18.04.2013 Views

Pesquisa em Ensino de Ciências e de Biologia - UFPB Virtual ...

Pesquisa em Ensino de Ciências e de Biologia - UFPB Virtual ...

Pesquisa em Ensino de Ciências e de Biologia - UFPB Virtual ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

86<br />

<strong>Pesquisa</strong> <strong>em</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> <strong>Ciências</strong> e <strong>de</strong> <strong>Biologia</strong><br />

Conforme ainda o autor, no início, a dificulda<strong>de</strong> da construção será consi<strong>de</strong>rável,<br />

recomendando mo<strong>de</strong>ração, que po<strong>de</strong> iniciar com meras sínteses aproximativas. “Um dia, será<br />

possível apresentar aos alunos texto próprio <strong>de</strong> Geografia, interpretação própria <strong>de</strong> obra literária,<br />

exercício próprio <strong>de</strong> Mat<strong>em</strong>ática. Com isso muda o ambiente <strong>de</strong> aula, porque, além <strong>de</strong> entrar nela<br />

o compromisso da pesquisa, os alunos passam a conviver com o bom ex<strong>em</strong>plo do professor <strong>em</strong><br />

termos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> formal e política” (IBID, IBIDEM, p. 86).<br />

Outra questão relevante é a reação sist<strong>em</strong>ática e criativa contra os hábitos tradicionais da<br />

mera aula. Inicialmente, saber ensinar é, todavia não incidir na aula, entendida como fala<br />

autoritária, vazia, formal, <strong>de</strong> um sujeito preposto, sendo mo<strong>de</strong>lo caricaturado <strong>de</strong> outro mo<strong>de</strong>lo, o<br />

qual só vive <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias alheias e os repassa <strong>em</strong> frente. Nesse sentido, o professor não sai da<br />

condição <strong>de</strong> reprodutor: <strong>de</strong>stituído <strong>de</strong> conteúdo próprio, sobrevivendo <strong>de</strong> <strong>em</strong>préstimo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ia.<br />

Contudo, segundo D<strong>em</strong>o (2006, p. 86),<br />

há lugar para a aula, como expediente informativo, para introduzir t<strong>em</strong>as e<br />

unida<strong>de</strong>s, para ouvir-se recado do professor. Assim, aula não é mal <strong>em</strong> si. Tornarse<br />

mal a que só é aula, principalmente quando se torna o único instrumento<br />

didático. Infelizmente, já está profundamente cristalizado o protótipo caricatural da<br />

professora, misto <strong>de</strong> sacerdote e militar, <strong>de</strong> óculos para impor distância e fingir<br />

competência, figura ameaçadora no sentido da disciplina intimidativa e da prova<br />

fatal, que aparece para falar sozinha restando para o aluno apenas ouvir.<br />

É essencial impregnar a convivência com os alunos com estratégias <strong>de</strong> pesquisa, através<br />

das quais são motivados a toda hora, a pelo menos, digerir o que escutam através <strong>de</strong> exercícios<br />

pessoais. “Tomar nota” é preciso, mas é pouco. Toma-se nota para po<strong>de</strong>r reelaborar, não para<br />

<strong>de</strong>corar. “Decorar” <strong>de</strong>veria ser riscado do mapa, b<strong>em</strong> como a “prova”, a não ser como expediente<br />

conjuntural e operativo. Porquanto não há nisso nada “didático”, absolutamente nada “educativo<strong>em</strong>ancipatório”.<br />

É todo o contrário <strong>de</strong> pesquisa.<br />

Nessa perspectiva, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilida<strong>de</strong>s<br />

para a sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 22). Pois, o professor precisa<br />

investir na motivação do aluno a fazer elaboração própria dos assuntos que o cerca, colocando<br />

isso como objetivo da formação. Caso contrário, não mudamos a condição <strong>de</strong> analfabeto no<br />

aluno, que apenas <strong>de</strong>codifica as palavras, s<strong>em</strong> compreen<strong>de</strong>r com proprieda<strong>de</strong>.<br />

O ca<strong>de</strong>rno do aluno precisa evoluir <strong>de</strong> simples cópia das aulas para ensaio <strong>de</strong> elaboração,<br />

pelo menos <strong>de</strong> síntese própria. Isso não <strong>de</strong>scarta a cópia <strong>de</strong> fórmulas químicas e físicas, axiomas<br />

mat<strong>em</strong>áticos, s<strong>em</strong> <strong>de</strong>cair na simples <strong>de</strong>coreba. Dev<strong>em</strong> ser recriados pelo aluno, através <strong>de</strong> vários<br />

expedientes motivadores: exercício <strong>de</strong> própria mão; discussão <strong>em</strong> grupo, para testar a<br />

compreensão; busca do conteúdo <strong>em</strong> outros livros; questionamento <strong>em</strong> aula para <strong>de</strong>spertar a<br />

dúvida investigadora; sobretudo reconstrução pela pesquisa fora do ambiente <strong>de</strong> aula. Assim,<br />

reivindicar a pesquisa na escola formal significa possibilitar o aluno sair da “curiosida<strong>de</strong> ingênua”<br />

para a<strong>de</strong>ntrar na “curiosida<strong>de</strong> epist<strong>em</strong>ológica”, como diria Freire (1996).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!