12 DOS SERINGUEIROS AUTÔNOMOS - Biblioteca da Floresta
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exefuturoseringueiro, ligado a alguma casa comercial de alguma<br />
família de descendentes de síriolibaneses. Outra coisa é a estra<strong>da</strong><br />
que é anuncia<strong>da</strong> por Vanderley Dantas que conclama a vir para o<br />
Acre para exportar pelo Pacífico. Esta não é, como nos declarou uma<br />
entrevista<strong>da</strong> em Xapuri, uma estra<strong>da</strong> 'para os pequenos'. Com ela<br />
chegam os 'paulistas' a quem uma parcela importante dos<br />
seringalistas acreanos vendera os seus seringais.<br />
Com a estra<strong>da</strong> se instaura no Acre um mercado de terras<br />
propriamente dito. Impondose a lógica do mercado de fatores, tão<br />
bem capta<strong>da</strong> no modelo de von Thünen, o que o Acre tinha a oferecer<br />
nesse novo contexto eram terras baratas que, exatamente por serem<br />
baratas, tornava racional o seu uso extensivo. Há uma racionali<strong>da</strong>de<br />
capitalista em se fazer pecuária extensiva de corte nas regiões mais<br />
afasta<strong>da</strong>s dos mercados que, assim, impõe seu dinamismo espacial. A<br />
lei de ferro <strong>da</strong> concorrência tornava racional que se desmatasse a<br />
floresta. A hegemonia dessa racionali<strong>da</strong>de econômica capitalista<br />
implicava, assim, a destruição de outras racionali<strong>da</strong>des que, também,<br />
têm a sua economia.<br />
Assim, com a abertura <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> BR317, BR364 e AC40<br />
muitos, como o dono <strong>da</strong> Coloama, que haviam comprado terras para<br />
que tivessem o título de proprie<strong>da</strong>de que os habilitasse aos incentivos<br />
fiscais do Proterra ou do Probor, ou do Basa ou <strong>da</strong> Su<strong>da</strong>m,<br />
começaram a lotear seus latifúndios. Iniciase, assim, um segundo<br />
momento que vai além <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> naturali<strong>da</strong>de dos novos<br />
titulares.<br />
'O paulista Josué Alexandre de Oliveira, de Presidente<br />
Prudente, comprou em 1971 o seringal Catuaba com 224 mil<br />
hectares, mas, ao medilo, descobriu apenas 87 mil, ain<strong>da</strong> muita terra<br />
para quem pagara Cr$ <strong>12</strong>0 mil, menos de Cr$ 2,00 o hectare. Logo<br />
depois, Josué loteou o seringal e o vendeu por Cr$ 150,00 o hectare'.<br />
(O Estado de São Paulo 6 nov.1976).<br />
Naturalmente esse parcelamento dos grandes latifúndios<br />
tornaria possível, mesmo com essa inflação no preço <strong>da</strong> terra, que<br />
não só grandes fazendeiros fossem atraídos para o Acre. A<strong>da</strong>lberto<br />
Ferreira <strong>da</strong> Silva (Silva, 1982) colhe um depoimento extremamente<br />
revelador a esse respeito: