12 DOS SERINGUEIROS AUTÔNOMOS - Biblioteca da Floresta
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Figura 43 – Croqui mostrando a distribuição <strong>da</strong>s barracas dos<br />
seringueiros........<br />
E Teixeira Guerra, em particular, não se pôs a analisar o espaço<br />
acreano por uma escolha exclusivamente pessoal, como se pode<br />
depreender do conjunto de trabalhos que realiza em seqüência:<br />
Estudos geográficos do território de Rio Branco; Estudos<br />
geográficos do território de Guaporé; 'Estudos Geográficos do<br />
Território do Amapá e o nosso já conhecido Estudos Geográficos do<br />
Território do Acre. É que Teixeira Guerra como geógrafo do<br />
Conselho Nacional de Geografia trabalhava como um técnico do<br />
Estado, sistematizando informações que proporcionassem condições<br />
para administrar 7 aqueles territórios recémcriados (1943) e o já<br />
velho Território do Acre (1903). Teixeira Guerra é, assim, também<br />
um protagonista de uma quali<strong>da</strong>de não só pessoal, a que não<br />
cansamos de registrar, mas também é uma persona, naquele sentido<br />
que atribui Marx, de portadores de determina<strong>da</strong>s práxis que, no caso<br />
de Guerra, designo como de gestor do Estado 8 .<br />
Os gestores, lá/aqui no Acre, as autori<strong>da</strong>des federais, estavam<br />
ali 9 para organizar uma socie<strong>da</strong>de. Era esse o fun<strong>da</strong>mento que<br />
justificava a criação de um Território. E, aqui, o sentido era,<br />
fun<strong>da</strong>mentalmente, fazêlo por meio <strong>da</strong> organização do espaço, posto<br />
que, em certo sentido, se fazia contra a socie<strong>da</strong>de local. A figura<br />
jurídica de Território Federal tem o exato sentido de definir quem vai<br />
fazêlo: os gestores estatais do Rio de Janeiro. Ausentes dessa<br />
socie<strong>da</strong>de, seu olhar e suas práticas, são de cima, de fora, de sobrevôo<br />
diria Hanna Arendt (1982). Vêem a partir do espaço. Por isso, no<br />
lugar de Empresa, Penápolis ou Rio Branco; no lugar do<br />
7 Organizar o espaço é o termo que os geógrafos atribuem a administração do território. Há uma<br />
íntima relação, aqui também, entre o fato sociopolítico Estado e suas atribuições administrativas<br />
em que se coloca a garantia, por exemplo, <strong>da</strong> integri<strong>da</strong>de territorial e o que os geógrafos chamam,<br />
quase despolitiza<strong>da</strong>mente de organização do espaço. Registrese que o despolitiza<strong>da</strong>mente aqui<br />
não tem nenhum sentido valorativo ou ideológico, mas, tãosomente, de dizer que excluímos o<br />
componente político embutido na expressão ‘organização do espaço’.<br />
8 Retomo aqui uma categoria que explorei amplamente em minha dissertação de mestrado e qu,<br />
na ver<strong>da</strong>de, tomei empresta<strong>da</strong> de João Bernardo em Marx crítico de Marx, obra em 3 volumes,<br />
publica<strong>da</strong> pela Editora Afrontamento, Porto, Portugal, 1978. a mesma categoria aparece em uma<br />
obra de divulgação do mesmo autor sob o título O inimigo oculto, também publica<strong>da</strong> pela mesma<br />
editora em 1980 e que circulou no Brasil em edição pirata.<br />
9 Mantenho esses advérbios lá e ali exatamente para caracterizar um determinado olhar que,<br />
como tal, sempre se dá a partir de um determinado ponto de vista, que é como, tecnicamente, na<br />
geometria se define a perspectiva.