Pesquisa em Ensino de Ciências e de Biologia - UFPB Virtual ...
Pesquisa em Ensino de Ciências e de Biologia - UFPB Virtual ...
Pesquisa em Ensino de Ciências e de Biologia - UFPB Virtual ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
93<br />
<strong>Pesquisa</strong> <strong>em</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> <strong>Ciências</strong> e <strong>de</strong> <strong>Biologia</strong><br />
pesquisador <strong>de</strong> sua prática. Assim, Elliott acredita que a pesquisa-ação contribui para a<br />
valorização dos saberes do professor mobilizados e produzidos <strong>em</strong> sua prática, apontando novas<br />
dimensões para a relação teoria e prática. Dito <strong>de</strong> outra maneira, o interesse pela pesquisa-ação é<br />
uma forma <strong>de</strong> perceber a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> conhecimento.<br />
Tanto na formação inicial quanto na formação <strong>em</strong> serviço, t<strong>em</strong> sido dado o foco à formação<br />
<strong>de</strong> professores como profissionais reflexivos. Nessa direção, procura pontuar através das<br />
pesquisas que t<strong>em</strong> realizado, que a reflexão do professor encaminhada mediante o exercício <strong>de</strong><br />
uma pesquisa-ação é muito eficaz para a ampliação da maneira como os próprios professores<br />
analisam sua ativida<strong>de</strong> docente.<br />
Na mesma perspectiva <strong>de</strong> Elliott, Zeichner (1993, 1998) afirma a importância da pesquisa<br />
no cotidiano do professor da educação básica, não sendo apenas resultado do trabalho <strong>de</strong><br />
pesquisadores <strong>de</strong> fora, mas como fruto do trabalho realizado pelo próprio professor na sua prática,<br />
mediante uma postura <strong>de</strong> ação e reflexão. Este autor acredita que acabe com a diferença entre<br />
professores que se <strong>de</strong>dicam à pesquisa e pesquisadores acadêmicos. A rejeição é <strong>de</strong> ambas as<br />
partes, tanto dos professores da educação básica, que consi<strong>de</strong>ram que a pesquisa acadêmica<br />
não leva <strong>em</strong> conta satisfatoriamente os probl<strong>em</strong>as da prática educacional, quanto dos<br />
acadêmicos, que atribu<strong>em</strong> as pesquisas realizadas pelos professores da educação básica, não<br />
sab<strong>em</strong> fazer pesquisas. Além disso, prevalece entre os professores a idéia <strong>de</strong> que a pesquisa é<br />
uma ação limitada aos pesquisadores que não estão na sala <strong>de</strong> aula. Po<strong>de</strong>-se atentar que<br />
raramente os professores participam <strong>de</strong> pesquisa junto com os pesquisadores das universida<strong>de</strong>s.<br />
E quando se consegue, reconhece alguma ativida<strong>de</strong> colaborativa entre ambos; os representantes<br />
da universida<strong>de</strong> usufru<strong>em</strong> <strong>de</strong> maior credibilida<strong>de</strong>.<br />
5. PESQUISANDO A PRÓPRIA PRÁTICA: UMA ATIVIDADE EM BUSCA DO RIGOR E<br />
COMPLEXIDADE<br />
A noção <strong>de</strong> prática <strong>de</strong> pesquisa relacionada à prática <strong>de</strong> ensino nos chama a atenção para<br />
uma questão bastante polêmica que é a que se refere ao afastamento e diferenciação entre a<br />
pesquisa da prática e a pesquisa acadêmica. À pesquisa da prática t<strong>em</strong> sido atribuída pouca<br />
legitimida<strong>de</strong>. É muito comum no cenário educacional atual nos interrogarmos com questões como:<br />
“Po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>signar pesquisa, a pesquisa dos práticos? Qual é o seu estatuto epist<strong>em</strong>ológico?”<br />
Qual o nível <strong>de</strong> rigorosida<strong>de</strong> e complexida<strong>de</strong> da pesquisa do professor? Assim, Elliott (1998)<br />
acredita que o professor po<strong>de</strong>, por meio da pesquisa, aprimorar sua prática educativa, a partir <strong>de</strong><br />
sua própria escola, no interior <strong>de</strong> sua sala <strong>de</strong> aula, s<strong>em</strong> abrir mão do rigor e da complexida<strong>de</strong>,<br />
cujos el<strong>em</strong>entos faz<strong>em</strong> parte do processo <strong>de</strong> pesquisa. Entretanto, ele pon<strong>de</strong>ra que o objetivo da<br />
pesquisa pelo professor não po<strong>de</strong> ser o <strong>de</strong> provocar elevadas teorias sobre educação, mas sim o<br />
<strong>de</strong> gerar um saber prático. Parte do entendimento <strong>de</strong> que o saber prático é aquele que permite<br />
aos sujeitos ser<strong>em</strong> capazes <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r<strong>em</strong> e articular<strong>em</strong> os probl<strong>em</strong>as por eles confrontados<br />
quando executam algumas ativida<strong>de</strong>s, sendo aptos <strong>de</strong> encaminhar soluções apropriadas.<br />
Acreditamos que a prática não é apenas lócus do <strong>em</strong>prego <strong>de</strong> um conhecimento científico<br />
e pedagógico, mas, sobretudo, um espaço <strong>de</strong> criação e reflexão. Nesse sentido, o professor <strong>de</strong>ve<br />
produzir conhecimento a partir da probl<strong>em</strong>atização da sua prática, conduzido por um trabalho <strong>de</strong><br />
pesquisa. Trata-se <strong>de</strong> um ponto complexo, que inevitavelmente nos r<strong>em</strong>ete às discussões <strong>em</strong><br />
torno do conceito <strong>de</strong> pesquisa.