18.04.2013 Views

Pesquisa em Ensino de Ciências e de Biologia - UFPB Virtual ...

Pesquisa em Ensino de Ciências e de Biologia - UFPB Virtual ...

Pesquisa em Ensino de Ciências e de Biologia - UFPB Virtual ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

90<br />

<strong>Pesquisa</strong> <strong>em</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> <strong>Ciências</strong> e <strong>de</strong> <strong>Biologia</strong><br />

perspectiva <strong>de</strong> que “na escola <strong>de</strong>ve <strong>em</strong>ergir o <strong>de</strong>safio da ciência, até porque, <strong>em</strong> nome da<br />

pesquisa, todo ‘professor’ <strong>de</strong>ve ser cientista” (2006, p. 77). Entretanto, o autor ressalta o<br />

distanciamento entre o exercício do magistério e o ambiente <strong>de</strong> produção científica.<br />

Esse distanciamento se justifica por ter predominado durante muito t<strong>em</strong>po na organização<br />

dos currículos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores, o mo<strong>de</strong>lo da racionalida<strong>de</strong> técnica, balizado no<br />

isolamento entre a teoria e a prática, centrando-se apenas na valorização da área do<br />

conhecimento específico que o futuro professor iria ensinar. Sob a perspectiva da racionalida<strong>de</strong><br />

técnica, a saída para os probl<strong>em</strong>as que atravessam a ação docente é somente estar pronto.<br />

Entretanto, a ação pedagógica é assinalada por gran<strong>de</strong> complexida<strong>de</strong>, o que requer mais do que<br />

soluções simplistas e produzidas fora do contexto. É necessário fazer surgir uma nova crença<br />

epist<strong>em</strong>ológica, cuja proposta incida sobre as situações práticas a ser<strong>em</strong> tratadas <strong>em</strong> toda a sua<br />

complexida<strong>de</strong> para que, a partir, <strong>de</strong>la se produza conhecimento apropriado que permita<br />

professores e alunos atuar<strong>em</strong> <strong>de</strong> forma construtiva. Assim, a prática não será apenas lócus <strong>de</strong><br />

<strong>em</strong>prego <strong>de</strong> um conhecimento científico e pedagógico, mas espaço <strong>de</strong> criação e reflexão. O<br />

professor precisa não só apren<strong>de</strong>r, mas apren<strong>de</strong>r o processo <strong>de</strong> investigação, incorporando a<br />

postura <strong>de</strong> pesquisador <strong>em</strong> seu trabalho cotidiano na escola e na sala <strong>de</strong> aula (FREIRE, 1996,<br />

Ramalho et al, 2003).<br />

Um dos estudos teóricos mais relevantes a respeito <strong>de</strong> pesquisa e formação do professor é<br />

o trabalho <strong>de</strong> Donald Schön (1983). De uma maneira geral, a maioria dos autores que se <strong>de</strong>dica<br />

ao estudo do professor-pesquisador aborda também a tese do professor reflexivo, o qual está<br />

fundamentado <strong>em</strong> Schön. As suas i<strong>de</strong>ias foram divulgadas <strong>em</strong> livro “The Reflective Practitioner”,<br />

ainda que não tratass<strong>em</strong> especificamente do professor, conseguiram uma gran<strong>de</strong> repercussão no<br />

círculo docente, incentivando uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> produções sobre a necessida<strong>de</strong> do professor<br />

refletir sobre a sua prática, antes, durante e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>la.<br />

Ao anunciar a i<strong>de</strong>ia do reflective practitioner, o autor trabalha com a variável do talento<br />

artístico. Consi<strong>de</strong>ra que uma boa referência <strong>de</strong> formação para a prática é a que ocorre <strong>em</strong> cursos<br />

como os <strong>de</strong> artes, <strong>de</strong>senho, música e dança, <strong>em</strong> que pese uma formação auxiliada e a<br />

aprendizag<strong>em</strong> ocorre a partir da reflexão-na-ação. Confrontando-se à racionalida<strong>de</strong> técnica, o<br />

autor <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> um modo <strong>de</strong> epist<strong>em</strong>ologia da prática, <strong>em</strong> que o sujeito se posiciona por meio <strong>de</strong><br />

uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise, produção e criação, a respeito da sua ação. Tal base epist<strong>em</strong>ológica<br />

pressupõe “uma atitu<strong>de</strong> reflexiva no enfrentamento <strong>de</strong> situações <strong>de</strong>safiadoras, o que requer um<br />

professor atento, que, uma vez inserido no contexto pedagógico, procura <strong>de</strong>svelar a realida<strong>de</strong> <strong>em</strong><br />

sua complexida<strong>de</strong>, refletindo antes, durante e <strong>de</strong>pois do processo” (SCHÖN, 1983, p. 78). A<br />

epist<strong>em</strong>ologia da prática está centrada, sobretudo, no saber profissional e parte da reflexão na<br />

ação. Quando o profissional reflete no que faz, a partir da investigação <strong>de</strong> sua própria ação, po<strong>de</strong><br />

produzir um conhecimento prático que é corroborado pela própria prática. Assim, para o autor,<br />

quando os professores consegu<strong>em</strong> refletir durante e após a sua prática, vão atribuindo sentido ao<br />

trabalho que executam e têm como avaliar a própria compreensão que <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> sobre o<br />

processo que vivenciam.<br />

Para tanto, os professores precisam ser formados no sentido <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> profissionais<br />

reflexivos, contando com a ação investigativa como recurso. Ainda <strong>de</strong> acordo com Schön, o<br />

profissional <strong>de</strong>ve assumir uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> reflexão sobre a sua prática e que esta perpasse todo o<br />

seu processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho. Ao indicar uma epist<strong>em</strong>ologia da prática, esse autor se ampara <strong>em</strong><br />

duas i<strong>de</strong>ias centrais: o conhecimento-na-ação e a reflexão-na-ação. A primeira i<strong>de</strong>ia está<br />

estreitamente relacionada a um conhecimento sobre como fazer as coisas. Por isso, é um

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!