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A mente - Homeos.pt

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Aprende a reprimir para sobreviver. Parecem culpá-lo de tudo o que se passa na casa.<br />

Da falta de dinheiro, de não poderem ir ao cinema ou à festa que desejavam ir. É um<br />

empecilho. Os filhos dos vizinhos são sempre mais inteligentes e bem comportados do<br />

que ele. É o que lhe dizem repetida<strong>mente</strong>. Se este fosse o seu pai como poderia<br />

considerá-lo culpado?<br />

Uma criança neste ambiente acaba por considerar-se alguém horrível. Cria por isso um<br />

conceito interno que a faz envergonhar-se e preferir o isolamento. Não quer que os<br />

outros descubram o quão horrível é. Cria um falso "eu". E é esse “eu” que lhe permitirá<br />

sobreviver no tal mundo hostil que a rodeia. Cria uma fachada. Aprende que fazer má<br />

cara afasta os indesejáveis. Era assim que o seu pai fazia. Quando algo não corre<br />

como ela quer, grita ou bate. São regressões expontâneas. Foi isso que viu fazer na<br />

infância. À mínima contrariedade desiste. Não tem confiança nela própria porque não<br />

lhe foi possível incorporar essa característica no seu auto-conceito .<br />

Abandona facil<strong>mente</strong>. Provavel<strong>mente</strong> porque também alguma vez terá sido<br />

abandonado.<br />

Perante contrariedades ou confrontos engole a raiva e toma a única atitude que lhe<br />

permitiram ter quando era criança : castigar os adultos com a retirada. Nada mais<br />

podia fazer. E amua. Nunca teve a oportunidade de sentir o apoio forte e amigável do<br />

pai. Não foi apoiada no inicio da sua caminhada. Por isso todos são seus inimigos. Na<br />

idade adulta a esposa substitui a mãe que emocional<strong>mente</strong> não teve. Não tem um<br />

circulo de amigos porque tem medo de se expor. Tem medo que descubram tudo de<br />

mau que ele é. A verdade é que se ele fosse bom os pais não lhe teriam batido, nem<br />

lhe teriam dito aquelas coisas horríveis, pensa.<br />

Eles disseram-lhe, vezes sem conta, que não havia nada que ele fizesse bem. Que<br />

não estudava o suficiente. Que não era capaz e que por isso nada merecia. Ele pensa<br />

então que, se as outras pessoas souberem como ele é real<strong>mente</strong>, irão também<br />

abandoná-lo ou agredi-lo. Foi assim que aconteceu com os seus pais. E querem evitar<br />

essa dor de novo. Querem evitar mais uma desilusão. É doloroso. Preferem por isso o<br />

seu mundo privado. Assim ninguém os decepcionará. Tornam-se obsessiva<strong>mente</strong><br />

controladores. Controlam tudo porque: “se eu controlar tudo ninguém me poderá<br />

apanhar desprevenido e magoar-me”.<br />

Penso ser importante frisar esta matéria porque cada vez mais existe uma tendência<br />

na sociedade moderna a menosprezar a importância que este fenómeno tem na<br />

explicação da depressão e no aparecimento da doença física. Vivemos numa época e<br />

ado<strong>pt</strong>amos um modo de vida que é propício a negligenciar a infância dos nossos filhos<br />

que, se não tiverem a oportunidade de ter uma infância apoiada, experimentarão um<br />

sem número de conflitos em todas as áreas da sua vida adulta. Geram-se assim<br />

comportamentos compulsivos que geram alcoólicos, pesados fumadores, obsessão<br />

sexual, sucessivos divórcios, etc….<br />

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