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12 DOS SERINGUEIROS AUTÔNOMOS - Biblioteca da Floresta

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extrativismo, expressão de primitivismo na perspectiva desses<br />

colonizadores, as colônias agrícolas.<br />

Deste modo, Guerra fala não só de um espaço geográfico que,<br />

objetivamente, nos fornece <strong>da</strong>dos. Ele encarna uma práxis que advém<br />

de um lugar social próprio, com uma visão própria, no caso, um<br />

'técnico <strong>da</strong> gestão territorial do Estado', de fora, vindo <strong>da</strong> capital, do<br />

Rio de Janeiro que encarnava uma perspectiva territorialista, como<br />

bem o diz Arrighi,1995, própria do Estado.<br />

Do lugar social a partir do qual se inscreve (e escreve sobre)<br />

nesse/naquele espaço geográfico revela, pela própria ambigüi<strong>da</strong>de de<br />

seu texto, a emergência dos seringueiros autônomos. Na condenação<br />

do latifúndio, Guerra mantém um distanciamento engajado,<br />

convocando a depor diferentes 'autori<strong>da</strong>des federais', como se não<br />

fôra ele mesmo um autori<strong>da</strong>de federal. Assim, por meio deles,<br />

condena o latifúndio. O mesmo com relação à legislação (ou falta de)<br />

trabalhista pois, como dissera Leandro Tocantins, a lei nos seringais<br />

era o Winchester ou o 44.<br />

A perspectiva desses que vêm de longe com seus pré­conceitos<br />

chega a ser surpreendente. Teixeira Guerra, por exemplo, não dedica<br />

um único capítulo que seja à análise <strong>da</strong> floresta, fenômeno que se<br />

impõe não só como um <strong>da</strong>do <strong>da</strong> natureza acreana, mas também na<br />

vi<strong>da</strong> socioeconômica <strong>da</strong> sua população. Guerra, ao contrário, dedica<br />

grande parte <strong>da</strong> sua análise <strong>da</strong> geografia física acreana ao clima e,<br />

sobretudo, à formação dos solos. Sabemos que esse era um tema que<br />

o autor tinha um domínio mais apurado. To<strong>da</strong>via, o seu texto revela<br />

mais que isso. O inventário do clima e do solo se colocava como<br />

condição <strong>da</strong> superação do extrativismo e, por isso, a floresta não foi<br />

objeto de tratamento detalhado.<br />

Estamos, pois, diante de um 'desmatamento epistemológico',<br />

posto que a floresta já havia sido retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>s preocupações dos 'de<br />

fora'. Tratava­se de estimular o desenvolvimento <strong>da</strong> agricultura<br />

através <strong>da</strong> criação de colônias para isso é importante a análise<br />

detalha<strong>da</strong> do solo e <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong>de de água, umi<strong>da</strong>de, insolação,<br />

variação térmica 10 . Guerra dedica um capítulo de na<strong>da</strong> menos, 58<br />

10 A tentativa de derrubar as florestas para implantar sistemas agropastoris, com base em<br />

tecnologias elabora<strong>da</strong>s para outros ecossistemas, tem sido comum na história <strong>da</strong> Amazônia.

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