CAPTAÇÃO DE RECURSOS Da teoria à prática - SOS Mata Atlântica
CAPTAÇÃO DE RECURSOS Da teoria à prática - SOS Mata Atlântica
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Como usar esta publicação<br />
Este livro trata de todo o processo de captação<br />
de recursos – desde a concepção prévia até sua<br />
execução. Ele tem como foco central e grande novidade<br />
a captação junto <strong>à</strong>s fontes de recurso individuais,<br />
mas também trata das fontes institucionais.<br />
Muitas das organizações no Brasil já colocam em<br />
<strong>prática</strong> várias técnicas de captação de recursos junto<br />
a indivíduos e têm obtido<br />
sucesso. Essas experiências<br />
mostram que esse também é<br />
um caminho para ampliar o<br />
envolvimento da sociedade<br />
nas causas defendidas pelas<br />
organizações que promovem<br />
a defesa dos direitos humanos,<br />
econômicos, sociais e<br />
ambientais.<br />
O livro resulta de uma série<br />
de oficinas <strong>prática</strong>s desenvolvidas<br />
pelo Projeto<br />
GETS/UWC-CC junto a seus<br />
parceiros no Brasil ao longo<br />
dos últimos anos. A proposta<br />
da publicação é disseminar o<br />
conhecimento e as experiências<br />
intercambiadas pelos<br />
participantes. O livro se des-<br />
tina a todos aqueles que desejam fazer captação de<br />
recursos mais ativamente. Estão compreendidos aí<br />
desde os integrantes de diretorias e funcionários de<br />
organizações sem fins lucrativos que já captam recursos<br />
até aquelas organizações que desejam iniciar<br />
processos estruturados de captação, a fim de<br />
dar prosseguimento ao trabalho que desenvolvem,<br />
haja visto seu desafio cotidiano de manter suas ati-<br />
10 <strong>CAPTAÇÃO</strong> <strong>DE</strong> <strong>RECUR<strong>SOS</strong></strong>. DA TEORIA À PRÁTICA<br />
MOBILIZAÇÃO<br />
<strong>DE</strong> <strong>RECUR<strong>SOS</strong></strong><br />
Nos últimos anos, vem ganhando<br />
força a expressão “mobilização de<br />
recursos”, que tem um sentido mais<br />
amplo do que “captação de recursos”.“Mobilizar<br />
recursos” não diz<br />
respeito apenas a assegurar recursos<br />
novos ou adicionais, mas também<br />
<strong>à</strong> otimização (como fazer melhor<br />
uso) dos recursos existentes<br />
(aumento da eficácia e eficiência<br />
dos planos); <strong>à</strong> conquista de novas<br />
parcerias e <strong>à</strong> obtenção de fontes alternativas<br />
de recursos financeiros. É<br />
importante lembrar que o termo<br />
“recursos” refere-se a recursos financeiros<br />
ou “fundos” mas também<br />
a pessoas (recursos humanos),<br />
materiais e serviços.<br />
TERCEIRO SETOR<br />
Nesta publicação, quando se utiliza<br />
a expressão “Terceiro Setor” buscase<br />
englobar as organizações sem<br />
fins lucrativos que têm atuação ou<br />
finalidade pública de caráter social<br />
irrestrito, amplo e universal.<br />
14 <strong>CAPTAÇÃO</strong> <strong>DE</strong> <strong>RECUR<strong>SOS</strong></strong>. DA TEORIA À PRÁTICA<br />
vidades, aprendendo a captar recursos, geralmente,<br />
por tentativa e erro.<br />
Este livro pretende ser um guia nesse processo.<br />
Ele é composto de uma parte teórica e diversos<br />
exercícios de aplicação <strong>prática</strong>. Os exercícios podem<br />
tanto ser utilizados individualmente, quanto<br />
adaptados para a discussão <strong>prática</strong> na organização,<br />
junto <strong>à</strong>s pessoas envolvidas<br />
diretamente com captação de<br />
recursos.<br />
Os diversos capítulos estão<br />
vinculados entre si através<br />
de remissões. O conteúdo<br />
também apresenta dicas<br />
(sugestões de leitura, links na<br />
Internet, entre outros) e conceitos<br />
(breve explicação do<br />
termo utilizado na publicação).<br />
O ícone de uma lâmpada<br />
(!) no corpo do texto indicará<br />
que estas informações<br />
adicionais podem ser encontradas<br />
nas laterais das páginas<br />
(veja reprodução ao lado)<br />
Nas histórias, o leitor encontrará<br />
casos reais de como<br />
as organizações participantes<br />
do projeto aplicaram na <strong>prática</strong> a metodologia aqui<br />
apresentada.<br />
Dicas, conceitos, remissões, histórias e exercícios<br />
são representados pelas figuras abaixo. Os autores<br />
e o projeto GETS/UWC-CC esperam que esta<br />
publicação possa ser útil no fortalecimento das organizações<br />
que desenvolvem um trabalho social<br />
imprescindível.<br />
1.1 O que é, o que não é<br />
A expressão “captar recursos” tornou-se moda nos últimos anos, no<br />
Brasil, especialmente no universo das organizações sem fins lucrativos<br />
dedicadas <strong>à</strong> uma atividade com finalidades sociais. No final da década<br />
de 1990, no Brasil, explodiram os cursos e consultorias dedicados a<br />
ensinar <strong>à</strong>s organizações sem fins lucrativos com finalidades sociais como<br />
elaborar planos e projetos para obtenção de recursos para financiar<br />
o trabalho desenvolvido.<br />
Se no início o trabalho dessas organizações é feito voluntariamente,<br />
apenas de acordo com o tempo disponível pelos seus iniciadores, com o<br />
aumento da visibilidade e o conseqüente aumento do volume de trabalho,<br />
muitas organizações se vêem limitadas em sua capacidade de atuação<br />
devido <strong>à</strong> falta de recursos, não apenas físicos como também humanos.<br />
Captar recursos, seja dinheiro, doações de produtos ou trabalho voluntário,<br />
de uma maneira mais ativa, torna-se então uma necessidade.<br />
Captação ou mobilização de recursos ! é um termo utilizado para<br />
descrever um leque de atividades de geração de recursos realizadas<br />
por organizações sem fins lucrativos em apoio <strong>à</strong> sua finalidade principal,<br />
independente da fonte ou do método utilizado para gerá-los.<br />
Sabe-se que no Canadá, entre 1996 e 1997, o setor não-lucrativo movimentou<br />
um total estimado de $4,44 bilhões de dólares. Já no Brasil, é<br />
complicado comparar os dados para estimar o volume de recursos movimentado<br />
pelo dito “Terceiro Setor” !, uma vez que as pesquisas<br />
existentes se referem a um campo muito amplo de organizações: todas<br />
aquelas sem fins lucrativos. Dentro desse universo estão englobados<br />
clubes de futebol, hospitais privados, sindicatos, movimentos sociais,<br />
universidades privadas, cooperativas, entidades ecumênicas, entidades<br />
assistencialistas e filantrópicas, fundações e institutos empresariais, associações<br />
civis de benefício mútuo, ONGs, que têm perfis, objetivos e<br />
perspectivas de atuação social bastante distintos, <strong>à</strong>s vezes até opostos.<br />
Entre as três principais fontes de renda identificadas pela maioria<br />
das organizações sem fins lucrativos podem ser citadas:<br />
a. Recursos governamentais;<br />
b. Renda gerada pela venda de serviços (por exemplo, consultorias)<br />
ou produtos (camisetas, chaveiros, agendas etc.); e,<br />
c. Recursos captados através de doações (de indivíduos ou instituições).<br />
Um sem-número de fatores influencia quais destas fontes se sobressaem.<br />
Entre estes fatores estão a natureza do apoio governamental para<br />
com o Terceiro Setor; a vontade política dos governos de verem as organizações<br />
como parceiras para a execução de determinados programas;<br />
se a organização presta serviços ou produtos que podem ser comercializados;<br />
o espírito empreendedor existente dentro da organização; a sofisticação<br />
dos programas de captação de recursos da mesma e, principalmente,<br />
a natureza dos programas oferecidos pela organização.<br />
Nesta publicação, a captação de recursos tem como foco principal<br />
o contexto do terceiro tipo de fonte de recursos mencionadas anteriormente,<br />
ou seja, atividades realizadas por organizações sem fins lucrati-<br />
CONCEITO DICA EXERCÍCIO HISTÓRIA REMISSÃO