Pesquisa em Ensino de Ciências e de Biologia - UFPB Virtual ...
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<strong>Pesquisa</strong> <strong>em</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> <strong>Ciências</strong> e <strong>de</strong> <strong>Biologia</strong><br />
intencionais, nas quais é impossível diferenciar, na prática os processos <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> e <strong>de</strong><br />
ensino. Nessa perspectiva, os conhecimentos psicológicos sobre os níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
humano, os tipos cognitivos, os ritmos <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>, as estratégias <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> e outros<br />
fatores, são importantes para estabelecer o referencial que se <strong>de</strong>ve analisar ao tomar <strong>de</strong>cisões<br />
didáticas. A compreensão que se t<strong>em</strong> dos processos <strong>de</strong> ensino e aprendizag<strong>em</strong> é mais um<br />
referencial para o exame da prática educativa.<br />
Na perspectiva <strong>de</strong> Libâneo (1994, p. 28), a didática surge quando os adultos começam a<br />
intervir na ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>, através da direção <strong>de</strong>liberada e planejada do processo, <strong>de</strong><br />
maneira oposta às formas <strong>de</strong> intervenção mais ou menos espontâneas anteriores. A tomada <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>cisões sobre cada uma das áreas da intervenção educativa sofre influência através das<br />
informações <strong>de</strong> fontes sócio-antropológicas, epist<strong>em</strong>ológicas, didáticas e psicológicas. Todavia,<br />
n<strong>em</strong> todas estas fontes se estabelec<strong>em</strong> no mesmo patamar. Exist<strong>em</strong> diversos graus <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>pendência e articulação entre as fontes, o que nos possibilita agrupá-las <strong>em</strong> dois grupos.<br />
O primeiro grupo está ligado ao sentido e ao papel da educação. Ele se envolve com as<br />
finalida<strong>de</strong>s da educação ou do ensino. As finalida<strong>de</strong>s, objetivos, propósitos e intenções da<br />
educação formam o ponto <strong>de</strong> partida que justifica, <strong>de</strong>termina e dá sentido à intervenção<br />
pedagógica. Neste grupo, a fonte sócio-antropológica que é produzida pela concepção i<strong>de</strong>ológica<br />
respon<strong>de</strong> às questões <strong>de</strong> para que educar ou ensinar, condicionando e d<strong>em</strong>arcando o papel e o<br />
sentido que terá a fonte epist<strong>em</strong>ológica. Nesse sentido, a sua função não po<strong>de</strong> ser compreendida<br />
no mesmo patamar, a menos que seja <strong>de</strong>terminada pelos fins que <strong>de</strong>corr<strong>em</strong> do papel que se<br />
tenha atribuído ao ensino. O uso dos conhecimentos, das disciplinas e das matérias que <strong>de</strong>corr<strong>em</strong><br />
da fonte epist<strong>em</strong>ológica estará sujeito <strong>de</strong> uma forma ou <strong>de</strong> outra das finalida<strong>de</strong>s da educação, <strong>de</strong><br />
acordo com o sentido e a função social que se conce<strong>de</strong> ao ensino (MORESCO e BEHAR, 2010).<br />
A fonte psicológica e a didática apresentam inter-relações <strong>em</strong> níveis diferentes,<br />
consi<strong>de</strong>rando que dificilmente po<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a questão <strong>de</strong> como ensinar, caso não se tenha o<br />
conhecimento <strong>de</strong> como as aprendizagens acontec<strong>em</strong>. A i<strong>de</strong>ia sobre como acontece o processo <strong>de</strong><br />
aprendizag<strong>em</strong> constitui a base para estabelecer os critérios que <strong>de</strong>verão nos permitir tomar<br />
<strong>de</strong>cisões didáticas. Dev<strong>em</strong>os consi<strong>de</strong>rar que as aprendizagens acontec<strong>em</strong> <strong>em</strong> situações <strong>de</strong><br />
ensino relativamente intencionais, on<strong>de</strong> é praticamente impossível separar, <strong>de</strong> modo prático, os<br />
processos <strong>de</strong> ensino e <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>. Desta forma, o outro referencial para a análise da<br />
prática docente será o que é <strong>de</strong>terminado pela concepção que se t<strong>em</strong> dos processos <strong>de</strong> ensino e<br />
aprendizag<strong>em</strong> (MORESCO e BEHAR, 2010).<br />
Quando se trata <strong>de</strong> projetos, <strong>de</strong>ntre os vários aspectos que <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os consi<strong>de</strong>rar, um dos<br />
mais importantes refere-se à ênfase colocada no ensino e na aprendizag<strong>em</strong>. Os conceitos <strong>de</strong><br />
ensino e aprendizag<strong>em</strong> encontram-se indissociavelmente relacionados. Contudo, ao se reportar<br />
ao ensino evocam-se os seguintes conceitos: instrução, orientação, comunicação e transmissão<br />
<strong>de</strong> conhecimentos, que apontam o professor como el<strong>em</strong>ento essencial do processo. Em<br />
contrapartida, ao mencionar aprendizag<strong>em</strong>, salientam-se conceitos como: apreensão,<br />
apropriação, <strong>de</strong>scoberta, modificação <strong>de</strong> comportamento e construção <strong>de</strong> conhecimentos, <strong>em</strong> que<br />
o professor é um orientador, um probl<strong>em</strong>atizador no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> todo o processo.<br />
O enfoque dado no ensino ou na aprendizag<strong>em</strong> reflete a prática docente e o projeto <strong>de</strong><br />
trabalho ou <strong>de</strong> pesquisa do professor (GIL, 1990). T<strong>em</strong>-se, assim, uma día<strong>de</strong> que provoca os<br />
professores quando se propõ<strong>em</strong> a <strong>de</strong>senvolver projetos. Com referência <strong>em</strong> cada enfoque,<br />
pod<strong>em</strong>os refletir: que concepção seria a mais indicada para se trabalhar com projetos?