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Representações Sociais da Diversidade Cultural na Formação ...

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Não há como ignorar os fatores macro estruturais que são efetivamente obstáculos a um<br />

ensino de quali<strong>da</strong>de, como também não se pode deixar de considerar os determi<strong>na</strong>ntes intra<br />

escolares dos processos de exclusão, principalmente de alunos <strong>da</strong>s classes populares.<br />

Há argumentos fortes nesse sentido: a questão do fracasso escolar de crianças oriun<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s<br />

cama<strong>da</strong>s populares em função, muitas vezes, do não alcance de um padrão de aluno ideal em<br />

termos de rendimento, comportamento, linguagem e cultura; a homogeneização e<br />

padronização <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des pe<strong>da</strong>gógicas revelando franca desconsideração pelos ritmos<br />

individuais e dificul<strong>da</strong>des de alguns alunos; a dificul<strong>da</strong>de que os docentes têm para tomar a<br />

cultura como eixo central do processo curricular, como de conferir uma orientação<br />

multicultural às suas práticas. Nesse contexto, a necessi<strong>da</strong>de de preparação de docentes,<br />

gestores e demais profissio<strong>na</strong>is que atuam no espaço educacio<strong>na</strong>l para o trato com a<br />

diversi<strong>da</strong>de é evidente.<br />

2.1.3 Dilemas e desafios<br />

A polissemia do termo gera alguns desafios e dilemas <strong>na</strong> adoção de uma perspectiva<br />

multicultural <strong>da</strong> educação. Esses obstáculos vão desde perigos mais amplos <strong>na</strong> adoção do<br />

multiculturalismo tais como o folclorismo – redução <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de à valorização de aspectos<br />

culturais e exóticos de determi<strong>na</strong>dos grupos; o reducionismo identitário – estereotipar o<br />

outro, essencializando sua identi<strong>da</strong>de; a guetização cultural – opção por propostas que se<br />

voltem exclusivamente ao estudo de padrões culturais específicos; a visão meramente<br />

reparadora do mesmo em termos de sua redução ape<strong>na</strong>s a ações afirmativas de garantia de<br />

acesso de identi<strong>da</strong>des margi<strong>na</strong>liza<strong>da</strong>s a espaços educacio<strong>na</strong>is e sociais; até a pretensão de<br />

concebê-lo como uma <strong>na</strong>rrativa mestra desti<strong>na</strong>do a salvar a educação de todos os males. Sobre<br />

esses riscos, Canen se posicio<strong>na</strong> <strong>da</strong> seguinte maneira,<br />

O multiculturalismo não pode ser visto como uma <strong>na</strong>rrativa mestra, mas como<br />

projeto em construção, sua visão como objeto de pesquisa não pode ser perdi<strong>da</strong> de<br />

vista, sob pe<strong>na</strong> de recairmos em uma perspectiva que o reduz a um elenco de tópicos<br />

versando sobre identi<strong>da</strong>des margi<strong>na</strong>liza<strong>da</strong>s, sem que as tensões envolvi<strong>da</strong>s <strong>na</strong><br />

construção e reconstrução <strong>da</strong>s identi<strong>da</strong>des plurais sejam a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>s. (CANEN,<br />

2008b, p. 29)<br />

Alguns desses dilemas são vistos até em documentos curriculares, como afirmam Canen e<br />

Xavier (2005). Ao estu<strong>da</strong>r as Diretrizes Curriculares Nacio<strong>na</strong>is para a <strong>Formação</strong> de<br />

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