12 DOS SERINGUEIROS AUTÔNOMOS - Biblioteca da Floresta

Foi nesse período que os Coronéis de Barranco viveram seus
melhores anos, segundo Alberto Zaire, por meio de uma articulação
política materializada no Banco da Crédito da Amazônia, sobretudo
no monopólio de importação e exportação de borracha pelo governo
federal, iniciada em 1942 ainda durante a Batalha da Borracha, e que
começa a ser desmontada em 1958, com o fim do monopólio de
importação e continua em 1967 com a extinção do próprio Banco de
Crédito da Amazônia.
Um velho debate amazônico é atualizado nesses anos de 1960:
o extrativismo volta a ser visto como uma prática a ser superada e,
com isso, temos a desqualificação daqueles que são seus
protagonistas. O seringal é, assim, condenado e, com ele, condena­se
junto os seringueiros e seringalistas.
Para dar conseqüência a essa nova perspectiva o Estado adotou
um conjunto de políticas e destinou recursos por meio de diferentes
mecanismos financeiros e fiscais já devidamente explorados numa
rica bibliografia. Entre esses mecanismos um foi extremamente
negativo para as classes dominantes amazônicas e que foi a extinção
dos subsídios ao seringalismo a partir de 1967.
'O impacto da política geral de crédito implantada a partir de 1964
teve, no caso do Acre, o sentido desprezar o seringal nativo, atividade
considerada ineficiente e irracional na perspectiva oficial' (Cedeplar,
1979: 212).
E, mais diretamente ainda, o Estado passou a pressionar os
seringalistas a saldar seus débitos mediante a venda de seus seringais.
'A partir do momento em que o Banco da Amazônia passou a
se retrair ou conceder financiamento aos seringalistas em épocas
inadequadas, impedindo que eles abastecessem normalmente os seus
seringais e os levando à insolvência, conforme aconteceu com mais
de cem seringalistas, (...) eu me apressei a me desfazer do meu
seringal... (...) O Banco da Amazônia é o responsável direto pela
transferência do domínio das terras do Acre, onde se exercitava
atividades de extração da borracha para estes investidores do Sul, que
hoje pensam exclusivamente na implantação de projetos
agropecuários' (...)