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As várias faces do medo<br />
Estudar a sensação de medo e observá-la representa um passo importante no<br />
caminho que nos leva ao nosso auto-conhecimento. Uma boa medida de higiene<br />
mental é observarmos sem emoção aquilo que mais tememos:<br />
De que é que temos medo?<br />
De perder o nosso parceiro?<br />
De ficarmos sem trabalho?<br />
De sermos ridicularizados?<br />
De envelhecer? O medo da solidão? O medo da rejeição…<br />
Uma gama infinita de inquietações que se ocultam por detrás das múltiplas faces do<br />
medo. Que existirá por detrás de uma relação afectiva que produz a dor e à qual<br />
permanecemos ligados?<br />
Porque não aceitamos a mudança nas nossas vidas e não reconhecemos que as<br />
crises são oportunidades de crescimento interior?<br />
Toda a mudança é uma ameaça ao imobilismo que sempre necessita do medo para<br />
subsistir. Crescer é doloroso, já o disse. Mas, como qualquer parto, está nas nossas<br />
mãos, ou seja, está na nossa <strong>mente</strong>, fazer com que essa experiência seja menos<br />
traumática e vivê-la como real<strong>mente</strong> é: uma renovação da vida. Porque não nos pomos<br />
a favor dessa corrente de transformação e movimento, em vez de nos agarrarmos<br />
desesperada<strong>mente</strong> ao que acreditamos que nos dá segurança? Está satisfeito com a<br />
vida que leva? Se não está o que é que tem a perder?<br />
A segurança não está no ter mas no ser. Quanto mais se pratica o desapego, mais<br />
alegria de viver temos. Ou seja que, quantas mais dependências são eliminadas da<br />
nossa vida, mais vontade de viver temos.<br />
Há quem dependa do dinheiro, do poder, que lhe permite sentir-se importante e há<br />
quem dependa da capacidade de manipular ou ser manipulado, na tentativa de ser<br />
amado…<br />
Outros dependem da agressividade e da violência, porque se sentem interna<strong>mente</strong><br />
ameaçados…<br />
Há dependências para todos os gostos. Mas, facil<strong>mente</strong> as identificaremos como uma<br />
das várias caras do medo. O medo de ser rejeitado talvez seja o mais frequente,<br />
porque temos na nossa memória genética, uma recordação gravada das remotas<br />
épocas pré-históricas onde a rejeição do grupo significava o pior dos castigos. A morte.<br />
O indivíduo sozinho não podia sobreviver pelos seus próprios meios num ambiente<br />
hostil e agressivo, sem contar com o apoio do grupo (tribo).<br />
O medo é um velho conhecido que acompanha a humanidade desde os tempos<br />
imemoriais. Desde que existe ego. Comparte connosco a nossa experiência<br />
quotidiana; é intemporal e está presente em todas as culturas do planeta; assim como<br />
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