21.04.2013 Views

12 DOS SERINGUEIROS AUTÔNOMOS - Biblioteca da Floresta

12 DOS SERINGUEIROS AUTÔNOMOS - Biblioteca da Floresta

12 DOS SERINGUEIROS AUTÔNOMOS - Biblioteca da Floresta

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Tabela .... Estabelecimentos e áreas rurais do Acre ­ 1970<br />

Ou ain<strong>da</strong><br />

'O seringueiro Joaquim Bispo, do Seringal São Cristóvão,<br />

município de Brasiléia, não an<strong>da</strong> de boas amizades com o seringalista<br />

Joaquim de Oliveira Neto. O problema é que o São Cristóvão, como<br />

outros seringais <strong>da</strong> região, andou desarticulado, sem que o patrão<br />

garantisse o aviamento aos seringueiros e, como conseqüência, Bispo<br />

e outros companheiros se tornaram mais ou menos autônomos,<br />

comercializando a borracha que conseguiam produzir com algum<br />

marreteiro que passava pela estra<strong>da</strong> mais próxima <strong>da</strong>s colocações. É<br />

claro que isso não agradou ao seringalista, sobretudo depois que a<br />

borracha conseguiu um aumentozinho no preço e os seringueiros<br />

rebeldes, entre eles o Joaquim Bispo, passaram a receber recados<br />

desaforados. No último dia 21 de setembro Bispo recebeu um bilhete<br />

que é um ultimatum (...) '...tomarei as Providências Necessárias na<br />

Polícia Dondi o Senhor vai Saber que eu Sou Proprietário ou não.<br />

Pos todos Produzin e Compro a mim só o Senhor é que não quer<br />

entrá em acordo. Então sua desalbidiência ficara soubijuga<strong>da</strong> a lei <strong>da</strong><br />

justiça' (O Varadouro n. 5 nov 1977:<strong>12</strong>).<br />

Assim, junto à estra<strong>da</strong> começam a se aglomerar<br />

pequenas comuni<strong>da</strong>des que, no entanto, pelas razões já aludi<strong>da</strong>s,<br />

nunca deixaram de cortar seringa. É pela estra<strong>da</strong> que passa o<br />

marreteiro. Ele sabe os (des)caminhos dos seringueiros para escapar<br />

ao controle dos patrões. A estra<strong>da</strong> é, assim, liber<strong>da</strong>de de se poder<br />

vender a borracha. A estra<strong>da</strong> é, também, a possibili<strong>da</strong>de de novos<br />

horizontes para quem tem uma vi<strong>da</strong> fortemente marca<strong>da</strong> pelo<br />

isolamento, pela solidão. A estra<strong>da</strong> é abertura para o mundo. Não há<br />

uma família de seringueiro que não perdeu um filho, um parente, por<br />

absoluta falta de condições de deslocamento. Assim como o<br />

seringueiro reconhece legitimi<strong>da</strong>de no patrão no movimento do<br />

barracão, a estra<strong>da</strong> é para ele, sem dúvi<strong>da</strong>, a sua inserção no<br />

movimento <strong>da</strong>s coisas, no movimento do mundo. Chico Mendes, em<br />

mais de uma ocasião, declarara que os marreteiros foram importantes<br />

aliados dos seringueiros na luta contra o pagamento <strong>da</strong> Ren<strong>da</strong>. Assim,<br />

a estra<strong>da</strong> é deseja<strong>da</strong> também pelos 'de baixo' por razões distintas<br />

<strong>da</strong>quelas dos 'de cima'.<br />

No entanto, uma coisa é a estra<strong>da</strong> que tráz o marreteiro,<br />

geralmente aquele pequeno comerciante ambulante, muitas vezes um

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!