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12 DOS SERINGUEIROS AUTÔNOMOS - Biblioteca da Floresta

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No entanto, por mais que se quisesse que eles superassem o<br />

extrativismo, ativi<strong>da</strong>de que, para os de fora, caracterizaria o mais<br />

completo primitivismo, lá estão eles em to<strong>da</strong>s as colônias praticando<br />

o agroextrativismo. Ou nos mapas onde as análises sempre omitem<br />

aqueles pontos dispersos que não estão necessariamente junto dos<br />

principais rios navegáveis, ou mesmo junto a rios.<br />

Figura 42 – Mapa esquemático do Seringal Esperança.<br />

No esboço que ora transcrevo, de autoria do agente municipal<br />

de Brasiléia, pode­se ter uma idéia <strong>da</strong> distribuição <strong>da</strong> população<br />

extrativista dentro <strong>da</strong> própria floresta. Lamento que o referido esboço<br />

não possua escala, to<strong>da</strong>via serva para mostrar o esforço realizado<br />

pelos próprios agentes recenseadores no desempenho de sua missão.<br />

E, mais, cujos croquis dos seringais não conseguem nunca<br />

registrar os caminhos próprios, aqueles de onde vêm os compadres,<br />

os demais parentes e vizinhos para fazer o adjunto, as varaçõese que<br />

só dão visibili<strong>da</strong>de aos caminhos feitos pelos patr ões, as linhas ou os<br />

varadouros e, raras vezes, as varações, as ligações entre as<br />

colocações que não passam pelos caminhos que levam ao barracão<br />

ou ao regatão. Aliás, essas são grafias dos caminhos desses/<strong>da</strong>queles<br />

que não olham de sobrevôo, de cima. São outras marcas na terra, são<br />

outras geografias. É outra escala, a do espaço vivido, que, exatamente<br />

por ser vivido, portanto de corpo presente, não está re­presenta<strong>da</strong> nos<br />

mapas oficiais. Não haveria melhor caracterização para dizer que eles<br />

não têm significação nessa ordem social. Estão fora desse<br />

imaginário 6 .<br />

Retomemos aqui o depoimento de Teixeira Guerra que se<br />

reveste de uma importância singular. E não só pela quali<strong>da</strong>de de seu<br />

trabalho como geógrafo que, pelo número de vezes que o invocamos<br />

nos dispensa, a essa altura, de elogiar.<br />

6 Não se deve esquecer de que o mapa, modernamente sobretudo depois que o Estado Territorial<br />

Moderno se transformou em Estado Nacional, cumpre um importante papel na construção de uma<br />

comuni<strong>da</strong>de de destino ( Balandier, 1969; Morin, 1990) e assim, na imaginação dos que vivem<br />

esse container de poder ( Gidens, 1991) para não dizer, de modo mais direto, que o mapa é, antes<br />

de tudo, imagem, símbolo e, assim, uma forma de tornar próprio, muito própria de uma época.

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