcado pelas crises do nosso presente.<br />

Todavia, se <strong>de</strong> um lado este momento é apresentado como um momento <strong>de</strong> agudização do processo<br />

<strong>de</strong> distanciamento <strong>de</strong> história e memória, <strong>de</strong> outro, é nele também que emerge, a partir dos anos 80,<br />

a possibilida<strong>de</strong> do novo, <strong>de</strong> uma nova síntese – os lugares <strong>de</strong> memória – cuja proposta é a (re)<br />

aproximação <strong>de</strong>stes dois conceitos a partir <strong>de</strong> novas bases. O conceito <strong>de</strong> lugares <strong>de</strong> memória<br />

cumpriria justamente esta função mediadora entre o mundo dos mortos e o mundo do vivos. Eles<br />

nascem e vivem do sentimento <strong>de</strong> que não há mais memória espontânea, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m algo ameaçado e<br />

pertencem a dois domínios: o da memória espontânea e o da memória alcançada pela história. Nesta<br />

perspectiva os lugares <strong>de</strong> memória são "restos", "rituais <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> sem rituais”, "sinais <strong>de</strong><br />

reconhecimento e <strong>de</strong> pertencimento <strong>de</strong> um grupo numa socieda<strong>de</strong> que só ten<strong>de</strong> a conhecer<br />

indivíduos", "um vai e vem entre memória e história" "um jogo <strong>de</strong> memória e história" (Nora, 1993)<br />

no qual esses usos sociais do passado são consi<strong>de</strong>rados diferentes, mas nem por isso dicotômicos.<br />

A memória como fonte e/ou objeto <strong>de</strong> pesquisa permanece um conceito central para o campo da<br />

<strong>História</strong>, exigindo tomadas <strong>de</strong> posição frente a essas diferentes concepções.<br />

A construção da história nacional e o seu <strong>ensino</strong> não po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> enfrentar, hoje, as tensões<br />

entre memória e história. Sem confundi-las nem tampouco ignorá-las, surgem leituras plurais do<br />

passado nacional orientadas pelos interesses em disputa. A memória não é mais monopólio <strong>de</strong> um<br />

grupo e sim um campo <strong>de</strong> lutas política e cultural, on<strong>de</strong> lembrar e esquecer <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem<br />

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